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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ação da Vale subiu 25% em 2022, mas está em leve queda em 2023; que fazer?

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/02/2023 09h22

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O destaque da semana na newsletter A Companhia é a Vale, selecionada pelo analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.

Segundo ele, os papéis da empresa ainda apresentam potencial de ganho e são uma boa alternativa para capturar a esperada recuperação da economia chinesa.

A mineradora reportou lucro líquido de R$ 23,3 bilhões no terceiro trimestre de 2022, com alta de 15,2% em relação a igual período do ano anterior. O resultado do quarto trimestre será divulgado na quinta-feira (16).

Após valorização de quase 25% no ano passado, as ações da Vale (VALE3) estão praticamente estáveis neste ano, com leve queda de 0,5% até 9 de fevereiro, segundo dados do TradeMap, hub independente do mercado financeiro.

Saiba mais sobre a Vale

A companhia está entre as maiores mineradoras globais, líder mundial na produção de minério de ferro, pelotas e níquel.

O grupo opera também empresas de logística, ferrovias, terminais marítimos e portos, em geral utilizadas para escoar a extração de minerais.

Possui ainda negócios em energia e siderurgia.

Por que as ações da Vale são uma oportunidade para investir?

Arbetman afirma que as expectativas para 2023 são positivas em relação à China, principal mercado comprador dos produtos da Vale, assim como para o setor de mineração.

"Esperamos uma melhora na dinâmica dos mercados imobiliário, de infraestrutura e manufaturas no país asiático, bem como a realização de maiores preços médios [do minério de ferro] e avanços mais concretos no funcionamento da operação de metais básicos da companhia."

Pontos a favor

  • Possibilidade de venda de uma fatia minoritária do negócio de metais básicos;
  • Manutenção do atual patamar de rentabilidade das ações, tanto via dividendos como em função das recompras feitas pela empresa;
  • Companhia detém o minério de ferro de melhor qualidade do mundo, produto cujos preços seguem em patamares elevados;

Pontos contra

  • Possibilidade de a China não atingir a meta de evolução anual do PIB na casa de 5%, impactando empresas que dependem da dinâmica do país, como a Vale;
  • Crescimento menor nos EUA e em países europeus pode diminuir a demanda das siderúrgicas globais por minério, reduzindo o preço médio do material;
  • Risco de surgirem novos débitos relativos às tragédias ambientais ocorridas nas cidades mineiras de Brumadinho e Mariana ou se houver necessidade de capitalização expressiva da Samarco.

A ação está barata ou cara?

A Ativa tem recomendação de compra para os papéis da Vale (VALE3), com base nos seguintes indicadores:

Preço-alvo: a instituição projeta um valor de R$ 92,40 para a ação da companhia, em um horizonte de 12 meses. Como o papel fechou cotado a R$ 88,39 em 9 de fevereiro, a interpretação é de que existe um potencial de valorização de 4,5%.

O cálculo indica o valor que o analista considera que a ação vai atingir em determinado período. É um importante referencial, mas não o único, usado para orientar a recomendação para o papel, que pode ser de compra, venda ou neutra (nem comprar, nem vender).

EV/Ebitda: a corretora estima um patamar de 4,6 vezes, abaixo das concorrentes Rio Tinto (4,9) e BHP (5,5). O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa. Quanto menor, melhor.

"Frente às cotações mínimas vistas em 2022, a ação já recuperou boa parte de seu valor, mas ainda há espaço para melhora em relação aos seus pares globais", diz o analista.

"Além disso, existem eventos catalisadores no radar, como a chance de venda de 10% da divisão de metais básicos."

A quem é indicada esta ação?

Por ser o papel com maior peso relativo no principal índice da Bolsa (Ibovespa), atualmente na casa de 15,5%, Arbetman recomenda a mineradora para quem deseja investir no mercado de ações tendo como base esse referencial.

Com cerca de 45% das receitas operacionais oriundas da China, a empresa também atende quem busca exposição ao gigante asiático.

Quais são as perspectivas no médio e longo prazo?

O especialista avalia que, uma vez confirmada a venda de uma fatia minoritária do negócio de metais básicos, a Vale deixará de ser apenas uma companhia de "valor" (negociada abaixo do preço considerado justo pelo mercado e com alto retorno via dividendos) para ser também uma empresa de "crescimento" (com avanço expressivo de receita e lucro).

Quanto ao horizonte de produção, ele pondera que, para atingir a meta prevista para os próximos anos, é fundamental que a companhia obtenha as licenças necessárias em algumas unidades, sobretudo em seu sistema Norte.

A companhia estima produzir entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas de minério de ferro em 2023. Para 2026, a projeção sobe para o patamar entre 340 milhões e 360 milhões de toneladas.

"Ademais, o êxito em seu 'Programa de Descaracterização de Barragens a Montante' também é imprescindível para a companhia seguir evoluindo."

A própria Vale explica que o termo "descaracterização" significa reintegrar funcionalmente a estrutura e os conteúdos da barragem ao meio ambiente, de modo que a estrutura não sirva mais ao seu propósito principal de atuar como contenção de rejeitos.

Leis e regulamentos aprovados no país após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, exigem a descaracterização em todas as barragens a montante da empresa.

Arbetman lembra ainda que a companhia aumentou marginalmente as expectativas de investimentos para os próximos anos. Atualmente, o volume de capital previsto para 2023 é de US$ 6 bilhões, avançando para uma média anual entre US$ 6 bilhões e US$ 6,5 bilhões entre 2024 e 2027.

Segundo ele, a continuidade do movimento inflacionário global e a manutenção de taxas médias de juros elevadas, bem como eventuais dificuldades na execução de processos, podem influenciar negativamente as ações.

Análise gráfica

Em um cenário de curto prazo, o comportamento das ações da Vale (VALE3) indica um interesse maior dos investidores em venderem o papel, pressionando a cotação para baixo. A avaliação é de Jorge Bittar, analista da Ativa Investimentos.

Segundo ele, trata-se de uma correção natural do forte movimento de alta que se iniciou em agosto de 2022, por conta dos avanços do preço do minério de ferro na China, impulsionado pela retomada da construção civil naquele país. Para se ter uma ideia, desde então, Vale acumulou um ganho de aproximadamente 35% na Bolsa, conforme informações do TradeMap.

O especialista observa ainda que existem faixas relevantes de "suporte" (nível no qual o preço pode começar a reagir) entre R$ 86,00 e R$ 84,30, podendo ser interessante testar a entrada no papel, mas o ideal é aguardar um volume comprador que possa caracterizar uma retomada mais consistente do viés positivo.

"Por uma perspectiva de longo prazo, desde 2016, o papel nunca perdeu característica de tendência de alta, tendo apenas demonstrado respiros vendedores ao longo do tempo", diz o especialista.

Ele chama atenção para a cotação máxima histórica de R$ 98,30. Esse patamar, se for ultrapassado em conjunto com um volume comprador relevante, pode representar o potencial de novas valorizações. "Caso isso aconteça, teríamos projeções de preço-alvo entre R$ 123,40 e R$ 134,00."

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