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Dólar fecha abaixo de R$ 5 após mais de um ano; Bolsa também tem queda

Valor de fechamento do dólar é o menor desde 10 de junho do ano passado - Suamy Beydoun/AGIF/Estadão Conteúdo
Valor de fechamento do dólar é o menor desde 10 de junho do ano passado Imagem: Suamy Beydoun/AGIF/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

22/06/2021 17h21Atualizada em 22/06/2021 17h45

Pela primeira vez em 2021, o dólar fechou o dia abaixo do patamar de R$ 5. A moeda americana registrou forte queda de 1,13%, e terminou a sessão cotada a R$ 4,966 na venda — o menor valor em mais de um ano, desde 10 de junho, quando chegou a R$ 4,936.

Só em junho, o dólar já acumula perdas de 4,95% frente ao real. No ano, a queda é um pouco menor, de 4,29%.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), também terminou o dia em baixa, voltando ao patamar dos 128 mil pontos. O indicador teve queda de 0,38%, fechando aos 128.767,45 pontos.

Mesmo com o desempenho de hoje, o Ibovespa segue com saldo positivo no mês, tendo acumulado ganhos de 2,02% desde o dia 1º. Em 2021, o salto é de 8,19%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Reação ao Copom

A movimentação do dólar e da Bolsa são uma reação dos investidores à ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) realizada na semana passada. Divulgado hoje, o documento indicou que o Banco Central considerou acelerar a alta dos juros básicos da economia (taxa Selic) já na semana passada, em meio à inflação persistente no Brasil.

Na última reunião, em 16 de junho, o Copom promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual na Selic, agora em 4,25% ao ano, deixando em aberto a possibilidade de fazer um novo ajuste da mesma magnitude no próximo encontro, em agosto.

Com a divulgação da ata da reunião, porém, agora há a expectativa para que a taxa suba ainda mais.

"A ata não apenas reforça a preocupação quanto à inflação como também aumenta o tom contra o cenário inflacionário, tendo assim leitura 'hawkish' [austera, com juros altos e inflação mais controlada]", avaliou o estrategista-chefe do banco digital modalmais, Felipe Sichel.

Apesar de [os diretores do Copom] indicarem uma nova alta de 0,75 ponto percentual [na Selic] para agosto, a chance de um aumento em 1 ponto ganhou ainda mais força.
Felipe Sichel, estrategista-chefe do modalmais

Paralelamente, a projeção para a Selic no final de 2021 voltou a subir, segundo Boletim Focus divulgado ontem. O mercado agora vê os juros em 6,50% ao final do ano, ante expectativa de 6,25% apresentada na pesquisa anterior. Para 2022, permanece a projeção de 6,50%.

Um maior diferencial de juros entre Brasil e países de economias avançadas tende a beneficiar o real, principalmente devido a estratégias de "carry trade", que consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros da divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.

(Com Reuters)