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Empreender com espiritualidade

Marco Roza

Colunista do UOL, em São Paulo

05/03/2014 06h00

Enquanto muitas empresas se esforçam para treinar seus empregados da linha de frente para se tornarem, pelo menos, gentis com seus clientes, o universo da clientela quer mais. Muito mais.

Nos Estados Unidos, de acordo com os estudos de Linda Mercadante,  professora de teologia e pesquisadora da “Methodist Theological School", de Ohio, mais de 20% dos norte-americanos abandonam a frequência às igrejas e adotam uma vida que definem como mais espiritualizada.

Se definem como pessoas espiritualizadas, mas não religiosas. Criam suas próprias trilhas, em vez de frequentar igrejas e se comprometer com os rituais e com os relacionamentos interpessoais estimulados pelas estruturas religiosas.

Linda Mercadante é autora do livro “Belief Without Borders”, que poderíamos traduzir como: “Crença sem fronteiras”, e nos ensina como pensam esses homens e mulheres espiritualizados.

“Eles estão cansados de serem apenas engrenagens de sistemas e estruturas. Estão cansados de terem suas identidades reduzidas a códigos burocráticos. Estão cansados de ter suas aspirações e vivências espirituais controladas ou negadas”, afirma a teóloga.

O que pode se transformar em novíssimas oportunidades para os empreendedores abrirem empresas para muito além do convencional sorrisinho amarelo de seus atendentes.

Principalmente, se o empreendedor é também uma pessoa espiritualizada e concorda com Linda Mercadante e quer oferecer alternativas para consumidores que a professora identifica como “cansados de serem apenas engrenagens de sistemas e estruturas”.

Mas como se preparar para captar a alma espiritualizada de sua clientela? Como sustentar a venda de uma mercadoria (tão material) para gente que se preocupa espiritualmente com a vida?

A oportunidade, claro, será aproveitada por aqueles que resgatarem o respeito profundo por seus clientes, e souberem captar suas almas espiritualizadas e em reflexões permanentes. 

E se prepararem para apreender as vontades, atitudes e desejos dos seus consumidores que se situam para muito além do relacionamento na hora da compra.

Portanto, antes de inaugurar sua próxima loja, fábrica ou escritório talvez seja adequado abrir sua alma para suas referências espirituais e buscar se preparar para entender e atender o nicho espiritualizado do mercado.

Acredito que não seja uma tarefa fácil. Lidar com almas espiritualizadas, sensíveis e com a intuição refinadíssima, exige muito mais do que tapinhas nas costas e um pós-venda moderninho.

Porque esse pessoal está cansado das mesmices e dificilmente aceitará discursos oportunistas de venda. Mas saberá recompensar, com sua nova fé, os empreendedores que entrarem em sintonia com sua espiritualidade.

E serem capazes de transformar suas empresas na antessala de um novo reino dos céus de oportunidades que se abre, ao iniciar, desde a inauguração, o plantio da boa semente.

Como nos ensina o Apóstolo Mateus (Capítulo 13, versículo 24): “O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo”.