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Entenda sua relação com o dinheiro e invista sem seguir modinha

O que fazer para parar de gastar o dinheiro do investimento? Como estabelecer metas realistas e manter a disciplina emocional para alcançá-las? E como não cair em modinhas ou investir no 'efeito manada'? Essas e outras dúvidas foram respondidas pela planejadora financeira Keylla Santos, no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL.

Essa matéria faz parte da série sobre o universo das finanças comportamentais. Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo de 30 de novembro. A série trouxe outras três lives ao vivo, e assinantes podem rever as aulas quantas vezes quiserem. Veja o primeiro, o segundo e o terceiro aulão completos.

Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40. Assine aqui e participe!

A última série do Papo com Especialista foi sobre como sair das dívidas para começar a investir. Para saber mais, acesse "Depois de sair das dívidas, como investir para realizar seus sonhos?".

Como evitar gastar o dinheiro do investimento?

Não deixe sobrar dinheiro. Keylla diz que o dinheiro que sobra é "aquele dinheiro sem intenção" e que vira gasto. "Se você não coloca 'intenção' nesse dinheiro, se você não prioriza o seu investimento no início do mês, a tendência é que você gaste mesmo", afirma. Portanto, diz ela, não espere sobrar dinheiro para investir. "Quando a gente fala de gestão financeira, não podemos esperar sobrar dinheiro para investir", afirma.

Use o "orçamento base zero". Essa metodologia visa dar rumo para cada real que entra na sua estrutura financeira. É como "carimbar" o seu dinheiro, seja para pagar seus gastos, seja para os seus investimentos.

Faça o seu orçamento, entendendo quais são os gastos fixos, os variáveis e os eventuais. "Faça uma estimativa de quanto você vai direcionar para cada uma dessas categorias, e entenda também quanto que seus projetos custam", diz. Assim, segundo ela, fica mais fácil definir a sua capacidade de poupar. "A partir disso, você vai conseguir levantar o valor necessário para direcionar para a sua reserva, para os seus investimentos", afirma.

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Direcione o valor para o seu "eu do futuro". "Essa será sua prioridade assim que começar o mês. Ou seja, a primeira coisa a fazer é separar o dinheiro que vai para o seu 'eu do futuro', e o que resta vai para o seu padrão de vida. Mude a ordem das coisas. O investimento ganha prioridade", declara.

Por que é importante pensar assim? Essa estratégia te ajuda a fugir de um erro de percepção chamado de "desconto hiperbólico", que é a crença infundada na sua capacidade futura. "É aquela sensação de que 'mês que vem será melhor', 'até o final do mês eu vou conseguir guardar dinheiro', 'daqui a cinco ano começo a guardar para a minha aposentadoria, porque vou ter aumentado a minha renda'. Ou seja, a gente sempre acredita que no futuro nós seremos melhores ou vamos conseguir ter mais controle dos nossos impulsos", diz.

Do mesmo jeito que você tem compromisso de pagar aluguel, de pagar a conta de luz, de fazer as compras do mês, você também tem o compromisso de todo mês direcionar um valor para o seu 'eu do futuro'.
Keylla Santos, planejadora financeira

A gente enxerga o nosso 'eu do futuro' com mais capacidade do que realmente é. Mas a gente precisa trabalhar com as ferramentas que nós temos em mãos. Por isso, a sugestão: O que você pode fazer hoje?

No mundo dos investimentos, como não seguir modinhas?

Fazer a tarefa de casa, que entender qual o seu objetivo, projeto de vida e o motivo por trás daquele investimento. "Isso é essencial. Sem fazer essa reflexão, fica mais difícil escolher os investimentos mais adequados para você. Para fugir de modinhas, você precisa olhar da porta para dentro", declara.

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Tenha clareza do seu perfil de risco, do seu momento de vida e da sua capacidade financeira.

Conheça bem o funcionamento dos produtos de investimento. "Você pode achar que uma mudança de mercado vai impactar a carteira, ou até tem um impacto pontual, mas, às vezes, aquele investimento precisa de certa maturidade, de um certo tempo, até você ter o resultado esperado", afirma.

Se você tem clareza dos seus objetivos e da visão de longo prazo, se entende como funcionam os produtos de investimento e se sabe qual o seu perfil de risco, dificilmente você vai ficar sendo marionete nas mãos de outras pessoas.

Como não ser enganado nos investimentos por sugestões alheias

É importante ficar atento ao receber recomendações de amigos, influenciadores ou até de gerentes de bancos. "É muito fácil a gente ter uma visão distorcida, ou as informações serem apresentadas de forma incompletas ou com recorte para direcionar as nossas análises", diz Keylla.

Busque conhecimento e informações sobre o assunto, para conseguir ser mais crítico em relação a essas recomendações.

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Tenha clareza do que você está buscando com os investimentos. É preciso entender qual o objetivo daquele dinheiro: É para a reserva financeira, para a faculdade dos filhos, para uma viagem, para a compra da casa própria, para a aposentadoria? "É importante ter um porquê por trás do investimento, para você entender se aquele determinado produto atende às suas necessidades", afirma. Por exemplo: para a reserva financeira, o investimento precisa ser seguro, ter liquidez (resgate rápido) e uma rentabilidade justa.

Faça perguntas, questione, tire dúvidas. Não saia da conversa com dúvidas, não tenha medo de parecer que as perguntas são iniciais, diz Keylla. Você precisa saber, por exemplo, sobre o risco envolvido, resgate do dinheiro, taxas, impactos de um cenário adverso, etc.

Uma pergunta norteadora que pode te ajudar muito é: 'Essa sugestão beneficia quem? Esses benefícios são apresentados de maneira clara?'. Colocando essas informações na mesa, é mais fácil para você tomar uma decisão.

Tenha cuidado com as heurísticas. Elas são a nossa tendência de cortar caminho para tomar uma decisão. Isso pode te levar ao erro e ao "efeito manada", que é seguir uma recomendação somente por que está todo mundo fazendo.

Como estabelecer metas realistas e manter a disciplina emocional para alcançá-las?

Seja específico no momento de estabelecer suas metas realistas. Para isso, Keylla diz que há uma abordagem (chamada de "Smart") pode te ajudar a estabelecer metas.

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Específico: As metas devem ser claras e específicas, evitando ambiguidades. Isso ajuda a definir com precisão o que você quer (compra da casa, viagem, aposentadoria, etc.).

Mensurável: As metas devem ser quantificáveis, permitindo que você acompanhe o progresso delas. "Isso envolve a definição de critérios concretos para medir o progresso", afirma.

Alcançável: As metas podem ser desafiadoras, mas precisam ser alcançáveis. Certifique-se de que estão dentro das suas capacidades e recursos, em um certo período de tempo. Segundo ela, metas inatingíveis podem levar à frustração, enquanto metas muito fáceis podem não ser motivadoras.

Relevante: As metas devem ser relevantes e alinhadas com os seus objetivos, valores e planejamento financeiro. Certifique-se de que a meta faz sentido no contexto mais amplo da sua vida ou do seu negócio. "Se a meta não tiver muito peso, outras coisas vão ganhando prioridade", diz.

Temporal: Estabeleça prazos específicos para suas metas. Isso cria um senso de urgência e ajuda a evitar a procrastinação. Os prazos também facilitam o acompanhamento do progresso.

Não conte com a disciplina, diz a planejadora financeira. "Nós somos influenciados pelas nossas emoções, somos seres emocionais, complexos, e sofremos distorções na hora de analisar e tomar uma decisão. Portanto, não conte tanto com a disciplina", afirma Keylla.

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Vale buscar estratégias que facilitem a tomada de decisão. "Reforço a dica anterior de priorizar os investimentos. No início do mês, já reserva um valor para investir", diz.

Para manter a disciplina emocional, priorize. Conte menos com a sua disciplina e tente automatizar suas decisões, como colocar uma transferência automática [dos aportes mensais] na sua conta bancária. Torne esse processo de investir o seu dinheiro automático.
Keylla Santos

Como lidar com o medo e a ansiedade em momentos de volatilidade?

O medo pode ser um indicador de algo está errado na sua política de investimentos. A oscilação no mercado é bem comum, principalmente no curto prazo. "Mas se a volatilidade ou a mudança de taxas te deixa ansioso, com medo, ou até te motivando a fazer alguma coisa, pode ser que a sua carteira de investimentos não esteja tão adequada ao seu perfil", diz.

Vale reavaliar o seu perfil de risco. "Reflita se a sua política de investimento foi pensada de maneira completa, considerando o seu planejamento financeiro e as características do seu projeto", afirma.

"Quando a gente fala em investir, principalmente em classes de ativos que sofrem com a volatilidade, é interessante que esses investimentos sejam pensados para o longo prazo. Então, se você está sofrendo com o resultado no curto prazo, talvez valha repensar a sua estratégia. O medo pode ser um alerta de que você precisa rever a sua política de investimentos", afirma.

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Tente perceber de onde vem esse medo e, a partir disso, corrigir a rota e estabelecer novos parâmetros mais adequados ao seu momento financeiro, projetos e perfil de risco. Dessa forma, deve aumentar a sua confiança.
Keylla Santos

Como superar o nervosismo inicial e tomar decisões mais conscientes?

Comece com pouco dinheiro e vai testando. "Você não precisa colocar todo o seu dinheiro em um único investimento. Você pode testar. Para ir diminuindo o seu nervosismo, comece com um valor que não vai impactar tanto o seu patrimônio, vai testando, veja como funciona, estude bem aquela opção de investimento. Desta forma, você vai ganhando segurança", diz.

"O primeiro investimento é sempre mais difícil, porque a gente precisa superar a barreira do novo. Na maioria das vezes, a gente está absorvendo muita informação, e esse primeiro passo é mais desafiador", diz Keylla.

Como controlar o impulso de vender e tomar decisões mais racionais?

Esse comportamento é chamado de aversão à perda. "A psicologia econômica mapeou que nós temos um sentimento de dor muito maior quando estamos perdendo, do que quando estamos ganhando. Ou seja, a gente sofra mais quando estamos perdendo", diz Keylla.

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Lembre-se do objetivo inicial do investimento. Para Keylla, ao colocar dinheiro em investimentos com alto risco, a ideia é que a estratégia tenha sido pensada para projetos de longo prazo.

Certifique-se de que sua carteira de investimentos esteja diversificada. Uma classe de ativos da sua carteira pode estar tendo uma queda mais representativa, ms, por outro lado, outra classe pode estar em alta. "É importante fazer essa diversificação até para conseguir minimizar esse risco", diz.

No momento em que você estabelece uma política de investimentos de forma mais estratégica, essas mudanças no mercado influenciam menos os seus resultados. Se você tem uma perspectiva de longo prazo, um resultado pontual pode não representar nada.
Keylla Santos

Reveja o seu perfil de risco se está adequado aos investimentos. "Talvez o ativo não seja muito adequado ao seu perfil de risco, ao seu momento, à sua capacidade de poupança, ao seu projeto", afirma.

Evite ficar consultando os resultados o tempo todo. Mantenha o foco no longo prazo.

Consulte um profissional, se você ainda estiver inseguro com as suas decisões. "Antes de tomar uma decisão [de vender imediatamente para evitar mais perdas, em momentos de queda no mercado], consulte um profissional para te ajudar", diz.

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Aulão: Entenda suas emoções para investir melhor seu dinheiro

Não adianta só entender como funciona cada tipo de investimento. Para investir bem, você precisa entender o seu perfil e como suas emoções podem ajudar ou atrapalhar nas escolhas que você faz com seu dinheiro. Pensando nisso, o UOL preparou uma série de três lives para falar sobre o universo das finanças comportamentais, para ajudar os investidores a usar as emoções a seu favor e tomar decisões mais inteligentes e rentáveis.

A primeira live mostra que, no momento de fazer escolhas dos investimentos, não são só questões racionais que interferem. Há as influências e os erros na forma de perceber as informações. O segundo aulão mostra como sua mentalidade te atrapalha na hora de escolher os melhores investimentos. O terceiro fala sobre como lidar com suas emoções para tomar decisões mais inteligentes e rentáveis nos investimentos.

Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40. Assine aqui e participe!

A última série do Papo com Especialista foi sobre Como sair das dívidas e ter mais dinheiro para investir e realizar sonhos. Para saber mais, acesse este link.

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Opinião

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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