PIX: como é no mundo e o que deve mudar no Brasil
O cadastro dos clientes de bancos no sistema PIX começou oficialmente hoje, 5 de outubro, mas já movimenta milhares de comunicações nas redes sociais e milhões de pessoas acessando seus sistemas bancários. O cadastro ao novo meio de pagamento instantâneo começou oficialmente às 9 horas, e até 12h30 o Banco Central já havia registrado 1 milhão de cadastros.
Há algumas semanas fizemos uma coluna com 12 perguntas e respostas sobre o sistema PIX, e hoje eu, Yolanda Fordelone, economista do Econoweek, separei um breve relato do que se vê pelo mundo no tema pagamento instantâneo e o que se espera de mudanças no Brasil.
Como funciona no mundo
Quando se pesquisa sobre sistemas de pagamentos instantâneos no mundo vê que inclusive o Brasil já é incluído em alguns estudos, afinal a TED demora poucos minutos para cair na conta do destinatário e em muitos países ainda se usa cheque como meio de pagamento. Para não gerar confusão, em 2016, o BIS (Banco de Compensações Internacionais) criou uma classificação para separar o joio do trigo.
Se enquadram em pagamento instantâneo os países que possuem sistemas de transferência em que o dinheiro caia em tempo real (ou quase em tempo real), onde a transação possa ser feita 24 horas por dia e em 7 dias da semana e que avisem o usuário instantaneamente quando o negócio foi efetivado.
Por essa classificação, em 2016 existiam 15 países que entravam na lista de pagamentos instantâneos. De lá pra cá, veio Tailândia, Singapura e o tema dominou a agenda dos bancos centrais do mundo. Hoje, se estima que ao menos 50 países tenham sistemas de pagamento instantâneos.
Destes, destacam-se Reino Unido e Índia, países nos quais o Brasil tem se baseado para o desenvolvimento do seu próprio sistema.
Na Índia, o sistema foi lançado 2010 e desde lá vem recebendo atualizações. Em 2016, foi lançado a Interface Unificada de Pagamentos (UPI), que permitiu o cadastro do telefone como chave para o pagamento além do uso de QR Codes. A chave também pode ser o número de registro nacional, uma espécie de CPF. Este é o modelo mais parecido ao que será o sistema brasileiro.
Por lá, o uso de pagamento instantâneo cresceu 149% em 2019 em relação ao ano anterior e se registra cerca de 10 transações por habitante, o que para uma população de mais de 1 bilhão de pessoas torna o mercado algo gigantesco.
No Reino Unido, onde é possível cadastrar o número de telefone, o destaque se dá pela alta frequência de uso. Em 2019, foram 36 pagamentos instantâneos por pessoa.
O que se espera de mudanças
A primeira mudança deve ser a diminuição do uso de dinheiro em espécie para pagamentos uma vez que será possível fazer pagamentos em tempo real mesmo nos comércios.
O segundo é uma melhora para as finanças das pessoas. Além de não ter custo, o PIX estimula que os consumidores passem a checar mais o saldo nas contas bancárias, uma vez que a transferência não é realizada se não tiver saldo. Com isso, espera-se que as pessoas passem a controlar mais o dinheiro em conta.
Para as empresas, pode haver um benefício de caixa. Um relatório da consultoria Delloite com empresas do mundo todo mostrou que 63% dos empresários relataram que o negócio mantém em caixa um dinheiro extra para cobrir o tempo de recebimento do pagamento do cliente. O pagamento em tempo real aumenta o capital de giro e diminui a incerteza quanto ao recebimento do dinheiro.
Outra mudança deve ser a entrada de big techs no setor, a exemplo da Índia. Lá, as instituições não bancárias precisaram apenas se conectar a um banco, via API, para que o sistema UPI consiga movimentar o dinheiro das contas. Atuam no mercado indiano, o Google Pay, Amazon, Facebook, Whatsapp, entre outras.
Como no Brasil, se espera a implementação do Open Banking em breve e assim a abertura das APIs, o mercado deve ver a entrada de novos concorrentes no setor.
Os estudos internacionais também apontam para uma diminuição da sonegação e evasão fiscal, já que há uma queda do uso de dinheiro físico e assim um maior rastreio das movimentações. Por consequência também há um impacto na informalidade. O relatório da Delloite cita que a cada diminuição de 10% no pagamento em dinheiro, a economia informal cai 2%.
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