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Avião dos EUA que comanda ataque nuclear: conheça aeronave que foi à Europa

E-6B Mercury, dos EUA: Avião tem capacidade de comandar ataques nucleares em voo - Twitter/US_EUCOM
E-6B Mercury, dos EUA: Avião tem capacidade de comandar ataques nucleares em voo
Imagem: Twitter/US_EUCOM

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/03/2023 04h00

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Um E-6B Mercury dos Estados Unidos pousou esta semana na Islândia. O avião militar tem capacidade para ser usado como um posto de comando aéreo que coordena ataques nucleares.

Sua presença a cerca de 2.000 km da Rússia em meio à guerra na Ucrânia causa tensão. Segundo o governo norte-americano, o avião realizava operações em sua área de atuação, e a tripulação se encontrou com o embaixador do país na Islândia, Carrin Patman,

O que o Mercury faz?

Esses aviões desempenham um papel crucial na estratégia militar dos Estados Unidos. Eles são responsáveis por receber, verificar e retransmitir mensagens que orientam as forças nucleares em ataques contra inimigos durante conflitos armados.

Os E-6B são a principal conexão entre as autoridades daquele país e a chamada tríade nuclear, que é composta por:

  • Mísseis balísticos intercontinentais disparados do solo
  • Bombardeiros aéreos estratégicos
  • Mísseis balísticos disparados de submarinos

Eles também auxiliam o comando militar estratégico dos EUA a identificar e planejar quais serão os alvos das armas disparadas.

Avião não atua sozinho

O E-6B Mercury, não é utilizado para o disparo de armamentos nucleares em si. Ele é parte de uma rede de comunicação estratégica dos Estados Unidos em caso de guerra. Serve como reserva caso os sistemas de acionamento da tríade nuclear em terra tenham sido destruídos ou caso seja necessário ampliar o alcance desses comandos para locais distantes, como é o caso dos submarinos que ficam longe da porção continental dos EUA.

Além disso, o Mercury mantém conexão direta com o avião presidencial norte-americano. Ele também pode ser ligado ao avião do Juízo Final, uma aeronave que serve como posto de comando avançado em caso de guerra.

No ar por vários dias

O E-6B Mercury pode ficar no ar por até 72 horas. Para isso, ele precisa ser reabastecido em voo e passa por processos de manutenção diários para garantir a segurança.

Cada missão conta com cerca de 20 a 22 pessoas a bordo. No geral, seis compõem a equipe de voo e outros 14 formam o time responsável pelas operações de ataque.

O Mercury é uma versão militarizada do avião civil Boeing 707. Os assentos configurados para os passageiros foram removidos e passaram a dar espaço a várias antenas (incluindo do lado de fora) e equipamentos de comunicação.

Quando estão em guerra, são denominados "mission looking glass" (missão espelho). Esse nome tem origem nos anos 1960, e remonta à sua capacidade de repetir os comandos dados em terra para os ataques realizados.

Ficha técnica

E-6B Mercury
Modelo base: Boeing 707
Primeiro voo: Outubro de 1998
Preço unitário: US$ 141,7 milhões (R$ 737,1 milhões)
Comprimento: 45,8 metros
Altura: 12,9 metros
Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 45,2 metros
Peso máximo de decolagem: 154 toneladas
Tripulação: 20 a 22 militares a bordo
Velocidade: Até cerca de 980 km/h

e-6b - Força Aérea dos EUA - Força Aérea dos EUA
Boeing E-6B Murcury, avião usado para comunicações em caso de ataques nucleares
Imagem: Força Aérea dos EUA
e-6b - Greg L. Davis/Força Aérea dos EUA - Greg L. Davis/Força Aérea dos EUA
E-6B Mercury sendo reabastecido em voo por um KC-135R
Imagem: Greg L. Davis/Força Aérea dos EUA
e-6b - Monica Walker/Marinha dos EUA - Monica Walker/Marinha dos EUA
Interior do E-6B Mercury durante visitação
Imagem: Monica Walker/Marinha dos EUA
e-6b - Marinha dos EUA - Marinha dos EUA
Militares a bordo do E-6B Mercury preparam aeronave para missão de treinamento
Imagem: Marinha dos EUA