Dólar sobe e Bolsa cai 2% após notícias de offshores e impacto global
O dólar comercial operava em alta e a Bolsa em queda na tarde de hoje. Por volta das 15h (de Brasília), a moeda norte-americana subia 1,4%, vendida a R$ 5,445, refletindo o clima de cautela nos mercados globais em meio a temores sobre a inflação, enquanto incertezas domésticas continuavam em foco após reportagens baseadas em um megavazamento de informações sobre empresas offshore.
No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), operava em queda de 2,35%, atingindo 110.246,203 pontos.
Na sexta-feira, o dólar fechou em queda de 1,42%, cotado a R$ 5,369 na venda, e a Bolsa em alta de 1,73%, a 112.899,641 pontos.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Inflação e auxílio emergencial
Em meio a persistentes gargalos de oferta e custos elevados de energia, a inflação alta tem dado sinais de que pode durar mais tempo do que o esperado pelos principais bancos centrais de países desenvolvidos, ao mesmo tempo que algumas grandes economias, como a China, dão sinais de desaceleração.
"As preocupações com atividade econômica e inflação global pesam sobre os negócios nesta manhã", escreveram analistas do Bradesco, chamando a atenção também para a política monetária do Federal Reserve antes da divulgação, na sexta-feira, de um importante relatório de emprego.
"As condições do mercado de trabalho norte-americano são uma das principais variáveis condicionando o momento do início da retirada de estímulos monetários pelo Fed. A sinalização recente do Fomc (comitê de decisão de política monetária) de que isso poderá ocorrer em sua próxima reunião, no início de novembro, torna essa divulgação ainda mais relevante".
Segundo especialistas, o início da reversão das generosas medidas de estímulo adotadas pelo banco central norte-americano durante a pandemia de coronavírus tenderia a apoiar o dólar, em meio à perspectiva de retorno de recursos para os EUA.
Enquanto isso, no cenário doméstico, "a preocupação continua com a provável extensão do auxílio emergencial pelo governo", disse a XP em nota matinal, citando dificuldades de aprovação da reforma do Imposto de Renda e da PEC dos precatórios nas duas casas legislativas até dezembro.
Boa parte dos participantes do mercado tem alertado para a falta de recursos dentro do teto dos gastos do governo para financiamento de prorrogação nas medidas de auxílio emergencial, que expiram neste mês, o que tem afetado o sentimento local nas últimas semanas.
Pandora Papers
As reportagens revelaram, até agora, que empresários brasileiros e políticos como o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, são sócios de offshores localizadas em paraísos fiscais.
No entanto, não foi apenas no Brasil que o Pandora Papers identificou políticos como proprietários ou beneficiários de empresas offshore. De acordo com o consórcio, ao todo, 35 líderes o ex-líderes de países em todo o mundo e outros 300 agentes públicos aparecem nos documentos vazados.
Guedes afirmou que as atividades privadas dele anteriores à sua posse como ministro foram informadas aos órgãos competentes. Já Campos Neto afirmou que todo o seu patrimônio, no país e no exterior, foi declarado à Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Receita Federal e ao Banco Central.
* Com Reuters
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