Achando o dólar alto no Brasil? Está muito pior na Argentina e no Chile
Resumo da notícia
- Levantamento considera período entre 1º de janeiro e 27 de novembro
- Dólar registrou maiores altas na Argentina (59,2%) e Chile (18,1%)
- No Brasil, alta da moeda norte-americana ficou em 9%
- México foi o único país entre os seis analisados em que o dólar ficou mais barato (-0,54%)
As moedas de Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, México e Peru reagiram de forma diferente em 2019 —ano marcado pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, queda de juros nas maiores economias mundiais e investidores à procura de lugares seguros para colocar seu dinheiro.
Apesar de ter subido bastante aqui no Brasil, o dólar disparou bem mais na Argentina e no Chile. Considerando o período entre 1º de janeiro e 27 de novembro, o dólar registrou forte alta em relação ao peso argentino (59,2%) e o chileno (18,1%). No Brasil, a valorização em relação ao real foi de 9,06%.
Veja quanto variou o dólar na América Latina neste ano (até 27/11)
- Argentina: 59,2% (de 37,62 para 59,90 pesos argentino)
- Chile: 18,1% (de 692,95 para 818,30 pesos chilenos)
- Brasil: 9,06% (de R$ 3,88 para R$ 4,25)
- Colômbia: 7,95% (de 3.245 para 3.503 pesos colombianos)
- Peru: 0,47% (de 3,37 para 3,38 novos sóis)
- México: -0,54% (de 19,64 para 19,53 pesos mexicanos)
Argentina e Chile
Segundo Patricia Krause, economista da seguradora de crédito internacional Coface para a América Latina, a crise na dívida pública e as mudanças políticas foram os principais fatores que levaram à desvalorização do peso argentino muito acima das outras grandes economias da região.
A moeda argentina chegou a despencar 30% em relação ao dólar em 12 de agosto, dia seguinte à derrota do então presidente Maurício Macri nas eleições primárias. O ex-presidente, de proposta mais liberal na economia, anunciou na sequência uma série de medidas para tentar conter a inflação e a saída de capital estrangeiro, mas não foi o suficiente para evitar sua derrota nas urnas para o candidato da frente de esquerda, Alberto Fernández, que tomou posse nesta terça (10).
A economista afirma que o Chile, apesar de ter uma economia estável e com bons índices de crescimento nos últimos anos, sofreu com a desvalorização da moeda principalmente a partir dos protestos populares, que começaram em meados de outubro e continuam até hoje.
Brasil e Colômbia
Economista do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli atribui a desvalorização do real frente ao dólar principalmente à guerra comercial entre EUA e China. Com a tensão internacional, investidores procuram economias mais seguras que a brasileira para investir, mesmo que isso represente menor retorno.
Ela acredita que a aprovação da reforma da Previdência foi um bom sinal do Brasil em 2019, o que evitou uma desvalorização ainda pior. Por outro lado, a economista diz que a estabilidade cambial depende ainda de outras medidas estruturais na economia que passem segurança para o investidor estrangeiro. "As reformas tributária e administrativa precisam avançar para a gente ter um ambiente melhor para os negócios."
A Colômbia, na avaliação de Patricia Krause, sofreu o impacto em 2019 da queda dos preços do petróleo e de carvão —produtos que o país exporta e que têm participação importante na economia local.
A economista destaca que o governo colombiano também enfrenta protestos de estudantes e sindicalistas desde o final de novembro e que os investidores estão atentos para os desdobramentos dessa crise.
Peru e México
Diferentemente das outras grandes economias da América Latina, Peru e México conseguiram atrair investimentos estrangeiros com finanças organizadas e taxas de juros mais altas, o que manteve suas moedas praticamente estáveis. O dólar chegou inclusive a perder valor frente ao peso mexicano no período analisado.
"O Peru passou por uma crise política entre setembro outubro, quando dissolveu o congresso. Mas tem uma situação macroeconômica estável, com uma conta corrente não muito deficitária e dívida pública baixa", afirma Patricia Krause.
Já o México, segundo a economista, apesar de uma atividade econômica fraca, se beneficia no mercado internacional por manter taxas de juros altas. Com juros básicos a 7,5% ao ano e inflação em torno de 3%, o México atrai investidores estrangeiros. A entrada de dólares valoriza a moeda local.
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