IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Empreender para blindar contra as pirâmides financeiras

24/07/2013 06h00

Com bastante frequência, quase com hora marcada, voltam aos noticiários as grandes perdas de pessoas que tentaram ganhar dinheiro fácil por meio de esquemas, pirâmides e investimentos com retornos estrondosos em curtíssimo prazo.

Como os golpistas percebem que a maioria de suas potenciais vítimas estão escaldadas e que sabem, intuitivamente, que é necessário mais do que enviar dinheiro, preparam suas armadilhas.

Armadilhas essas criadas para simular tarefas que justifiquem o retorno, absurdo, que terão ao depositarem dinheiro nas contas dos golpistas.

E de nada adianta o alerta das autoridades, jornalistas especializados e pessoas que já caíram nos golpes.

Sempre existirão os otários de plantão, que se julgam espertos demais para aproveitar de sistemas de enriquecimento rápido.

Mesmo que esses venham camuflados de tarefas, como colocar tantas mensagens diárias nas suas redes sociais, avisar para tantos amigos que é possível comprar quotas disso ou daquilo.

Pirâmides que simulam empreendedorismo

Uma das principais garantias no universo de negócios, apesar de mesmo assim não nos dar certeza de sucesso, é controlar o retorno do investimento por meio de um empreendimento.

Que gere produtos e/ou serviços com valor agregado para clientes finais, que estejam dispostos a compensar o prestador de serviços ou fornecedor com a quantia suficiente para garantir lucratividade.

Lucro do qual seja possível arrancar a sobrevivência pessoal, dos que nela trabalham e da própria organização.

Além disso, é consenso ancestral, mesmo que muitos esqueçam, que não existe almoço de graça, nem multiplicação desenfreada de dinheiro.

Apesar das constantes promessas tentarem nos fazer acreditar que seremos tolos em perder uma dessas apregoadas oportunidades.

Talvez o que acaba induzindo as pessoas a acreditarem nos golpistas é que elas imaginam que uma empresa bem sucedida, comandada por uma pessoa que se fez do zero, tenha alguma coisa de mágica que poderia ser repetida em truques adequados.

Essas vítimas potenciais se enquadram, creio, no provérbio popular, de origem portuguesa: “Todo mundo só vê as pingas que tomo, mas não vê os tombos que levo.”

Empreender não é mágica

Avaliam o estágio final assegurado pelos empreendedores, sem acompanhar suas origens, superação diária das dificuldades, prejuízos e falências e acreditam que  é possível cortar caminho para chegar lá facilmente.

E nesse caso, investir numa pirâmide financeira parece ser adequado, principalmente, diante dos depoimentos dos golpistas que dizem ter acumulado fortunas em tão pouco tempo, terem pago todas as suas dívidas e viverem, tranquilos, dos seus golpes (que definem como ganhos) repetidos.

Golpes deslavados e apresentados como uma história de sucesso, que muitos tolos acreditam. E recolhem suas poupanças, se dirigem até os bancos e depositam na conta de estranhos que nunca viram e dos quais jamais saberão.

Empreender é dificultoso

Empreender é dificultoso e se trata de uma tarefa custosa, que consome anos e com decisões diárias essenciais para garantir a eventual sobrevivência ao final de décadas de esforço.

É uma batalha permanente contra as incertezas de um mercado e seus consumidores sem um perfil claro, com bolsos acessados depois de repetidas tentativas e erros, até afinar a mensagem que chegará primeiro aos corações e mentes dos clientes e depois liberarão seus bolsos e cartões de crédito.

Uma guerra de guerrilha de longo prazo. Implacável, com derrotas que quase selam a história do empreendimento, com sobrevivência por um triz, que exigem sangue frio, consumo das últimas energias e reservas.

Até que se faça luz temporária no fim do túnel, e permita ao empreendedor respirar, acumular um pouco de bens e capital, e retornar ao campo de batalha, com o risco sempre de ser obrigado a fechar suas portas.

Mas, muitos que estão de fora não percebem essas batalhas renhidas, diárias, solitárias e sofridas. E só olham a fachada da empresa, os almoços de negócios, que nem sempre se concretizarão.

E ao se apegarem a essas aparências que rotulam de sucesso têm sua ambição realimentada e se transformam em vítimas preferenciais dos esquemas de pirâmide.

Uma pena, pois poderiam usar essa vontade de conquistar um novo patamar nas próprias vidas financeiras e assimilar as várias etapas de um empreendimento, que têm em linhas gerais as mesmas regras: identificar um nicho de mercado e atender esses clientes com produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades.

Sempre registrando que para se tornar empreendedor de fôlego é necessário respeitar algumas exigências:

- estar disposto a servir;

- agregar aos produtos e serviços;

- integridade e honestidade

- acreditar que a eventual recompensa só virá com o tempo, depois de uma entrega absoluta aos propósitos do empreendimento