Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Ação da Arezzo fica estável no ano; será oportunidade para investir?
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O destaque da semana na newsletter A Companhia é a Arezzo&Co, selecionada por Rodrigo Fraga, analista da Guide Investimentos.
Ele lembra que a empresa deixou de ser apenas uma calçadista para mirar também o mercado de vestuário, movimento iniciado em 2020, com a aquisição da Reserva.
Atuando por meio de lojas próprias, franquias, canal multimarcas e digital, a Arezzo possui parte de seus produtos manufaturados internamente - apresentando, portanto, uma estrutura verticalizada.
"A companhia cresceu nos últimos anos por meio de várias aquisições de marcas menores, que hoje compõem o que o grupo chama de 'house of brands' (casa de marcas, em tradução livre)", diz o especialista.
No terceiro trimestre de 2022, a Arezzo registrou lucro líquido ajustado de R$ 103 milhões, com alta de 25,7% frente a igual período do ano anterior. A divulgação do balanço do quarto trimestre está agendada para 9 de março.
Neste ano, até 16 de fevereiro, as ações da empresa (ARZZ3) apresentam leve alta de 0,6%, segundo informações do TradeMap, hub independente do mercado financeiro. Em 2022, o desempenho acumulado foi positivo em 4,4%.
Saiba mais sobre a Arezzo
Trata-se de uma das principais empresas de consumo no setor de calçados, contando com um portfólio diversificado de marcas (Arezzo, Schutz, Vans e Anacapri, entre outras). O grupo, que já figurou nesta newsletter, atua também no segmento de vestuário.
Em janeiro deste ano, a companhia adquiriu a Calçados Vicenza, operação que se insere na estratégia de ampliar seus negócios no setor de moda e varejo, com o crescimento do mercado de calçados nas classes sociais "A" e "B".
Por que as ações da Arezzo são uma oportunidade para investir?
Segundo o analista, a empresa reúne uma série de características positivas: bons índices de rentabilidade, baixa alavancagem financeira e estratégia de crescimento viável e bem definida.
"Além disso, conta com uma diretoria que já trabalha junto há algum, tendo como principal nome Alexandre Birman [presidente executivo]", diz Fraga.
"Esses fatores, aliados a um valuation que hoje parece bastante atrativo, fornecem bons motivos para se investir na companhia."
Pontos a favor
- Execução estratégica: a Arezzo tem entregue de forma consistente seu plano de crescimento e captura de sinergias mediante aquisições;
- Público-alvo: focada no consumidor com renda mais elevada, a empresa teoricamente está menos exposta aos ciclos econômicos, assim como apresenta maior potencial de repasse da inflação;
- Estrutura de capital: trata-se hoje de uma das companhias menos alavancadas do setor, com uma geração operacional de caixa praticamente igual ao endividamento líquido.
Pontos contra
- Sucessão: Alexandre Birman está à frente da Arezzo há praticamente dez anos e ainda não tem planos de sair do cargo. Porém, já se questiona se há ou não uma estratégia de sucessão sendo elaborada, dada a referência que existe na figura do executivo atualmente;
- Múltiplos elevados: é uma característica comum em empresas do setor, até certo ponto justificável no caso de Arezzo, pelo bom patamar de crescimento, mas merece atenção;
- Risco de integração: o histórico de absorção das empresas adquiridas é positivo, mas a grande variedade de marcas incorporadas aumenta a chance de que o desempenho de alguma delas fique abaixo do esperado.
A ação está barata ou cara?
A Guide tem recomendação de compra para os papéis da Arezzo (ARZZ3), com base nos seguintes indicadores:
Preço-alvo: a instituição projeta um valor de R$ 110 para a ação da companhia em 2023. Como o papel fechou cotado a R$ 78,73 em 16 de fevereiro, a interpretação é de que existe um potencial de ganho, de quase 40%.
O cálculo indica o valor que o analista considera que a ação vai atingir em determinado período. É um importante referencial - mas não o único - usado para orientar a recomendação para o papel, que pode ser de compra, venda ou neutra (nem comprar, nem vender).
Preço/lucro: a estimativa é de um P/L de 15 vezes para 2023, inferior à média dos últimos cinco anos, de 25 vezes. O índice mostra a relação entre o preço em Bolsa e o lucro da companhia. Quanto maior, mais cara está a ação.
EV/Ebitda: a projeção da corretora para 2023 está em 10 vezes, também abaixo da média dos últimos cinco anos, de 18 vezes. O índice aponta o valor da empresa em relação à potencial geração de caixa. Quanto menor, melhor.
"Esses dois últimos múltiplos mostram que, caso a companhia entregue o crescimento almejado e mantenha boas margens de lucro, os papéis estariam de certa forma descontados no mercado", diz Fraga.
Ele acredita ainda que a Arezzo deve apresentar uma boa evolução de lucro nos próximos anos, aproveitando seu poder de precificação, pela força da marca e exposição ao público de alta renda. Pelos cálculos do analista, a taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) deve ficar perto de 10% no intervalo de 2022 a 2026.
Para quem é indicada esta ação?
Fraga destaca que a Arezzo ainda é considerada uma empresa de "crescimento" (com avanço expressivo de receita e lucro), por mais que já tenha se consolidado como um dos principais nomes do mercado calçadista/varejista brasileiro.
"Diante disso, os investidores devem estar cientes de que a companhia não é uma boa pagadora de dividendos, mas vem entregando valorização dos seus papéis listados em Bolsa, agregando valor ao acionista por meio da consolidação de suas aquisições."
Quais são as perspectivas no médio e longo prazo?
O analista afirma que o cenário para a Arezzo é positivo quando se olha para o futuro.
Segundo ele, o grupo deve seguir consolidando suas aquisições recentes, ao mesmo tempo em que mira novos alvos. Como exemplo, cita o foco na compra de negócios menores, de plataformas de nicho já consolidadas.
"Com isso, a companhia cresce e não se endivida", avalia Fraga.
"Como parece que a empresa encontrou seu caminho para expansão com uma estrutura de capital equilibrada, acreditamos que não há grandes motivos para essa estratégia ser alterada no médio e longo prazo."
Análise gráfica
Em uma perspectiva de curto prazo, as ações da Arezzo (ARZZ3) têm encontrado dificuldade para retomar o fluxo comprador, o que pressiona as cotações, segundo Weslley Mesquita, analista da MyCAP Investimentos.
No cenário atual, os papéis podem cair para R$ 73,56 e, se perderem esse patamar, devem apresentar novas baixas, oscilando ao redor de R$ 70,88 e R$ 70,11, diz o especialista.
Ele destaca que, se esses níveis mais baixos de preço forem atingidos e apresentarem um volume de negócios que sinalize reação, podem representar uma "ótima oportunidade de compra".
Mesquita observa ainda que, na hipótese de retomada do viés positivo antes que as ações recuem abaixo de R$ 70, ele identifica um ponto de entrada quando as cotações superarem a região entre R$ 82,10 e R$ 83,80. Neste caso, os valores podem alcançar R$ 85,80 e R$ 89,19 ainda no curto prazo, afirma o analista.
Em um horizonte maior, ele entende que os papéis apresentam tendência de alta, podendo atingir o patamar de R$ 91 a R$ 101,13 antes de buscarem o topo histórico, de R$ 105,08.
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