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Governo muda meta de inflação para ficar como está e influenciar juros
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Depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar que o Brasil adotará a meta contínua de inflação a partir de 2025, o colunista do UOL José Paulo Kupfer afirmou que, na prática, o efeito será quase nulo, mas durante o programa Análise da Notícia, avaliou que essa mudança pode ser uma forma de pressionar o Banco Central a baixar a taxa de juros.
Governo mudou para ficar como sempre esteve, mas ajuda a pressionar Banco Central a baixar os juros.
Regularização do que já está sendo feito. Agora, em vez de o Banco Central ser obrigado a perseguir uma meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional em um período de janeiro a dezembro, a meta poderá ser alcançada em um período contínuo.
Com a regra atual, o Brasil teria que atingir 3% de inflação até o dia 31 de dezembro, mas com a nova medida, a meta poderá ser atingida mais adiante.
O ponto é que atualmente o Banco Central já não cumpre a meta de inflação. E isso ocorre há pelo menos dois anos, sempre sendo jogado de 12 a 18 meses para frente o cumprimento da meta. Isso é feito aplicando-se uma regra de meta contínua própria, ao enviar uma carta ao ministro da Fazendo com um pedido de perdão e a promessa de que a meta será cumprida adiante.
Intervalo de tolerância flexibiliza meta da inflação. Atualmente existe um intervalo de tolerância que é de 1,5%, ou seja, com a meta de inflação de 3,25% em 2023, ela poderia ficar entre 1,75% e 4,75%.
Para 2024 e 2025, a meta é de 3% (também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos). Em 2026, a meta também foi fixada em 3%.
No anúncio de Haddad, entretanto, não foi mencionado o que irá acontecer com esse intervalo de tolerância.
Tendência é que taxa de juros caia. Com o Banco Central tendo mais tranquilidade para perseguir a taxa de juros, ele também poderá trabalhar com juros menores e essa mudança é mais um argumento do governo para convencer o Banco Central a diminuir a taxa de juros. Essa mudança, inclusive, teria um impacto positivo para toda a sociedade.
Junho deve ter inflação abaixo da meta. A expectativa é que o IPCA que será divulgado nos próximos dias apresente deflação de 0,1%, o que fará com que a inflação dos últimos 12 meses fique em torno de 3,1%, ou seja, abaixo da meta de 3,25%. Essa seria a primeira vez desde antes da pandemia que a pandemia ficaria abaixo da meta.
Inflação deve subir até o final do ano. A perspectiva é que a inflação acumulada dos últimos 12 meses suba um pouco e termine 2023 no teto do intervalo, em torno de 5%. Ela deverá subir porque, nos meses de julho e agosto do ano passado, foi negativa, e dificilmente isso irá se repetir. Entretanto, hoje a inflação está moderada no Brasil e vai subir apenas por uma questão aritmética em comparação aos meses de julho e agosto de 2022, e não por uma crise econômica.
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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
Veja a íntegra do programa:
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