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Como surgiram as ações? Conheça a história da Bolsa de Valores

César Esperandio

10/07/2020 04h00

Você sabe qual é a lógica por trás dos investimentos em ações? Conhece o funcionamento e quando surgiu a primeira Bolsa de Valores que possibilitou que você investisse em ações e pudesse ganhar dinheiro com isso?

Eu sou César Esperandio, economista do Econoweek, a tradução da economia. E, neste artigo, vou contar a história do surgimento da Bolsa e das ações, e traduzir esse conceito de investimentos em que você pode ganhar dinheiro ao se tornar sócio das maiores empresas do mundo - às vezes, é preciso menos de R$ 1 - ao mesmo tempo que agrega valor para a sociedade.

O que é a Bolsa?

A Bolsa de Valores é um lugar onde as pessoas compram e vendem ações e outros ativos financeiros.

Quando você compra uma ação da Bolsa de Valores está literalmente comprando um pedacinho na sociedade de uma empresa, ou seja, se tornando sócio dela.

Ao comprar qualquer empresa, seja ela inteira ou apenas um pedaço da sociedade, você quer saber em quanto tempo a empresa vai dar lucro o suficiente para você ter de volta o dinheiro que investiu. Ou seja, a partir de quantos meses ou anos, esse lucro distribuído paga o investimento inicial e passa a te gerar um retorno de fato.

A segunda possibilidade de lucro está na valorização. Você pode estar de olho em comprar uma empresa agora, esperar que ela progrida e assim revendê-la por um preço ainda maior mais para frente.

De qualquer maneira, a lógica é ganhar dinheiro e apoiar negócios nos quais acredita.

Voltando para a Bolsa, com ações, a lógica é exatamente a mesma, mas você não precisa se preocupar em gerir a empresa porque ela já é grande o suficiente para ter uma equipe cuidando disso. A primeira possibilidade de ganhar dinheiro é com a distribuição de lucro em forma de dividendos, e a segunda, com a valorização da ação conforme a empresa apresente bons resultados e perspectivas.

Como surgiu a primeira Bolsa de Valores?

Mas quem teve essa ideia tão engenhosa de reunir empresas e investidores dispostos a se tornarem sócios do negócio, sendo que, para isso, comprariam um pedaço da companhia esperando que ela se crescesse, se valorizasse e desse lucro para o dono da ação?

Você acreditaria se eu te contar que tem a ver com o período das grandes navegações e remonta ao período do Brasil Colônia?

A primeira Bolsa, na verdade, surgiu um pouquinho antes disso, mas foi com as grandes navegações que se tornou possível comprar e vender ações seguindo essa lógica que temos hoje.

Embora haja registros de pessoas se reunindo para fazer negócios em vários períodos da história, o nome "Bolsa" surgiu da Bélgica em 1487, quando alguns homens de negócio se reuniam na casa de um senhor chamado Van der Burse.

Na época, as casas não tinham numeração na fachada como hoje. Assim, as famílias ricas colocavam um brasão com o símbolo do sobrenome da família.

E adivinhe: o brasão da família de Van der Burse tinham três bolsinhas desenhadas. Foi justamente daí que veio o nome "Bolsa" para esse tipo de negócio.

Mas na casa dele eram feitas praticamente só compra e venda de moedas, metais preciosos e alguns empréstimos entre os que apareciam por ali.

O que as grandes navegações têm a ver com a Bolsa?

Se você está entranhando que eu não citei nenhum marinheiro nesse lugar, foi porque eles ainda não estavam ali.

Mas as operações de navegações eram atividades puramente comerciais e quase sempre tiveram que contar com patrocínio dos reis e rainhas para que acontecessem.

Apesar de terem grande potencial de lucro, ir e voltar em grupos de grandes navios por rotas desconhecidas, atrás de tecidos e temperos exóticos, era bem caro.

Os navios eram os meios de transportes mais modernos da época, e, portanto, os mais caros. Também era preciso contratar marujos e exércitos particulares, já que era comum haver saques, piratas e o enfrentamento dos povos desconhecidos. E eu nem vou entrar no mérito da exploração das Colônias.

Além disso, também era preciso alimentar toda essa tripulação por viagens de longos meses, em que muitos morriam pelo caminho, dada a precariedade de saúde e higiene nessa época.

Como nem sempre os reis e rainhas estavam dispostos a patrocinar essas aventuras, um capitão que organizava essas navegações foi até esse grupo de comerciantes na Bolsa, mostrou o próximo plano de navegação e convidou esses negociantes que tinham dinheiro para entrarem como sócios no negócio: eles investiam um valor que viabilizasse a viagem e, na volta, também participavam da divisão de lucros.

Você acabou de perceber que surgiam aí as ações, na época um documento entregue aos investidores que atestava que estes tinham feito um investimento e se tornado sócios, garantindo o direito de participar da divisão dos lucros posteriormente (mesmo que também tivessem assumido o risco de os navios nunca mais voltarem devido a um mau tempo ou serem roubados no caminho de casa).

Se você se lembra das aulas de história lá da escola, a Companhia Holandesa das Índias Orientais já era na prática uma grande empresa de navegações, exploração e colonização. E foi ela que lançou a primeira ação.

No início dos anos 1600, a companhia dividiu sua sociedade em quotas iguais e transferíveis, as quais davam o direito aos donos de cada cota um pedacinho igual na sociedade da empresa, sendo que eles também poderiam vendê-las a qualquer momento para outro interessado na Bolsa de Amsterdã, a capital da Holanda.

De lá para cá, a coisa evoluiu e muito! Hoje é possível investir em ações de todo tipo de empresa e se tonar sócio delas a partir da tela do seu celular, às vezes com centavos.

Em vez de patrocinar a colonização e exploração de outros povos durante as grandes navegações, hoje, você pode se tornar sócio da Apple, do Magazine Luiza ou até da Kroton, que é a segunda maior empresa de educação do mundo. Não é preciso gastar uma fortuna para ter um pedaço de todas elas.

Você estará ajudando essas empresas a expandirem seus negócios, além de estar cuidando do seu futuro ao construir um patrimônio com sociedades nas melhores empresas da Bolsa, que distribuem lucros e tendem a se valorizar com o tempo, se forem bem administradas.

Mudando de assunto

No vídeo que a Yolanda falou sobre o RDB Nubank e comparou com a Nuconta, o José Cristão perguntou se o dinheiro investido em qualquer uma das aplicações da Nuconta pode ser gasto ou sacado a hora que ele precisasse, ou se teria alguma impossibilidade para que o dinheiro rendesse.

José, apesar de essa ser uma aplicação sobre o dinheiro que está parado na sua Nuconta, você pode usar seu dinheiro a qualquer momento.

Claro que quanto mais tempo deixar o dinheiro parado, mais vai render, já que o tempo faz o dinheiro trabalhar a seu favor, nesse caso. Mas nada impede de você usar seu dinheiro a hora que quiser, seja para fazer uma compra ou transferência.

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