Aérea que faz voos exclusivos para cachorros é processada dias após estreia
A Bark Air, empresa aérea dedicada a realizar voos para cachorros, mal iniciou suas atividades e já está enfrentando seu primeiro processo. A empresa começou a voar no final de maio, ligando cidades dos Estados Unidos e o país à Europa.
O processo
Ao contrário do que é ocorre com frequência no setor da aviação, o processo não tem nada a ver com cancelamento, bagagem extraviada ou atraso do voo. O problema tem a ver com o aeroporto que ela usa no condado de Westchester, em Nova York (EUA).
A empresa usa a área de jatos particulares do aeroporto para o embarque. Com isso, todos os animais e seus tutores podem subir a bordo com mais tranquilidade e sem precisar passar perto dos demais passageiros.
Segundo o site USA Today, os representantes do condado processaram a Bark Air em um tribunal federal. Ocorre que a empresa estaria contrariando uma lei de Westchester, que proíbe que aviões com mais de nove assentos de decolarem do terminal para jatos privados.
Como o avião da empresa é um Gulfstream Aerospace GV com capacidade para 14 assentos, ele deveria decolar do terminal de passageiros. Ali, o embarque é mais demorado, e os animais precisariam ter contato com os demais passageiros que usam o local, tirando parte da vantagem que a empresa oferece.
O UOL procurou a Bark Air, que ainda não retornou os questionamentos realizados.
Como funciona?
A Bark Air foi criada pela empresa de produtos para pets Bark (BARK:NYSE), que fechou parceria com uma empresa de fretamento de voos para lançar uma nova empresa aérea com esse serviço inusitado. Ela oferece voos de luxo para cachorros e seus donos, em aeronaves exclusivas para o transporte dos pets.
As passagens adquiridas garantem que o embarque do cachorro e do seu dono. As cidades onde o serviço está disponível são:
- Nova York (EUA)
- Londres (Inglaterra)
- Los Angeles (EUA)
- Paris (França) - Em breve
Os aeroportos usados são aqueles secundários, fugindo dos mais movimentados. Isso facilita a operação, pois, além de baratear os custos, é possível circular com mais tranquilidade com os animais.
Os voos podem ser agendados no site da empresa. Veja a seguir alguns dos valores pesquisados pelo UOL:
- Londres a Nova York em agosto: US$ 8 mil (R$ 41 mil)
- Los Angeles a Londres em dezembro: US$ 12.500 (R$ 65 mil)
- Nova York a Los Angeles em outubro: US$ 6 mil (R$ 31 mil)
A Bark não é a operadora direta dos voos. Os serviços aéreos serão prestados, inicialmente, pela companhia Talon Air.
Primeiro voo
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Quero receberO voo inaugural da empresa aconteceu no dia 24 de maio de 2024. A rota conectou as cidades de Nova York a Los Angeles, com bilhete custando R$ 31 mil.
O voo inaugural levou a bordo seis cachorros de diversas raças, entre elas, chihuahua, dachshund e golden retriever, segundo a Rádio Pública Nacional dos EUA. Ainda havia a bordo 11 humanos, entre os donos dos animais e os tripulantes.
Há vagas para apenas 10 cachorros a bordo, e os tutores viajam junto a cada um deles na aeronave. Não há restrição para o tamanho que os pets podem ter.
Caso os animais se comportem, eles podem circular pela cabine, mas, antes, há um entrosamento entre os viajantes, para evitar surpresas no ar. Um veterinário acompanha o embarque dos animais.
Sobre o preço, o cofundador e CEO da Bark, Matt Meeker, espera que eles diminuam com o tempo. Com o aumento da demanda, os custos operacionais tendem a cair, e a operação ficaria menos cara.
Serviço a bordo de luxo
Quem vai viajar com a Bark Air recebe um verdadeiro tratamento VIP. Desde a chegada ao aeroporto até o destino, incluindo um serviço de concierge.
A influencer de viagem Melanie Demi esteve no voo inaugural e descreveu como foi a experiência. Ao chegar, os passageiros são acomodados em uma sala VIP especialmente reservada para os viajantes da empresa em um terminal privado do aeroporto.
Os animais recebem um passaporte personalizado para poder voar. Como o terminal é privado, não é preciso esperar longo tempo na fila do raio-X ou no momento do embarque.
Protetores auditivos estão disponíveis a bordo. Mas eles são para os cachorros, que têm o ouvido muito mais sensível que o dos humanos.
Os animais fazem suas necessidades antes e depois do voo. Mas, em caso de cães que não conseguem segurar, há um banheiro de emergência a bordo.
Os animais são servidos com diversos petiscos da empresa Bark, que criou o serviço aéreo. Os humanos podem se alimentar com refeições variadas e, inclusive, champanhe.
Voos são complexos
Mesmo limitando a venda das passagens para, no máximo, dez cães a bordo, isso não significa que a operação será tranquila. Apesar de o voo inaugural ter ocorrido sem problemas, segundo a empresa, pode haver situações complexas envolvendo os animais.
Em uma emergência, algum dos pets pode não conseguir chegar a tempo ao banheiro, ou a fralda vazar. Em outra situação, algum dos cachorros pode tentar roubar comida de outro, tornando a situação complicada.
Entretanto, o espaço mais amplo para todos que estão voando permite que cada um dos cachorros fique em seu espaço delimitado durante a operação do voo. Isso evita possíveis surpresas, inclusive em caso de turbulências nos voos.
CEO já viajou como cachorro
Para provar que os cachorros merecem viajar melhor do que ir no porão dos aviões, o CEO Matt Meeker fez uma experiência inusitada. Ele voou em uma gaiola para cachorros como um pet de maior porte teria de viajar em um voo comercial normal.
Desde o início do experimento ele relatou os problemas encontrados. Ele ficou do lado de fora dos aviões, em uma área com barulhos muito altos, que causam aumentam o nível de estresse dos animais.
Ele ficou durante cerca de quatro horas na caixa de transporte, apontando como a experiência é desconfortável para quem passa por ela, no caso, os cachorros. O voo foi feito entre a Flórida e Nova York tem três horas e meia.
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