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Ações da Petrobras desabam quase 30% após preço do petróleo cair

Marcelo D. Sants/Framephoto/Estadão Conteúdo
Imagem: Marcelo D. Sants/Framephoto/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo*

09/03/2020 17h36Atualizada em 09/03/2020 18h27

As ações da Petrobras desabaram quase 30% nesta segunda-feira (9), após uma disputa entre Rússia e Arábia Saudita derrubar os preços do petróleo. É a maior queda já registrada. As ações ordinárias, com direito a voto em assembleia, perderam 29,68%, a R$ 16,92. As preferenciais, com prioridade na distribuição de dividendos, recuaram 29,7%, a R$ 16,05.

Esse desempenho representou uma perda de cerca de R$ 91 bilhões no valor de mercado da petrolífera, segundo a agência de notícias Reuters.

A forte queda na cotação do petróleo ocorreu após a Arábia Saudita ter sinalizado que elevará a produção para ganhar participação no mercado. Os sauditas cortaram seus preços oficiais de venda.

Bolsa despenca e dólar bate recorde

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou a segunda-feira com forte queda de 12,17%, aos 86.067,20 pontos —mesmo nível de dezembro de 2018, antes de Jair Bolsonaro assumir a Presidência.

As negociações na Bolsa chegaram a ficar suspensas por 30 minutos durante a manhã, quando a Bolsa registrou queda de 10% e acionou o mecanismo de "circuit breaker".

O dólar comercial fechou em alta de 1,97%, a R$ 4,726 na venda. Este é o maior valor nominal (sem considerar a inflação) de fechamento desde a criação do Plano Real. O dólar subiu forte mesmo após o Banco Central ter feito uma intervenção reforçada no mercado de câmbio.

Governo não vai interferir em preço, diz Bolsonaro

Analistas preveem que a queda do preço do petróleo deve levar ao recuo do preço de combustíveis nas bombas, ainda que não tão intenso.

Por meio das redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro negou que o governo estude aumentar a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) para manter os preços dos combustíveis.

"NÃO existe possibilidade do Governo aumentar a CIDE para manter os preços dos combustíveis. O barril do petróleo caiu, em média, 30% (US$ 35 o barril). A Petrobras continuará mantendo sua política de preços sem interferências. A tendência é que os preços caiam nas refinarias", escreveu no Twitter.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, negou que haja previsão de aumento da Cide. Ele disse que instrumentos podem ser aplicados no futuro, porém, "não no caso particular do que está ocorrendo no dia de hoje."

Bancos cortam projeções

Analistas do Bradesco BBI cortaram a recomendação para os papéis da Petrobras para 'neutra', reduzindo o preço-alvo das preferenciais de R$ 38 para R$ 23,50, para incorporar "um cenário de preço do petróleo mais pessimista em nosso modelo após a enorme decepção com a última reunião da Opep e as repercussões anunciadas pela Arábia Saudita".

O Goldman Sachs cortou sua previsão para os preços do petróleo Brent para o segundo e terceiro trimestres de 2020, para US$ 30 o barril, "com possíveis quedas de preços para níveis de estresse operacional e custos de caixa bem próximos de US$ 20 o barril", conforme relatório a clientes ainda no domingo.

Analistas do BTG Pactual ponderaram que é difícil projetar qualquer cenário neste momento, acrescentando que seu panorama base consiste em preço do Brent em US$ 57,50 e dólar a R$ 4,25, o que indicaria papel negociando abaixo de 5 vezes Ebitda, conforme nota a clientes.

"Mas sabemos que claramente existe risco de 'downside' nesse cenário (o que pode disparar revisões de previsões de lucros para baixo). Considerando o Brent no preço atual de US$ 36, a ação estaria negociando a 9,2 vezes o Ebitda 2020."

*Com Reuters

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