Avião temático e tripulação gaúcha: aeroporto do RS reabre após 5 meses
Na manhã desta segunda-feira (21), as operações de voos comerciais foram retomadas no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS). Na sexta-feira (18), os ministros Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) visitaram o aeroporto ao lado de parlamentares do estado.
O primeiro pouso foi de um voo da companhia aérea Azul que partiu de Campinas (SP) e chegou por volta das 8h. Na sequência, desceu um avião da Gol, que decolou do aeroporto de Congonhas, seguido de uma aeronave da Latam.
Como fica a operação?
A capacidade inicial será de 128 voos diários, com 12 operações por hora entre as 8h e 22h. A pista está com seu comprimento total reduzido para 1.730 metros (de um total de 3.200 metros), mas deve ter sua extensão total liberada até o dia 16/12, segundo a Fraport, administradora do aeroporto.
Com a volta dos voos no Salgado Filho, a operação comercial na Base Aérea de Canoas deixará de acontecer. As empresas comunicam aos clientes que os voos a partir do dia 21 de outubro que tinham a base como ponto de partida ocorrerão na capital gaúcha.
Neste momento inicial, serão seis posições de estacionamento dos aviões conectadas às pontes de embarque e uma posição remota, onde será preciso desembarcar do avião e ser conduzido até o terminal de passageiros.
Até agora, serão retomados os voos ligando a capital gaúcha e as cidades de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Guarulhos(SP), Rio de Janeiro (RJ) e São Paul (SP).
A partir de novembro a previsão é que sejam retomados voos para Curitiba (PR), além das cidades gaúchas de Pelotas, Santa Maria, Santo Ângelo e Uruguaiana. Em dezembro, a rota para a Cidade do Panamá (Panamá) também deve ser retomada, e, em 2025, será a vez os voos do Salgado Filho com destino a Buenos Aires (Argentina), Lima (Peru) e Santiago (Chile), segundo a concessionária.
O check-in e o despacho das bagagens foi mantido no check-in internacional, no segundo piso. Os estacionamentos de veículos, serviços de locadoras de veículos e receptivos de turismo já estão em funcionamento.
Aeronaves temáticas e tripulações gaúchas
Pouco após as 8h, a controladora da torre do aeroporto saudou a retomada das operações com a frase "Após 171 dias de aeroporto fechado, bem-vindo novamente a Porto Alegre".
A convite da empresa, o UOL esteve presente no voo da Gol, que foi realizado com um Boeing 737-800 de matrícula PR-VBL comandado por um piloto gaúcho. O avião foi adesivado com a bandeira do Rio Grande do Sul e ilustração alusiva à cultura gaúcha.
Essa pintura faz parte do programa Conheça o Brasil Voando, iniciativa do Ministério do Turismo em parceria com as companhia aéreas para incentivar o turismo no país.
O avião da Azul, um Airbus A320 de matrícula PR-YSN, também estava adesivada em homenagem ao estado do Sul, e contou com piloto e copiloto gaúchos, além do presidente executivo (CEO) da empresa, John Rodgerson. A Latam pousou no Salgado Filho com um A320 com tripulação 100% gaúcha.
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Quero receberEmoção e reconstrução
Natural do Rio Grande do Sul, Paulo Eduardo Zancani, comandante do primeiro voo da Gol na retomada dos voos, fez uma fala emocionada de cinco minutos antes de o avião pousar, o que levou passageiros e tripulação às lágrimas. Ao UOL, ele falou da importância da retomada desses voos.
"Hoje é um dia muitíssimo especial. Vivemos um momento de gratidão. Só quem realmente viveu no Sul entendeu o que foi esse desastre em todos os sentidos. Hoje, com muita emoção, a gente retorna para a nossa casa, o nosso lar. Repletos de esperança e de boas intenções em fazer uma reconstrução em todos os sentidos. Que seja uma virada de página com muito aprendizado e que seja, daqui pra frente, um período de muita construção em todos os sentidos", diz o piloto.
Matheus Motta, gerente de planejamento de infraestrutura aeroportuária da Gol, destacou que a volta dos voos hoje é a retomada da conectividade do estado. "É reconectar o Rio Grande do Sul de forma completa, com a demanda que é exigida e com a infraestrutura necessária", diz o executivo.
John Rodgerson, da Azul, comemorou o retorno das operações no aeroporto, local que representa 10% da malha aérea da empresa. "Temos muitas pessoas aqui em Porto Alegre que sofreram com o que aconteceu. Por isso é muito importante a gente voltar e voltar com força. Por isso quisemos pousar primeiro aqui hoje. O primeiro voo da Azul foi para Porto Alegre e, agora, não é só voltar a operar no aeroporto, mas voltar com força e crescer ainda mais", diz o presidente executivo da Azul.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, e o governador Eduardo Leite (PSDB) também participaram da retomada dos voos comerciais no aeroporto.
Leite falou sobre a necessidade em se ter sistemas extras para evitar novas enchentes no estado e, consequentemente, no aeroporto. "Será necessário elaborar sistemas redundantes para evitar novas enchentes. Também no sistema viário, para garantir a conectividade das cidades gaúchas", disse o político.
Aeroporto ainda em obras
O aeroporto Salgado Filho ainda está passando por obras e, consequentemente, enfrenta problemas. Além da pista não estar totalmente liberada, alguns estabelecimentos estavam sem energia elétrica após o desembarque.
Segundo a CEO da Fraport Brasil, Andreea Pal, até o mês de dezembro as obras devem estar encerradas. "Vamos ter problemas ainda, pois o sistema de energia é temporário. Ainda não está perfeito, mas até dezembro estará tudo melhor", diz a executiva sobre a falta de luz em algumas lojas.
Sobre o risco de enchentes, Pal diz que a expectativa é que a prefeitura e o governo do estado façam todo possível para evitar novas enchentes. "Não é tudo responsabilidade da Fraport. Em 2018, investimos R$ 170 milhões para coletar a água da chuva e evitar alagamentos", destacou executiva.
Relembre o período fechado
Após as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, cerca de 75% pista de pousos e decolagens do aeroporto ficou submersa e ele foi fechado a partir do começo de maio. Nos dias seguintes, teve início uma operação humanitária envolvendo o setor da aviação, tanto civil quanto comercial, que levou toneladas de suprimentos para a região.
Com o aeroporto incapaz de voltar a operar e a com a pista comprometida pelo alagamento, em 9 de maio foi anunciada uma malha aérea emergencial, com voos partindo de regiões próximas às áreas afetadas. No fim de maio, a Base Aérea de Canoas passou a receber 35 voos semanais, número que passou para 80 operações até o retorno do Salgado Filho.
Em julho, os controles de segurança, check-in, embarque e desembarque voltaram a ser realizados no terminal de passageiros do aeroporto da capital gaúcha, mas os voos permaneciam sendo realizados na base militar.
As empresas aéreas voltaram a vender passagens para voos com origem e destino no Salgado Filho a partir de agosto. No mesmo mês, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) aprovou a liberação pelo governo federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, de R$ 425,96 milhões para a Fraport.
Hoje, as operações voltaram parcialmente, com capacidade inicial de 128 voos diários e a previsão de que a partir de dezembro aeronaves de maior porte, como as que realizam voos internacionais, passem a usar o local novamente.
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