Todos a Bordo

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Reportagem

Childfree: Aéreas criam voos em que dá para escolher lugar longe de criança

O movimento childfree vem ganhando espaço nos últimos anos. Traduzido como "livre de criança", o termo reflete tanto quem não quer ter um filho como quem não quer conviver com elas. E há até pessoas que pagam por isso. Empresas aéreas, seguindo essa tendência, criaram voos onde é possível evitar conviver com crianças a bordo. Veja onde é oferecido e como funciona.

Avião com área 'blindada' para adultos

Para viajantes sem filhos e a negócios. O grupo turístico europeu Corendon oferece voos entre Amsterdã (Holanda) e Curaçao com uma zona livre de crianças em voos. A operação começa a partir de novembro de 2023 e os bilhetes já podem ser comprados.

Rota será feita por empresa parceira. Embora possua uma companhia aérea, a Corendon optou por realizar esses voos com a empresa espanhola.

O avião escolhido para o voo é um Airbus A350, que pode levar até 432 pessoas a bordo. A rota será feita em parceria com a companhia espanhola World2fly. Embora possua uma aérea própria, a Corendon Airlines, nenhum dos aviões dela conseguem transportar essa quantidade de passageiros.

Mulher viaja com criança de colo em avião
Mulher viaja com criança de colo em avião Imagem: Paul Hanaoka/Unsplash

Parte da frente do avião será reservada só para adultos. A área tem nove assentos com maior espaço para os passageiros e, ainda, conta com 93 poltronas na configuração padrão.

Preço pode ficar até 100 euros mais caro. Voar nesse espaço custará um valor extra na passagem de 45 euros (R$ 233) no assento padrão e 100 euros (R$ 518) em um assento premium.

Espaço é "blindado". Zona livre de crianças é separada fisicamente do resto da aeronave. Para isso, são utilizadas paredes e cortinas, tornando o local uma região "blindada" para tornar o voo mais tranquilo e relaxante, segundo a operadora. Apenas maiores de 16 anos podem entrar no espaço reservado.

"Acreditamos que isso pode ter um efeito positivo nos pais que viajam com crianças pequenas. Eles podem aproveitar o voo sem se preocupar se seus filhos fizerem mais barulho"
Atilay Uslu, fundador da Corendon

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Área livre de crianças do voo da Corendon entre Amsterdã (Holanda) e Curaçao
Área livre de crianças do voo da Corendon entre Amsterdã (Holanda) e Curaçao Imagem: Divulgação/Corendon

Aérea informa assentos reservados por crianças

Japan Airlines também auxilia quem quer evitar voar perto de crianças. Medida anunciada em 2019.

Empresa mostra onde bebês irão ficar. Ao fazer uma reserva de assento no sistema da aérea, era possível ver quais assentos para crianças de oito dias até dois anos de idade foram reservados.

Companhia foi elogiada e criticada. A atitude da empresa despertou paixão e ódio de diversos internautas. Enquanto alguns comemoravam que poderiam voar longe do choro de bebês, outros lembravam que todos já foram bebês um dia e que era necessário ter mais compaixão.

Áreas com restrição de idade

Aérea asiática também evita crianças em alguns voos. A Air Asia tem áreas reservadas em seus aviões Airbus A330 onde apenas quem tem mais de 10 anos de idade pode viajar. Quem voa nessa parte do avião, chamada de zona quieta, terá suas refeições servidas antes das demais pessoas a bordo. Para tornar a experiência mais relaxante, a iluminação também é diferenciada ali.

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'Zona quieta' de voos da companhia aérea AirAsia X, onde menores de 10 anos de idade não podem voar
'Zona quieta' de voos da companhia aérea AirAsia X, onde menores de 10 anos de idade não podem voar Imagem: Reprodução/AirAsia

Aérea Scoot também tem a restrição. A companhia de baixo custo pertencente ao grupo da Singapore Airlines têm áreas em alguns de seus voos onde apenas quem tem mais de 12 anos pode viajar.

Indiana abandonou a prática. A IndiGo, empresa sediada no país asiático, mantinha essa prática, mas a abandonou há alguns anos.

E no Brasil?

Medida não existe no Brasil. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), nenhuma empresa brasileira adotou procedimento semelhante aos descritos nesta reportagem. Por isso, não é uma questão alvo de regulação ou eventual intervenção normativa da agência atualmente.

Restrições devem ser bem fundamentadas. Ainda de acordo com a agência, quaisquer limitações à presença de passageiros em qualquer parte da aeronave "não devem ser adotadas com a intenção de discriminar ou criar distinções entre grupos de passageiros, especialmente considerando que a inclusão dentro da aviação civil é um tema caro à agência".

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Poucas restrições, e relacionadas a segurança. O principal motivo para elas é seguir regulamentações de segurança da aviação. É o caso de assentos próximos às saídas de emergência, que só podem ser ocupados por passageiros adultos e fisicamente aptos. Isso ocorre para que, caso necessário, eles tenham como executar os procedimentos de segurança.

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