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Nova Bolsa do Rio: quem ganha com a novidade e o que muda para o investidor

A nova Bolsa de Valores do Rio está prevista para começar a operar no segundo semestre de 2025, ainda não tem endereço e nem um nome definido, mas a novidade já vem levantando muitos questionamentos sobre o que muda e principalmente se a nova operação vai trazer vantagens para os investidores.

Quem ganha e o que muda com a novidade?

O anúncio da nova bolsa foi feito pelo CEO do Americas Trading Group (ATG), Claudio Pracownik, no último dia 3 de julho. A previsão é que comece a operar no segundo semestre de 2025, transformando a cidade do Rio novamente num importante centro financeiro do país.

Queda do ISS. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE), uma das mudanças é que com a novidade, cai de 5% para 2% o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), que incide sobre as atividades a serem desempenhadas por uma bolsa de valores, mercadorias e futuros, bem como sobre as atividades exercidas por sociedades que atuam na negociação, liquidação e custódia de ativos financeiros.

Com isso, o ISS fica equivalente ao de São Paulo, trazendo mais competitividade entre a B3 e a nova bolsa carioca. A ATG, empresa responsável pela operação da nova bolsa, que pertence ao fundo de investimentos Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, já protocolou todos os pedidos necessários junto aos reguladores responsáveis: Banco Central e CVM.

Possível levar os papéis de uma Bolsa a outra. Ao UOL, eles disseram que a nova operação terá atuação nas três camadas da Bolsa de Valores: casamento de ordens (sistema da bolsa), clearing (empresa que liquida e compensa operações, medindo risco de mercado), e depositária (possibilitando que os papéis troquem de titularidade, independentemente da Bolsa onde foram compradas ou vendidas). Ou seja, com isso será possível trazer os papéis de uma Bolsa para a outra.

Possibilidade de novos investidores. Já as empresas que estarão na Nova Bolsa carioca, serão basicamente as mesmas da B3, segundo a ATG, a diferença é que o Rio possui mais de quatro mil fundos, o que representa 17,6% do total do Brasil. Ou seja, é possível haver a entrada de novos investimentos, juntamente com novos investidores. Segundo dados que constam no estudo "Setor Financeiro do Rio", o estado reúne R$ 2,2 trilhões sob gestão, o que representa 34% dos valores investidos no país, reunindo 22,6% dos cotistas, com 1,1 milhão de investidores, e 20,4% das assets.

Vantagens para o investidor

Benefício para a economia. Para Aurélio Valporto, economista e presidente da Associação Brasileira de Investidores, a criação da nova bolsa traz benefícios não apenas para o investidor, mas para a economia e desenvolvimento do país como um todo por meio de novos investidores estrangeiros:

A concorrência não é só muito bem-vinda, mas é essencial e indispensável para o desenvolvimento econômico do país. Com a chegada desta nova bolsa em operação, o Brasil tende a atrair mais capitais externos, não pela redução das tarifas que a concorrência deve trazer, não pela elevação nos padrões de compliance, também inerentes à concorrência, mas porque muitos investidores institucionais estrangeiros têm por norma não aplicarem seus recursos em países que não possuam mais de uma bolsa de valores para terem mais de uma opção de operação, em caso de impossibilidade por qualquer motivo de operar em uma delas.
Aurélio Valporto, economista e presidente da Associação Brasileira de Investidores

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As principais vantagens para o investidor, serão:

  • Sistema mais rápido
  • Preço mais justo
  • Maior competitividade
  • Previsão de redução de custos dos serviços
  • Novas opções de fundos e investimentos

Preços mais justos. Segundo a ATG, os investidores globais também compreendem que os preços dos ativos serão mais justos à medida que será dada mais liquidez ao mercado, com rapidez e agilidade para observar essas necessidades e agir com precisão. Os investidores podem esperar preços mais justos, mais tecnologia, eficiência e rapidez. Tudo isso ancorado em uma governança corporativa muito forte, com um acionista de referência enorme e de credibilidade nacional e global. A ideia é que a nova bolsa possa superar a qualidade da B3.

A B3, juntamente com sua câmara de compensação, é uma das bolsas mais caras do mundo. A concorrência deverá reduzir os custos dos serviços. O mesmo podemos dizer em relação à regulamentação e conformidade, que deverá ser melhorado também em função da concorrência. A consequência será um mercado com mais credibilidade. E credibilidade é o mais importante ativo do mercado de capitais. Sem um ambiente sério de negócios não há atração de investimentos.
Aurélio Valporto, economista e presidente da Associação Brasileira de Investidores

História

A nova Bolsa surge após mais de 20 anos do encerramento das atividades da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ). Diferente de agora, que o país opera ativos financeiros apenas pela B3, o Brasil já teve uma Bolsa em Salvador e no Rio de Janeiro, fundadas em 1851.

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A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) foi a que teve maior relevância por mais tempo. Com o grande volume de recursos circulando no mercado acionário, principalmente em decorrência dos incentivos fiscais, houve um rápido crescimento da demanda por ações pelos investidores, sem haver aumento simultâneo de novas emissões de ações pelas empresas.

Em 1970 e 1971, as cotações das ações não pararam de subir. Após alcançar o seu ponto máximo, iniciou-se um processo de realização de lucros pelos investidores mais esclarecidos e experientes que começaram a vender suas posições. O quadro foi agravado pelo movimento especulativo, conhecido como "boom de 1971", teve curta duração, mas teve como consequência vários anos de mercado deprimido, pois algumas ofertas de ações de companhias extremamente frágeis e sem qualquer compromisso com seus acionistas, geraram grandes prejuízos e mancharam a reputação do mercado acionário.

Mudança para São Paulo. A partir daí, novas bolsas surgiram, mas foi somente em 2008 que a BM&F e Bovespa se fundiram, dando origem à BM&FBOVESPA e, em 2017, BM&FBOVESPA e CETIP criaram a B3 - Brasil, Bolsa e Balcão, em São Paulo.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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