Katherine Rivas

Katherine Rivas

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Petrobras, Itaú: vale investir nas 5 empresas que mais pagam dividendos?

As boas pagadoras da Bolsa acumulam grande parte dos pagamentos em dividendos e juros sobre capital próprio que são feitos aos acionistas. Afinal, apenas 8 companhias concentram 84% dos proventos. Veja aqui quais são as 10 empresas que mais pagaram no primeiro trimestre e quanto R$ 1.000 e R$ 5.000 renderiam em proventos e em ganho de capital. Mas vale investir nas maiores pagadoras? Elas vão continuar rendendo bem?

Petrobras (PETR4)

Diante da polêmica dos dividendos extraordinários, o mercado está dividido em relação à Petrobras. Há quem prefira ficar de fora, mesmo com o dividend yield (retorno em dividendos) elevado, e há analistas que ainda confiam na tese, mas recomendam investir com cautela na petroleira.

A companhia continua gerando caixa. É o que diz Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest, apesar das mudanças na política de preços e na política de dividendos em 2023. "Como a distribuição de dividendos é em cima de um percentual da geração de caixa, naturalmente a companhia também continua se destacando entre as empresas que pagam bons dividendos", afirma.

O petróleo brent também está em bom patamar, acima de US$ 80 o barril. Por isso, Saravalle espera bons proventos da Petrobras nos próximos meses, em torno de 12%, mas descarta da sua conta distribuições extraordinárias. Se o preço do petróleo se mantiver elevado, os dividendos podem superar o CDI (Certificado de Depósito Interbancário e principal indexador da renda fixa) em 2024.

A companhia está barata, o que favorece o retorno, em dividend yield.

Entre os riscos, prevalecem a interferência política na estatal e possíveis mudanças no comando da petroleira. "Não sugerimos se desfazer dos papéis, mas para quem for comprar agora, faça isso de forma leve ou aguarde sinalizações das mudanças no quadro de executivos da empresa", aconselha Saravalle.

Não há muita visibilidade de aumento produção, como as petroleiras menores. Desta forma, o lucro acaba ficando mais dependente do preço do petróleo brent e do dólar, diz Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Research. Ele prefere ficar de fora da ação, mas calcula um retorno alto, de 13,7% em 2024, já considerando a distribuição de R$ 1,37 feita recentemente.

Itaú

No primeiro trimestre, o pagamento dos grandes bancos é mais alto, porque as instituições financeiras divulgam e declaram seus dividendos em relação ao ano anterior. No resto do ano, costumam ser menores, diz a analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma. O Itaú também teve mais lucro, que impulsionou as distribuições no 1° trimestre.

Continua após a publicidade

O Itaú está pagando mais lucro aos acionistas. A analista cita um aumento de payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) que saltou do mínimo de 25% para em torno de 50% a 60%. "A companhia encerrou um ciclo de investimentos em transformação digital e com isso sobra mais caixa para distribuir aos acionistas", comenta.

Para os próximos anos, a analista espera um payout maior, em linha com falas do CEO sobre a expectativa de distribuir entre 50% e 60% do lucro. "Projetamos um dividend yield de 7% para 2024 e que o banco siga figurando entre os maiores pagadores da Bolsa".

A Nord Research também possui recomendação de compra para as ações ITUB4. O dividend yield projetado para este ano é de 8%. Bueno lembra que o dividendo foi reduzido no passado, na pandemia, mas agora há uma certa estabilidade dos resultados e retomada do lucro do banco.

Entre as vantagens, Bueno cita a exposição a uma instituição financeira sólida. O Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) é de mais de 20%. "O Itaú vem se modernizando para fazer frente a uma concorrência maior no mercado e pode entregar um crescimento de cerca de 12% em 2024 e melhores dividendos aos acionistas", detalha. Segundo o analista, o banco sofreu menos com inadimplência do que os pares Bradesco e Santander.

Já os riscos seriam macroeconômicos, com piora do cenário da inadimplência e crédito. "Mas o Itaú vem digitalizando seus serviços, ampliando seu leque de produtos para mitigar esse risco", reforça Bueno.

Vale (VALE3)

O mercado segue otimista em relação à Vale. A forte geração de caixa, com a normalização do preço do minério de ferro, deve permitir que a mineradora remunere os investidores como fez nos últmos dois ou três anos.

Continua após a publicidade

Entre as vantagens de investir na mineradora, o retorno em proventos deve ser superior à Selic no ano, que deve terminar em 9%. Max Bohm, estrategista de ações da Nomos, acredita que o DY deve ser de 11%, e as ações VALE3 podem chegar a R$ 80 nos próximos 12 meses. "É a possibilidade de ganhar dois dígitos de dividendos investindo em uma ação", destaca.

A VG Research, espera um DY de 10%. Luan Alves, analista chefe da casa de análise, diz que ela tem baixa necessidade de investimentos e endividamento controlado. Também é uma receita exposta ao dólar, que protege o investimento da desvalorização do real. "A companhia tem protagonismo internacional em um setor muito relevante para a economia global e chinesa", defende Alves.

Já entre os riscos, está a necessidade maior de provisões diante das multas pelos desastres ambientais de Mariana e Brumadinho. Mudanças sensíveis no preço do minério também poderiam comprometer a geração de caixa da Vale, assim como a desaceleração econômica e uma possível recessão na China.

Itaúsa (ITSA4)

Como o Itaú, que representa boa parte dos dividendos da Itaúsa, a empresa acabou fazendo uma distribuição elevada. A holding também remunerou bem os seus acionistas no 1° trimestre, explica Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos, que espera um DY de 7%, com potencial das ações valorizarem até R$ 13,70 no final de 2024 (preço-alvo).

Para os próximos 12 meses, Chanes acredita que a Itaúsa mantenha a estratégia de repassar todos os dividendos recebidos do Itaú. Os proventos das empresas não financeiras devem ser utilizados para pagar despesas da holding. Além do Itaú, a Itaúsa tem no seu portfólio companhias como Alpargatas, Dexco, CCR e as de capital fechado, entre estas Aegea, Copa Energia e NTS. "A diversificação do portfólio da Itaúsa é o grande diferencial, com empresas listadas e não listadas", opina Chanes.

Continua após a publicidade

Entre os riscos, contudo, está o fato dessas outras empresas investidas apresentarem resultados fracos. Para a Itaúsa, no cenário atual, o retorno mínimo das subsidiárias deveria ser de 13% para compensar o risco, avalia Chanes. "A holding deve continuar com sua estratégia de reduzir o endividamento", afirma Chanes. Questões tributárias em relação a holdings também poderiam ser um risco adicional para a companhia.

Mas o ideal seria investir no Itaú. Quaresma, da Empiricus, não vê sentido em se expor a todo o portfólio da holding, considerando que o principal provedor de proventos é o Itaú. "A gente prefere se expor diretamente à fonte dos dividendos. O desconto que era oferecido pela holding já fechou muito no último ano", avalia.

Banco do Brasil (BBAS3)

Assim como o Itaú, o BB também fez bons pagamentos no primeiro trimestre, fruto dos relacionados ao 4° trimestre de 2023 e as antecipações referentes ao 1° trimestre de 2024.

Entre as vantagens de investir no banco, está a previsibilidade. O Banco do Brasil divulga anualmente um calendário com 8 pagamentos programados. "Isso gera previsibilidade, porque o investidor sabe das datas de pagamento e de corte", aponta Saravalle.

Bruno Oliveira, analista da plataforma AGF, diz que ela é uma empresa perene, com mais de 200 anos de história, e a governança atual mostra certa independência do governo. O banco estatal tem a participação de 50% do Ministério da Economia e Secretaria do Tesouro Nacional. Ele projeta um DY de 9,91%.

Continua após a publicidade

O banco projetou um lucro de R$ 37 a R$ 40 bilhões, e deve repassar 45% para o acionista - até então, o payout era de 40%. "Na faixa mínima de lucro, de R$ 37 bilhões, o BB já entregaria um dividend yield de 10,2%", destaca Saravalle. O analista acredita que o retorno em dividendos do banco possa chegar até 11%.

Entre os riscos, Bohm, da Nomos, cita a interferência política, comprometendo os resultados do banco e reduzindo o lucro, o que pressionaria os dividendos. Bohm considera que atualmente o BB é um dos bancos mais baratos da bolsa. "O dividend yield esperado é de 10% e o preço-alvo de R$ 65", calcula.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes