Sua mentalidade te atrapalha na hora de escolher os melhores investimentos?
No momento de escolher seus investimentos, há algo em você mesmo que pode te atrapalhar: a sua mente. "Além de conhecer o prazo do investimento, o risco envolvido e a rentabilidade, a gente também precisa observar como é o nosso processo de tomada de decisão. É importante ter essa clareza para conseguir tomar decisões de investimentos mais maduras e, principalmente, fugir das armadilhas mentais, que podem te fazer perder dinheiro", afirma a planejadora financeira Keylla Santos, no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL
Essa matéria é o segundo aulão da série sobre o universo das finanças comportamentais, para ajudar os investidores a usar as emoções a seu favor e tomar decisões mais inteligentes e rentáveis. Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo de 16 de novembro. Serão três lives ao vivo, e assinantes podem rever as aulas quantas vezes quiserem. Veja o primeiro aulão aqui.
Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40. Assine aqui e participe!
A última série do Papo com Especialista foi sobre como sair das dívidas para começar a investir. Para saber mais, acesse "Depois de sair das dívidas, como investir para realizar seus sonhos?".
O que preciso olhar antes de escolher onde investir
Prazo, risco e rentabilidade. Para selecionar um investimento adequado com seu plano financeiro, é preciso conhecer: o prazo dos investimentos, os riscos envolvidos e a remuneração. "Mas não basta só olhar para essas informações do produto. Para conseguir fazer escolhas mais inteligentes, você precisa ter um olhar um pouco mais macro da situação", diz Keylla.
São 4 etapas: Reunir as informações, analisar essas informações, fazer as escolhas e acompanhar o resultado dessas escolhas.
Esse é um caminho mental que nós percorremos na hora de tomar uma decisão. E o ponto é que, nesse caminho mental, a gente dá umas derrapadas e acaba cometendo erros de avaliação, que podem nos conduzir aos equívocos e nos fazer perder dinheiro.
Keylla Santos, planejadora financeira
O que pode influenciar sua decisão?
Nem sempre a escolha é racional: você pode ter vieses na etapa de selecionar a informação.
1) Disponibilidade: Quando você toma decisões pela facilidade de se lembrar da informação ou pela frequência que a informação aparece para você. "Assim, você corre o risco de fazer uma leitura parcelada da situação", diz ela.
2) Efeito de enquadramento: Quando você recorta uma informação que pode te apresentar algo errado ou que facilita o interesse de alguém. "Isso pode acontecer, por exemplo, no recorte que se faz da performance de um fundo de investimento. Pode ter sido feito em um período mais vantajoso, que estava positivo. Então, esse efeito de enquadramento é o recorte da informação", diz. Para ela, vale ficar atento se aquela informação contempla todo o cenário.
3) Percepção seletiva: Quando você só enxerga as informações que reforçam as suas expectativas, mas não vê os dados contrários ao que você espera.
4) Correlação ilusória: Quando você tem a tendência de buscar apenas variáveis que comprovem a sua percepção. "Mas nem sempre essas variáveis são suficientes ou são as únicas", diz.
É importante ficar atento aos erros mentais. Keyla diz que tudo isso vai afetar o seu resultado de investimento. "A partir do momento em que a gente começa a observar também o quanto a nossa mentalidade influencia as nossas decisões de investimento, é um passo para fazer escolhas mais maduras e tomar decisões financeiras mais sustentáveis", declara.
O que a gente quer é pensar em uma política de investimentos que dê resultado ao longo prazo. Afinal, esses investimentos são para alimentar os nossos sonhos, como reserva de emergência, compra da casa, liberdade financeira, aposentadoria. Então, a gente quer fazer investimentos de uma maneira inteligente, madura e responsável, para trazer bons frutos ao longo dos anos.
Keylla Santos
Principais erros na etapa de escolher onde investir
1) Tendência de valorizar pequenos números: É quando você tem uma amostra pequena sobre um resultado e embasa a sua decisão em cima dela. Por exemplo, você está fazendo uma análise de um fundo de investimento, mas pega uma amostra pequena (do último um ano ou dois anos). "Será que você não teria a possibilidade de esticar um pouco mais essa janela e ver a performance desse fundo nos últimos três ou quatro anos? Vale buscar uma amostra maior, para fazer uma análise mais completa e conseguir visualizar diferentes cenários", diz ela.
2) Desconto hiperbólico: É a crença infundada na sua capacidade futura. É aquela ideia de que "mês que vem será melhor". "Eu vou guardar dinheiro para a minha aposentadoria, mas só no ano que vem, que é quando vou conseguir", ou ainda "vou começar um planejamento financeiro, mas só em janeiro". "Mas se a gente quer resultado mesmo, tem que começar no momento presente, com as variáveis que a gente tem na mão. Pode ser que você ainda não tenha um valor ideal para começar um investimento para a sua aposentadoria. Mas comece a contribuir com o que você tem", declara.
3) Pressões sociais: É aquela pressão emocional de fazer parte do grupo, de não ficar de fora. E você acaba seguindo a manada. "A pressão social acaba fazendo com que a gente tome decisões simplesmente para fazer parte do grupo", afirma. Para Keylla, isso é muito comum no mundo dos investimentos. Às vezes você decide entrar em um investimento só porque muita gente está falando dele, mas o produto está totalmente fora do seu perfil de risco ou do seu momento financeiro, e você acaba colocando o seu patrimônio em risco.
A nossa cabeça pode fazer com que as nossas decisões não sejam tão acertadas, podem atrapalhar os nossos investimentos. Por isso, é importante conhecer essas emoções, entender como elas influenciam na hora de investir e ter clareza para que você consiga tomar boas decisões de investimento.
Keylla Santos
Principais erros ao ajustar sua carteira de investimentos
1) Falácia dos custos irrecuperáveis: É o famoso "já que" ("já que eu comprei", "já que eu investi", "já que eu tomei essa decisão"). "Mas neste momento em que você encara a situação dessa forma, corre o risco de começar uma sequência de erros ainda piores. É possível tomar decisões melhores, reavaliar, entender se aquela decisão ainda faz sentido", diz.
Por exemplo: Um investidor adquiriu ações de uma empresa por R$ 1.000, mas mudanças no mercado fizeram as ações caírem para R$ 800. Agora, ele tem que decidir o que fazer: vender as ações por R$ 800 (e assumir o prejuízo) ou manter as ações. "É aí que vem a falácia dos custos irrecuperáveis, pois esse investidor pode pensar assim: 'Eu já perdi R$ 200, então, eu vou ficar com os R$ 800 até recuperar os R$ 1.000. Porque a decisão de manter ou vender a ação não foi fundada com base nas perspectivas futuras da empresa e, sim, no foco de recuperar o dinheiro", diz.
Faça o rebalanceamento quando for necessário. "Isso significa acompanhar o resultado dos seus investimentos e verificar se a sua carteira está dentro do alvo que você desenhou. Se se afastou do alvo, tente entender o motivo e tentar reestruturar [a carteira], dentro do seu perfil de investidor e dos seus objetivos", afirma.
2) Efeito posse: É a sensação de que tudo que é seu vale mais. "É quando você tem certo apego por um ativo, e não informações para embasar a sua perspectiva, o seu e isso acaba criando ilusões."
Fique atento quanto à sua capacidade de observar os resultados. "Se você achar que sozinho não está dando conta ou que sua percepção está um pouco distorcida, compartilhe com outra pessoa, como um consultor financeiro, para te ajudar", declara.
3) Ilusão de controle: É achar que, com o seu comportamento e sua rotina específica, tem garantia de retorno de investimento. Imagine um investidor que acompanha todo dia o mercado financeiro, lê notícias diariamente e acredita que, somente ficando em contato com esse universo, já tem controle dos resultados e sabe administrar bem a sua carteira de investimentos.
"Na verdade, não é bem assim. É claro que, para você conseguir ter bons resultados de investimento, é mais interessante você melhorar a sua capacidade de análise, fazer avaliações fundamentadas, buscas boas informações, conhecer como sua mente influencia na sua tomada de decisões, mas ainda assim entender que fatores aleatórios, fora do nosso controle, podem influenciar o resultado dos seus investimentos. Então, é impossível controlar 100% o resultado da sua carteira", diz ela.
Não existe a história de investir somente por investir. É importante saber para qual projeto o seu dinheiro está sendo direcionado, seja ele de curto, médio ou longo prazo.
Keylla Santos
4) Pensamento positivo: É quando você quer tanto que aconteça algo, que passa a acreditar que vai acontecer. "Esses erros de percepção acabam nos distanciando da realidade", afirma. Para ela, esse olhar não é um olhar fundamentado nos dados.
É importante que você busque dados, informações, números palpáveis para conseguir tomar suas decisões. Não corte caminho, porque isso pode te levar ao prejuízo.
5) Efeito retrovisor: É a tendência de olhar para o passado, pegar dados do que aconteceu e achar que esse histórico pode influenciar o resultado futuro. Mas atenção: a rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros. "Ou seja, não adianta analisar somente os resultados anteriores; é preciso buscar dados que forneçam a perspectiva futura do resultado", declara.
Tenha cuidado para não se prender aos resultados passados. "Busque dados para entender qual a perspectiva de crescimento da remuneração destes investimentos no futuro", diz.
É importante você construir esse portfólio de investimentos conectado com o seu momento de vida e com sua realidade financeira. E quando você entende essas emoções, consegue tomar decisões melhores e não corre o risco de ter uma percepção 'torta' das informações que tem na mão.
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Aulão: Entenda suas emoções para investir melhor seu dinheiro
Não adianta só entender como funciona cada tipo de investimento. Para investir bem, você precisa entender o seu perfil e como suas emoções podem ajudar ou atrapalhar nas escolhas que você faz com seu dinheiro. Pensando nisso, o UOL preparou uma série de três lives para falar sobre o universo das finanças comportamentais, para ajudar os investidores a usar as emoções a seu favor e tomar decisões mais inteligentes e rentáveis.
A primeira live mostra que, no momento de fazer escolhas dos investimentos, não são só questões racionais que interferem. Há as influências e os erros na forma de perceber as informações. Veja a live completa aqui.
Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40. Assine aqui e participe!
A última série do Papo com Especialista foi sobre Como sair das dívidas e ter mais dinheiro para investir e realizar sonhos. Para saber mais, acesse este link.
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