Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
A segunda onda é uma segunda chance para você
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A vida não dá muitas segundas chances. Quem já perdeu um bom negócio sabe do que estou falando. Aquela oportunidade de vender que foi embora. Ou de comprar. De entrar. Ou de sair. De ficar calado. Ou de gritar. Um momento que passou. E que não volta mais. Pelo menos não da mesma maneira.
Quem trabalha com comércio sabe muito bem a importância do "timing" das coisas. Nós marketeiros também. Um deslize na internet hoje em dia arranha uma marca por anos. Um anúncio feito na hora errada dá um trabalho gigante para ser corrigido. Uma leitura equivocada do mercado ou dos seus clientes, então, mais ainda. Imagine o quanto deve ter sofrido aquela fábrica de roupas sociais que se recusou a produzir máscaras de tecido porque achava que a covid-19 era apenas uma bobagem passageira. Ou aquele restaurante que decidiu não entrar no delivery só porque o dono achou a embalagem feia. E a escola que nunca investiu na formação dos seus professores para fazer aulas remotas.
Passar por uma "segunda onda" de covid é triste. Bate aquela sensação de que repetimos de ano no colégio. Ou de que fomos colocados de castigo. De novo. Haja paciência.
Mas, se por um lado, o pacote de instalação dessa edição 2.0 da quarentena vem carregado de ranços, ele também traz no combo uma série de outros sentimentos que podem ser positivos. Como a memória de que aguentamos até aqui. Ou o fato de que estamos recebendo uma nova chance. Um novo dardo para jogar ao alvo. Uma nova "vida" em uma fase cabeluda do vídeo game.
Quando foi a última vez que você teve uma 2ª chance?
De cada dez atletas que vão para as Olimpíadas, apenas dois ou três conseguem voltar mais uma vez*. A maioria não tem outra chance. Eles receberam uma oportunidade única. Alguns aproveitaram bem, outros nem tanto. E não estou falando das medalhas. Tenho certeza de que muitos desses atletas gostariam de voltar no tempo e fazer algo diferente.
E você, se pudesse voltar 12 meses, o que mudaria na forma como viveu a primeira quarentena?
Teria pedido mais ajuda? Ou estendido mais a mão? Teria mudado a forma como trabalha? Ou sido mais paciente? Quem sabe você pudesse ter aproveitado melhor esse tempo? Ou cuidado mais de algo que largou à mão?
Pois no meio desse caos, a novidade é: você está de volta a essa maratona olímpica chamada lockdown. Recebeu de presente da vida uma segunda chance. E quando comparo esse retorno com uma coisa boa como as Olimpíadas, ou uso a expressão "presente", não estou querendo dizer que é uma maravilha estarmos na quarentena. Mas faço questão de usar esses exemplos para lembrar que sempre há um lado positivo.
Há muitas empresas, marcas e pessoas que perceberam isso. Sabia que o ranking das marcas preferidas do Brasil mudou? Isso não foi um reflexo de quem investiu mais ou quem teve mais lucro. Foi uma consequência de quem percebeu isso primeiro e agiu.
O "ranking" dos amigos e familiares com quem você mais pode contar talvez tenha mudado também. Quando a coisa apertou, você viu quem está com você de verdade. E os outros também viram se podem contar com você. Será que seu nome continua na listinha dos seus amigos?
O que estamos vivendo agora vai estar escrito nos livros (ou seriam e-books?) de história que nossos netos vão estudar na escola. É um momento histórico, que vai ficar gravado na memória de todos nós. Com nervos à for da pele, medos, preocupações e irritações, nosso coração está com o radar ligado, observando tudo que está acontecendo ao nosso redor. Seus familiares, vizinhos e colegas de trabalho estão assim.
E aí, vamos acertar o alvo dessa vez?
Assim como os adolescentes se preparam para a fase do vestibular, sua vivência lhe preparou para esse momento. Mas nessa prova da vida, recebemos a chance de fazer o teste de novo. Só não se esqueça de um detalhe importante: essa prova, na verdade, é em grupo.