Bolsa sobe ao maior patamar em quase 2 anos e meio; dólar cai a R$ 4,918

O Ibovespa subiu 2,42% e chegou aos 129.465,08 pontos, o maior patamar desde 24 de junho de 2021 (129.513,62). Também é a maior alta diária em mais de um mês, desde 3 de novembro (2,7%). Em dezembro, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) saltou 1,68%.

Já o dólar caiu 0,97% e fechou o dia vendido a R$ 4,918, interrompendo uma sequência de quatro altas seguidas. No mês, porém, a moeda ainda registra leve ganho de 0,05% frente ao real.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.

O que aconteceu

Perspectiva de juros mais baixos nos EUA fez dólar cair. O Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) decidiu manter os juros básicos na faixa de 5,25% a 5,5%, em função do enfraquecimento da economia. A autoridade monetária também sinalizou três cortes nos juros em 2024, o que animou os mercados — especialmente os emergentes, como o brasileiro.

Queda dos juros nos EUA costuma beneficiar o real e o Ibovespa. Isso acontece porque, com juros elevados, os investidores redirecionam recursos para o mercado de renda fixa americano, considerado muito seguro. Por outro lado, sinais de que o Fed poderia começar a reduzir as taxas em breve tendem a impulsionar moedas mais arriscadas, porém mais rentáveis, como o real.

No Brasil, BC anunciou novo corte nos juros básicos hoje. O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, de 12,25% para 11,75% ao ano, na última reunião de 2023. Segundo o BC, "o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia", que mantém a trajetória de desinflação.

A queda [dos juros americanos em 2024] é coerente com um cenário de menor crescimento e uma inflação que cede. Mais e mais vemos a redução de juros se materializar, e a grande questão agora reside mais em quando e quanto serão esses possíveis cortes [nos EUA].
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue

Ibovespa em alta é, sem sombra de dúvida, reflexo do otimismo com a expectativa de juros menores para os próximos meses. A gente sabe que a taxa de juros mãe - que é a taxa dos EUA - tende a impactar todos os países. Então, uma expectativa de juros menores é também uma expectativa de crescimento maior para os outros mercados.
Vinícius Moura, economista e sócio da Matriz Capital

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