Há 65 anos, desastre aéreo de Ramos chocava o país; só o piloto sobreviveu
No dia 22 de dezembro de 1959, um avião da extinta Vasp chegava para o pouso no Rio de Janeiro, mas, perto da pista, foi atingida por uma aeronave de treinamento da FAB (Força Aérea Brasileira).
Com o impacto, a queda, levando à morte dezenas de pessoas, incluindo outras que estavam no solo, no bairro de Ramos, no Rio de Janeiro. Apenas uma pessoa sobreviveu: o militar que passava por treinamento naquele momento.
O voo
Na tarde daquele dia, um Vickers Viscount da Vasp se preparava para pousar no aeroporto do Galeão, na capital fluminense, como ocorria com várias aeronaves diversas vezes ao dia. De matrícula PP-SRG, ela havia partido de Brasília, capital que sequer havia sido inaugurada ainda por Juscelino Kubitschek.
Antes de ir ao RJ, havia feito uma escala em São Paulo. A bordo estavam 26 passageiros e seis tripulantes. Entre os ocupantes, estavam empresários, políticos e jornalistas.
Quando se aproximava para o pouso, entretanto, uma colisão mudou o destino de todos a bordo.
O acidente
Enquanto o Viscount da Vasp voava rumo ao Galeão, um cadete da FAB em treinamento estava a bordo de um Fokker T-21. Segundo relatos, durante a recuperação de uma manobra, ele subiu em direção a uma das asas do avião da empresa aérea paulista, colidindo com ele.
A rota do avião era muito próxima à zona de treinamento dos pilotos militares. A aeronave da FAB não possuía rádio, o que impossibilitava a comunicação com a torre de controle do aeroporto do Galeão.
O militar não viu o avião de passageiros entrando na rota para o pouso, e acabou acertando-o. Após a colisão, a aeronave da Vasp caiu sobre o bairro de Ramos, matando dez pessoas no solo.
Com apenas 19 horas de voo, o militar conseguiu se salvar, saltando de paraquedas e evitando cair junto com seu avião.
O relatório apontou que ambos os pilotos tinham responsabilidade de manter vigilância sobre outras aeronaves, o que se soma ao fato de que o céu tinha plena visibilidade no dia.
As equipes de resgate e membros da população chegaram rapidamente ao local para conter incêndios e buscar sobreviventes. A quantidade de mortes aumentou por causa do incêndio no avião.
O pós-acidente
A tragédia gerou grande comoção nacional e levantou questionamentos sobre os procedimentos de segurança em operações conjuntas entre aviões civis e militares na região.
Houve ainda uma pressão para que a Escola de Aeronáutica fosse retirada do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, e fosse para outro lugar. Anos depois, os alunos militares passaram a se formar na Academia da Força Aérea, em Pirassununga, no interior de São Paulo.
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Quero receberA revista O Cruzeiro perdeu dois jornalistas no acidente. Também morreram o historiador Otávio Tarquínio de Sousa e sua esposa, Lúcia Miguel Pereira, que foi biógrafa de Machado de Assis.
Fontes: Relatório do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão ligado à FAB), livro "O Rastro da Bruxa - História da Aviação Comercial Brasileira" e jornais da época
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