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Por que um avião teve de voltar ao aeroporto após passageiro fumar a bordo?
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Um voo que partiu de Guarulhos (SP) com destino a Porto Seguro (BA) teve de retornar ao aeroporto de origem pouco após a decolagem devido a uma pessoa que começou a fumar a bordo. O passageiro indisciplinado gerou transtornos e teve de desembarcar do voo.
Embora fumar durante o voo possa colocar em risco a segurança, não foi apenas devido a essa questão que a restrição surgiu. Ainda é permitido fumar a bordo de aviões em poucos países, mas esse hábito está proibido na maioria dos lugares do mundo há mais de duas décadas.
Incêndio
Um dos principais riscos de fumar a bordo é a possibilidade de incêndio. Uma bituca de cigarro descartada no lixo do banheiro, por exemplo, pode dar início a um fogo descontrolado.
Até hoje aviões contam com cinzeiros ou dispositivos para apagar cigarros. Os cinzeiros são encontrados principalmente em aeronaves mais antigas, fabricadas antes da proibição de fumar a bordo.
Mesmo nos aviões mais modernos, é possível encontrar uma espécie de cinzeiro, que é um dispositivo utilizado para eliminar as bitucas que possam ter sido acesas sem autorização.
A presença desses cinzeiros, mesmo com a proibição, é importante, já que os passageiros poderiam descartar inadequadamente as bitucas.
Comissários também são treinados para situações de incêndio a bordo, especificamente, em condições quando o fogo é iniciado no lixo do banheiro.
Em todas as aeronaves comerciais de grande porte no Brasil é obrigatória a presença de avisos luminosos de não fumar, que devem estar acesos durante todas as fases do voo.
As companhias também devem orientar os passageiros para não fumarem nos banheiros e que é proibido tentar atrapalhar o funcionamento dos detectores de fumaça instalados a bordo das aeronaves.
Cigarros eletrônicos também são vetados a bordo. Além de serem proibidos no Brasil, estudos apontam que baterias podem oferecer um risco maior de incêndio do que de outros dispositivos.
O Código Penal brasileiro prevê uma pena de reclusão de dois a cinco anos para quem exponha uma aeronave a perigo, como o caso de incêndio nessas situações.
Movimento contra o fumo
No passado, fumar era algo comum e liberado dentro das aeronaves, com algumas companhias até oferecendo cigarros aos passageiros.
Entretanto, a proibição dentro dos aviões surgiu como um reflexo de um movimento que já ocorria na sociedade, e não apenas devido à segurança.
Durante as décadas de 1970 e 1980, diversos movimentos de saúde pública passaram a discutir os efeitos prejudiciais do fumo à saúde, levando a uma onda de proibição do seu consumo em locais públicos.
A partir disso, a restrição dentro de aeronaves foi ganhando forma, até que, por volta do início dos anos 2000, praticamente todas as companhias aéreas do mundo já proibiam os passageiros de fumar a bordo.
Essa restrição, entretanto, não se aplicou inicialmente aos pilotos. Havia um receio de que pudessem sofrer mais com o impacto da proibição ou que o avião ficasse muito tempo sendo pilotado por apenas uma pessoa caso precisassem sair da cabine para fumar.
Problemas para o avião
O cigarro sempre é uma questão de risco para o avião, embora seja relativamente baixo. Os aviões possuem materiais antichama para diminuir o perigo.
As válvulas responsáveis por pressurizar a aeronave costumavam ficar sujas com a nicotina e o alcatrão. Isso fazia a manutenção demorar mais, já que era preciso mais tempo para limpar as peças, além de ter de efetuar a troca de materiais com mais frequência.
Em alguns aviões de pequeno porte, os instrumentos utilizam um sistema a vácuo para funcionar. Fumar a bordo pode contaminar o ar utilizado nesses mecanismos, causando a apresentação de informações erradas.
Fontes: Rogério Pinto Ribeiro, professor aposentado do curso de engenharia aeroespacial da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e professor do portal de engenharia aeronáutica, e FAA (Administração Federal de Aviação, na sigla em inglês), órgão regulador do setor nos Estados Unidos.
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