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Gol traça segundo trimestre mais desafiador que começo do ano

13/05/2015 14h56


O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse nesta quarta-feira, em teleconferência para comentar os resultados do primeiro trimestre, que o segundo trimestre deste ano está sendo bem mais desafiador que o mesmo período de 2014 por causa da fraca demanda corporativa.



"Tradicionalmente, o segundo trimestre é o mais fraco para a aviação por causa da sazonalidade da demanda. Mas este ano está sendo bem mais desafiador, ainda mais comparando com o segundo trimestre do ano passado, quando houve uma demanda mais forte atípica por causa da Copa do Mundo", disse o presidente da Gol a jornalistas.

O executivo afirmou que não quer fazer projeções para o segundo semestre por causa das incertezas nos cenários político e econômico do país. "O que posso dizer é que na segunda quinzena de maio a piora do mercado estancou. Não melhorou, mas parou de piorar", disse o executivo.

Segundo dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp ), o segmento aéreo doméstico teve retração no primeiro trimestre deste ano ante 2014 de 0,3% em vendas, que somaram R$ 1,38 bilhão. Segundo a entidade, a Gol teve queda de 0,7%. Mas a Avianca cresceu 1,5% e a Azul ganhou 9,7% desse mercado.

A Gol vai ter no segundo trimestre deste ano um yield - quanto cada passageiro paga em média por quilômetro voado - menor que o registrado no primeiro trimestre, disse o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da empresa, Edmar Lopes.

No primeiro trimestre, o yield da Gol caiu 8,6%, para 21,9 centavos de real. "Já posso adiantar que neste segundo trimestre o yield será menor por causa das condições de demanda", afirmou o executivo.

Nesse ambiente, a Gol continuará durante este ano buscando compensar a queda do yield - quanto cada passageiro paga em média por quilômetro voado - com uma maior taxa de ocupação nos voos, disse o presidente da empresa, Paulo Kakinoff.

"Desde o segundo semestre de 2012, nossa estratégia era crescer com yields maiores que o mercado com o lançamento de novos produtos, como aqueles voltados para o setor corporativo. Mas desde o segundo semestre do ano passado, com a demanda retraída, passamos a buscar também uma maior taxa de ocupação para compensar a queda dos yields por causa da menor demanda corporativa", disse o executivo.

No primeiro trimestre deste ano, a Gol aumentou a taxa de ocupação no mercado doméstico em 2,1 pontos percentuais na comparação com igual período de 2014, a 78,9%. Ontem, a Gol divulgou resultados do primeiro trimestre deste ano. A companhia aérea encerrou o período com prejuízo de R$ 673 milhões. No mesmo período do ano passado, a companhia havia apresentado perda na última linha do balanço de R$ 96,1 milhões.

O prejuízo líquido foi determinado pela perda com variação monetária cambial, que somou R$ 774 milhões, inflada pela valorização de 42% do dólar ante o real entre o primeiro trimestre de 2014 e os três primeiros meses deste ano. No operacional, a Gol ampliou o lucro antes e juros e impostos (Ebit) em 6,5% no primeiro trimestre, somando R$ 154 milhões.

Apesar de menor receita gerada por passageiros, pressionada pela fraca demanda corporativa, a companhia aérea conseguiu aumentar em 33% as receitas auxiliares - geradas por serviços como cargas, assentos especiais (produto Gol + Conforto), taxas de remarcação e venda de bebidas e alimentos nos voos.

No lado dos custos, a empresa vê também um desafio maior neste segundo trimestre. Os preços dos combustíveis usados pela Gol estão mais caros neste segundo trimestre que no primeiro, disse o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Gol, Edmar Lopes. "O que vimos no primeiro trimestre não vai se repetir. Os gastos com combustíveis vão crescer", disse Lopes a analistas durante teleconferência de resultados nesta manhã.

O litro da querosene de aviação (QAV) no primeiro trimestre deste ano ficou em R$ 1,96, queda de 25,3% ante um ano antes. "Já estamos trabalhando com o custo do litro acima da R$ 2,00", disse Lopes. Entre janeiro e março, as despesas com combustíveis somaram R$ 787 milhões, representando 34% dos custos operacionais da Gol, ante 43% um ano antes, quando foram gastos nesse item R$ 1,011 bilhão.

Com esse cenário, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse que a companhia pode mudar o planejamento para este ano com relação à oferta e fechar 2015 com uma capacidade disponível inferior à de 2014 se a demanda não reagir.

"O viés é de baixa. Por enquanto, mantemos nosso guidance [meta] de estabilidade, mas podemos reduzir conforme o mercado evoluir", disse o executivo a analistas durante teleconferência de resultados nesta manhã.

A Gol tem planos de manter estável este ano ante 2014 a oferta medida em assentos-quilômetros disponíveis, ou ASK.

No primeiro trimestre a empresa elevou a oferta em 2,1% no mercado doméstico e em 18,7% nas rotas internacionais para atender a demanda de lazer nos meses de janeiro e fevereiro. Mas desde março a companhia passou a conter a capacidade.

Nos meses de julho e agosto, a Gol envia algumas aeronaves para a Transavia - do grupo Air France-KLM -, que usa os aviões para atender a demanda de Verão na Europa, reduzindo assim a oferta no Brasil.