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Reportagem

Cuidado com falsos investimentos de baixo risco anunciados por corretoras

Tenho visto corretoras e assessorias de investimento oferecendo aplicações de risco médio e alto de forma a parecerem ativos de baixo risco. Os anúncios oferecem investimentos "de renda fixa" com rentabilidade de até 2% ao mês. Só não dizem que, apesar de serem mesmo de renda fixa, o risco pode ser grande.

Na coluna de hoje eu trago cinco exemplos de investimentos que parecem não ter risco, mas têm, e muito. E sempre que for aplicar, lembre-se: nem todo investimento de renda fixa é seguro. Na lista abaixo, nenhum deles tem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

1. CCB - Cédula de Crédito Bancário

As ofertas de investimento que mais têm me chamado atenção, pelo lado negativo, são os CCBs, as Cédulas de Crédito Bancário. As propagandas afirmam que esse título de renda fixa rende até 2% ao mês. Mas não explicam que o risco de crédito (ou seja, risco de calote), é alto.

O pior é que a sigla CCB se parece com CDB (Certificado de Depósito Bancário), que é um investimento de risco baixo, o que confunde mais ainda. O CCB é um título que pode ser emitido por empresas ou até mesmo por pessoas físicas.

Ou seja, investir em CCB é emprestar dinheiro para pessoas ou empresas. Se o devedor não pagar alguma parcela ou mesmo o empréstimo inteiro, quem perde é só você. Portanto, não confunda CDB (baixo risco) com CCB (alto risco).

Invista em CCB apenas se estiver ciente do risco. Para avaliar o risco de um CCB, verifique quem é o tomador do empréstimo e quais as condições do contrato, observando, principalmente, se foi oferecido algum bem como garantia.

2. Precatórios

Hoje é possível investir em precatórios, que representam valores que o setor público precisa pagar a alguém, por decisão judicial. Não é necessariamente um mau negócio, mas saiba que existe o risco de você demorar para receber o valor.

Já vi anúncios dizendo que, ao investir em um precatório, você corre o mesmo risco do Tesouro Direto. Não é verdade. Se for um precatório do Poder Executivo Federal, o risco de você levar calote pode até ser comparável ao do Tesouro, pois o devedor é o mesmo, o governo. Mas no Tesouro você sabe exatamente quando vai receber o dinheiro.

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Antes de investir em um precatório, informe-se sobre a data de pagamento prevista e sobre os riscos de esse prazo ser estourado.

3. CRI - Certificado de Recebíveis Imobiliários

Mais um exemplo de investimento de renda fixa que não é de baixo risco. Os Certificados de Recebíveis Imobiliários, ou CRIs, são títulos que representam dívidas relacionadas a imóveis.

Ao investir em um CRI, você pode estar se tornando credor de pessoas que financiaram a compra da casa própria. Nesse caso, se essas pessoas não pagarem as parcelas do financiamento, você pode ter prejuízo.

Se for investir em um CRI, procure entender o perfil dos devedores e verifique quais são as garantias apresentadas.

4. CRA - Certificado de Recebíveis do Agronegócio

O CRA tem a mesma estrutura do CRI, mas é voltado para dívidas do agronegócio. Portanto, você corre o mesmo tipo de risco e deve tomar as mesmas precauções.

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Antes de investir, informe-se sobre o perfil dos tomadores do empréstimo e sobre as garantias.

5. Debêntures

As debêntures são títulos que representam empréstimos para grandes empresas, às vezes gigantes. Portanto, o risco é bem menor do que o de um CCB, que representa empréstimos para empresas menores.

Mas ainda assim, é um risco considerável. No começo do ano tivemos o caso da Lojas Americanas. Quando veio a público a informação de que poderia haver fraude na companhia, o preço das debêntures que representam dívidas da varejista caiu mais de 90%.

Se ainda assim quiser investir em uma debênture, verifique quais são as garantias, as condições de pagamento dos juros e do principal e veja se existem avaliações do risco daquele papel elaboradas por agências de classificação.

Alguma dúvida?

Tendo alguma dúvida sobre investimentos, me siga no Instagram e envie uma mensagem por lá. Sua pergunta poderá ser respondida em breve nesta coluna.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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