Dólar sobe pelo 3º dia e vai a R$ 2,178; maior valor em mais de 4 anos
Do UOL, em São Paulo
O dólar comercial fechou em alta nesta terça-feira (18), apesar das duas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio. A moeda subiu 0,56%, para R$ 2,178 na venda. É a maior cotação desde o dia 30 de abril de 2009, quando o dólar valia R$ 2,182.
Os investidores estavam preocupados com a reunião do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve, o Fed), que pode diminuir um estímulo mensal de US$ 85 bilhões -a medida reduziria a quantidade de dólares circulando no mercado.
Para conter a alta da cotação no país, o Banco Central realizou dois leilões equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.
No primeiro, foram vendidos 60 mil contratos, movimentando US$ 2,995 bilhões; no segundo, foram vendidos pouco mais de 30 mil, a US$ 1,504 bilhão.
Na véspera, o BC já tinha atuado no mercado com um leilão de venda de dólares, que movimentou US$ 1,957 bilhão. A cotação tinha atingido o nível de R$ 2,17.
Analistas dizem acreditar que os investidores estão testando a tolerância do Banco Central a um dólar mais valorizado.
EUA preocupam investidores
O clima entre os investidores era de cautela antes da reunião de quarta-feira (19) do Federal Reserve, que pode trazer sinais sobre o futuro do estímulo à economia do país.
Declarações recentes de autoridades do Fed, incluindo de seu presidente, Ben Bernanke, alimentaram expectativas de que a instituição comece a reduzir o seu programa de estímulo diante de sinais de recuperação econômica no país. Se isso ocorresse, haveria diminuição na oferta de dólares nos mercados.
As preocupações com o estímulo nos Estados Unidos e a insegurança dos investidores com a economia brasileira levaram a uma mudança de patamar no câmbio em maio. No início do mês, o dólar era cotado próximo de R$ 2,01, mas no fim do período já estava próximo de R$ 2,15.
Analistas acreditam que as medidas recentes do governo para facilitar a entrada de dólares no país--como zerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em negociações no mercado futuro-- devem continuar tendo efeito limitado devido à tendência de alta do dólar no mundo e aos temores com a economia brasileira.
Outras intervenções
O governo e o Banco Central têm adotado uma política mais agressiva em relação à valorização do dólar. No dia 4 de junho, o governo zerou a alíquota de 6% sobre investimentos estrangeiros em renda fixa, tentando atrair capital externo para o país.
Na semana passada, foram feitos quatro leilões de venda de dólares, dois na segunda-feira e dois na terça. Quando o BC vende dólares, a intenção é que o excesso de oferta faça a cotação da moeda cair. Por outro lado, quando quer que ela suba, o BC compra dólares no mercado.
Apesar das medidas, na quarta-feira o dólar atingiu o nível de R$ 2,15 pela primeira vez em mais de quatro anos. Depois do fechamento do mercado, o BC anunciou, então, mais uma medida: zerou a alíquota de 1% do imposto sobre operações de venda de dólares no mercado futuro.
(Com Reuters)