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Juros futuros sobem na BM&F diante do cenário de incerteza política

30/03/2016 17h01

As taxas dos contratos futuros de juros zeraram a queda próximo do fechamento do pregão regular diante de incertezas no cenário político. A decisão do governo de negociar no chamado "varejo" do Congresso os cargos deixados após o rompimento da aliança com o PMDB gerou dúvidas em relação à votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, levando o mercado a ficar mais cauteloso.

Além disso, o resultado fiscal fraco, publicado hoje e referente a fevereiro, limitou as apostas em uma antecipação do corte da taxa Selic, apesar da queda do dólar neste mês.

O DI para janeiro de 2017 subiu de 13,73% para 13,76% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI para janeiro de 2018 avançou de 13,3% para 13,45%. Já o DI para janeiro de 2021 subiu de 13,5% para 13,62%.

Os juros futuros zeraram a queda após notícias de que o governo negociaa cargos com outros partidos após o rompimento da aliança política com o PMDB. Já haveria acordo com o PTN e negociação com o PRB. O governo precisa de 171 votos na Câmara dos Deputados para barrar o processo de impeachment.

A aposta em uma mudança de governo e na adoção de uma política econômica mais austera têm sustentado a queda das taxas de juros nos últimos dias. Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos Newton Rosa, no entanto, mesmo com uma possível troca de governo, será difícil reverter a deterioração do quadro fiscal no curto prazo, dada a forte queda da receita, cujo aumento depende da aprovação de medidas impopulares como elevação de impostos.

O setor público encerrou fevereiro com déficit primário de R$ 23,040 bilhões. É o pior resultado para o mês da série histórica do BC. No acumulado de 12 meses, o déficit fiscal soma R$ 125,139 bilhões, equivalente a 2,11% do PIB. "O resultado fiscal veio bem pior do que esperávamos [déficit de R$ 16 bilhões] e não vejo essa realidade mudando tão cedo. O ajuste do quadro fiscal depende de um aumento da arrecadação, que está atrelado à retomada do crescimento", diz Rosa, da SulAmérica.

Segundo o economista, o mercado aguarda a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) nesta quinta-feira para ver se o BC mudará a avaliação do quadro fiscal. Por enquanto, a autoridade monetária tem considerado que o quadro fiscal tem dado uma contribuição neutra para a inflação. "O BC deveria mudar essa sinalização dada a deterioração do quadro fiscal observada nos últimos meses", afirma o economista-chefe.