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Opinião

Se Marçal for impedido de se candidatar, sabe o que vai acontecer? Nada

Motivos não faltam para impedir Pablo Marçal (PRTB) de se candidatar novamente. Só nestas eleições, ele divulgou um prontuário médico falso para prejudicar um adversário e promoveu "campeonatos" de edição de vídeos, em desacordo com a legislação.

Com seus milhões de seguidores nas redes sociais, Marçal quer nos fazer acreditar que representa uma revolução, um tsunami impossível de ser contido.

Mas a verdade é que, se ele for condenado pela Justiça e se tornar inelegível por ao menos oito anos, frustrando seus planos de chegar à Presidência da República, o que vai acontecer é nada. Absolutamente nada.

Alguém em sã consciência imagina uma multidão de "indignados", como o próprio candidato do PRTB se define, tomando as ruas em protesto contra uma eventual decisão de bani-lo das urnas?

Dá para conceber alguma liderança política de relevância ou algum empresário respeitado pelo mercado saindo em defesa de um aventureiro já condenado por golpes bancários em idosos?

Verdade seja dita, o coach sabe como poucos jogar o jogo da "economia da atenção", em que os algoritmos das redes sociais recompensam os histéricos e os cínicos.

Para se fazer notado, ele partiu para o vale-tudo e até foi bem sucedido na estratégia, a ponto de impor sua presença nos debates.

Vale lembrar que, pelas regras, o PRTB — uma legenda de aluguel, sem um deputado federal sequer — nem teria o direito de reivindicar um lugar para o seu candidato. Mas, com seu crescimento nas pesquisas, tornou-se impossível tirá-lo dos confrontos. E o que se viu foi um show de horrores.

O banimento de Marçal da vida pública, ainda que temporário, passaria despercebido porque ele sempre foi um franco-atirador.

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Apesar de se vender como o único legítimo representante da direita nas eleições da maior cidade do país, jamais foi digerido pela família Bolsonaro, a principal referência do campo conservador do país.

Não à toa, o filho do ex-presidente e vereador reeleito pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, já tachou Marçal de "coach malandrão".

Na mesma toada, alguns dos mais populares pastores evangélicos do país, caso de Silas Malafaia e Valdemiro Santiago, bateram pesado no candidato do PRTB ao longo da campanha.

Cortar as asinhas de Marçal não seria apenas um ato sem custos políticos relevantes e com justificativas jurídicas irrefutáveis.

Representaria um recado, curto e grosso, para quem ainda acha que pode se aproveitar do vácuo de regulamentação das redes sociais para incitar o ódio de uma parcela da população que já não acredita em soluções pela via do estado democrático de direito.

Taí uma oportunidade de ouro para ao menos tentar coibir o aparecimento de novos Marçais. O Pablo já era.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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