A volta de Donald Trump à Casa Branca mexeu com o mercado no Brasil e ao redor do mundo. O dólar turismo chegou ao nível de R$ 6 na manhã desta quarta-feira (6).
O que aconteceu
Leve oscilação durante o dia. A moeda americana perdeu um pouco a força à tarde, mas segue se valorizando em todo o mundo, repetindo o movimento que os avanços de Trump nas pesquisas de intenção de voto vinham provocando nas últimas semanas.
Por volta das 16h, o dólar comercial, usado em transações entre empresas e principal referência da cotação da moeda americana no país, caía 1,14%, vendido a R$ 5,681. O dólar turismo estava cotado a R$ 5,942 na venda.
Dólar deve avançar nos próximos dias. As políticas protecionistas defendidas por Trump deverão continuar fazendo o dólar avançar, segundo especialistas. Como consequência dessa esperada alta, o Brasil tende a sofrer com mais inflação e novas altas das taxas de juros para tentar segurar os preços.
No exterior, a moeda americana tinha elevação ante outras divisas. Subia 1,8% contra o iene japonês, 2,1% contra o euro e 1,1% contra o dólar australiano.
O que pode mudar? O presidente eleito disse, durante a campanha eleitoral, que pretende fechar a economia com o aumento de impostos para a importação de diversos bens e serviços. Esse tipo de medida aumentaria o déficit fiscal norte-americano e elevaria as taxas de juros nos EUA.
Nas últimas semanas, a possibilidade de uma vitória de Trump fez a moeda americana se valorizar ante outras divisas. A hipótese de elevação dos juros — consequentemente, dos rendimentos da renda fixa americana — fez investidores se anteciparem e correrem para deixar seus países de origem e migrar para esse tipo de ativo nos EUA, em um movimento que requer a compra de dólares e pressiona as cotações da moeda.
Atual recorde nominal do dólar comercial ante o real foi alcançado na pandemia. A cotação de fechamento de R$ 5,90 da moeda norte-americana foi atingida em 13 de maio de 2020, período que marcava o início da crise sanitária.
Por que o dólar subiu tanto?
Dólar é influenciado por diversos fatores. A cotação da moeda americana no Brasil sofre influência não apenas de questões econômicas, mas também políticas. Recentemente, a expectativa de uma reforma estrutural na economia, a ser realizada pelo governo federal nos próximos dias, fez com que a moeda fechasse com um dos maiores valores desde agosto, R$ 5,70. Isso ocorre porque parte do mercado financeiro aguarda, ansiosamente, por medidas de austeridade e considera que o governo está demorando a implementá-las.
Eleição de Trump é uma das razões para essa alta. No entanto, o professor do Mackenzie comenta que eventos globais recentes também impactam a cotação da moeda americana no Brasil, entre eles a vitória do ex-presidente Donald Trump. "[O fato de o dólar turismo ter chegado a R$ 6 tem] um componente emocional associado à vitória do presidente Trump e ao que ele de fato fará em relação às barreiras alfandegárias". Trump prometeu, em campanha, reduzir impostos para os americanos e aumentar as tarifas sobre produtos importados.
Haverá agora um período longo de transição de governo, basicamente até março. É um período longo e até lá vai haver muita especulação sobre qual vai ser de fato a política econômica do novo governo Donald Trump, quem serão seus encarregados da área econômica e qual a política econômica que ele vai traçar.
Gilberto Braga, professor do curso de Economia e Finanças do Ibmec-RJ
Grande procura aumentou o dólar turismo. "Há um movimento de maior procura de dólar, especialmente por pessoas físicas. Assim, quem possui dólares em caixa para venda acaba oferecendo a um preço mais alto. Sendo assim, os valores ficam acima de R$ 6", explica Fabio Andrade, economista e professor do curso de Relações Internacionais da ESPM.
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