O que é open finance? Pode existir um único superapp para todos os bancos?
O termo open finance voltou a ser o centro das atenções depois que o presidente do Banco Central (BC), Campos Neto, citou que o próximo passo é um superapp capaz de realizar todas as transações dos clientes, independente da instituição bancária, daqui a dois anos. Com o avanço da tecnologia, a proposta é ter tudo na palma da mão com facilidade. Entenda o que é e como vai funcionar.
Open finance permite o compartilhamento de dados
BC define como uma possibilidade de os clientes e serviços financeiros dividirem informações entre diferentes bancos. É para conseguir movimentar de uma conta para outra, independente da instituição, de forma segura e ágil, segundo Guilherme Pimentel, diretor de produto da plataforma de gestão financeira F360.
Oferece mais controle dos dados financeiros. O open finance faz com que o compartilhamento de informações seja uma decisão do próprio consumidor e pode incluir dados como transações, conta bancária, investimentos e créditos.
15 milhões de clientes únicos e 22 milhões de consentimentos ativos para o compartilhamento de dados financeiros. No começo de 2023, o Banco Central divulgou que a iniciativa teve mais adesão e chegou a 800 instituições participantes desde o lançamento.
Um exemplo prático é que, se tiver toda a sua movimentação bancária no banco Itaú e fizer o cadastro no open finance, outros bancos terão acesso. Isso quer dizer que podem ver as suas informações financeiras, saber a sua movimentação, se você tem empréstimos ou financiamentos e usar isso para ofertar outros produtos ou facilitar negócios.
Ao permitir esse compartilhamento de dados, o open finance visa promover inovação do setor financeiro, possibilitando a criação de novos produtos e serviços.
Guilherme Pimentel, diretor de produto da plataforma de gestão financeira F360
Diferença para open investment e open banking
Open finance é a ampliação do open banking. A mudança foi para abranger mais, além das informações sobre produtos financeiros tradicionais (conta e operação de crédito, por exemplo), inclui também dados de produtos e serviços financeiros relacionados a investimentos. Uma pessoa poderá usar dados de um banco para fazer cotações e obter melhores taxas em outro banco, segundo Reinaldo Boesso, especialista financeiro e CEO da TMB Educação.
Open investment expande a ideia para o campo dos investimentos. O projeto é para facilitar o acesso por meio de uma plataforma interconectada que disponibiliza informações sobre serviços e investimentos.
Todas as iniciativas são para capacitar os clientes. Dentro do contexto do open finance, servem para promover maior transparência, escolha e inovação no cenário financeiro, fornecendo serviços personalizados aos consumidores.
O open finance vem como uma expansão do que já existia em outros países, como Reino Unido, onde tem a possibilidade de trabalhar sobre várias instituições financeiras utilizando seus dados, que nada mais é do que essa integração.
Reinaldo Boesso, especialista financeiro e CEO da TMB Educação
O que é o superapp?
É uma plataforma integrada que poderia concentrar e oferecer o acesso a vários serviços financeiros em um só lugar. A tendência de centralizar tudo no mesmo aplicativo é um movimento natural, e a experiência é o que vai determinar o que pode acontecer daqui para frente.
Superapp pode reunir informações de diferentes instituições. E, assim, permitir que os usuários gerenciem duas contas, realizem transações, tenham acesso a crédito e investimento, tudo em uma única interface. A proposta é facilitar a vida financeira dos usuários com conveniência, diz Pimentel.
Isso vai gerar uma série de possibilidades daqui para frente. Como a portabilidade para a pessoa física ou jurídica, que consiga fazer todas as transações e ver em um único aplicativo qual é a melhor possibilidade de investimentos, financiamentos ou qualquer outro produto financeiro que você venha adquirir sem precisar estar amarrado em um só banco, afirma Boesso.
No início do mês, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o Open Finance deve acabar com a necessidade de os usuários terem aplicativos de diferentes bancos brasileiros.
Em até um ano e meio, dois anos, não terá mais app de Bradesco, Itaú. Será um app agregador que, pelo Open Finance, vai dar acesso a todas as contas.
Roberto Campos Neto, em evento em Chicago
Cada vez mais a personalização e o diálogo com o público vão ser importantes, visto que as instituições fornecerão os serviços de maneira transparente, fazendo com que cada software se integre de maneira diferente.
Guilherme Pimentel, diretor de produto da plataforma de gestão financeira F360
Vantagens x desvantagens para os brasileiros
Maior conveniência, ofertas personalizadas e taxas mais competitivas são as principais vantagens. São fatores positivos ao acessar diferentes produtos e serviços financeiros em uma única plataforma.
Aos bons pagadores, isso pode resultar em melhores condições de crédito e serviços diferenciados. As empresas terão acesso ao score, possibilitando a oferta de condições mais interessantes ainda, diz Boesso.
Já para aqueles com pouca educação financeira ou endividados, o open finance pode proporcionar ofertas adequadas às necessidades. Com as ferramentas mais acessíveis e informações mais transparentes, há possibilidade de melhorar a gestão financeira e conscientizar sobre o uso do dinheiro para que todo usuário possa tomar as decisões de forma mais assertiva.
Por outro lado, a exclusão digital é a maior desvantagem. Nem todo mundo consegue utilizar da tecnologia, e é preciso estar atento nas pessoas com habilidades digitais limitadas, pois podem encontrar dificuldades para se apropriarem dos benefícios do open finance.
Ninguém é obrigado a aderir
Por mais que seja gratuito, não é obrigatório. Caso a pessoa não queira, não precisa compartilhar seus dados com outros bancos. Tem como escolher a instituição que deseja partilhar as informações e interromper o processo quando quiser.
Empresas que oferecem algum serviço ou produto financeiro podem participar. Mas, até o momento, nem todas as instituições adotaram o sistema em sua rotina e devem estar autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
Para autorizar o open finance, acesse os canais digitais de seu banco. No aplicativo da sua instituição financeira, terá as informações para ativar essa opção. Por exemplo, no Banco do Brasil, pode fazer através do app, internet banking e pelo whatsapp. Já na Caixa, um banner com a sugestão aparece automaticamente ao entrar no aplicativo.
É realmente seguro?
Sim, mas está sujeito aos desafios relacionados à segurança de dados. Há protocolos de segurança avançada que abrangem criptografia e autenticação em dois fatores, que são ferramentas que protegem os dados do usuário durante o compartilhamento.
Ataques cibernéticos podem acontecer por conta da troca entre múltiplas instituições financeiras. Isso aumenta as chances devido à quantidade de envolvidos e também à violação de privacidade. Embora o open finance tenha o potencial de oferecer maior segurança e controle aos usuários, também é necessário cuidado.
Todo o processo é realizado em um ambiente seguro, sendo que a permissão do cliente pode ser cancelada a qualquer momento. É crucial que as instituições implementem medidas robustas de cibersegurança e que as regulamentações sejam atualizadas para proteger a privacidade do usuário, segundo o diretor de produto da plataforma de gestão financeira F360.
Um papel muito forte do Banco Central é garantir a criptografia desses dados, tentar cada vez mais trazer segurança para a transferência de informação. Muito cuidado com o celular, crie uma senha forte e preste atenção.
Reinaldo Boesso, especialista financeiro e CEO da TMB Educação
Impacto inovador no mercado
Open finance tem um potencial grande de mudar significativamente todo mercado e a economia. A competição entre as instituições financeiras pode estimular a inovação dos produtos e serviços financeiros, com ofertas mais diversificadas.
Também pode refletir na taxa de juros, a partir do momento que os bancos sabem da capacidade de pagamento. O crédito está em torno de 91% de juros ao ano e o cartão de crédito da taxa do rotativo está 450% ao ano. Com juros mais atrativos, isso com certeza vai alavancar o país, porque é possível colocar mais dinheiro no mercado, girando melhor a economia, declara o especialista financeiro e CEO da TMB Educação.
Aumento da transparência no setor financeiro para que os clientes tenham um controle maior dos seus dados é outro ponto positivo. Além da redução de custo para as instituições que podem passar a ofertar serviços mais econômicos para os usuários.
Autoridades terão que se mexer para regular esse novo cenário. Um dos passos, junto com a implementação, é avaliar as questões regulatórias para proteger os dados dos usuários e garantir um ambiente justo e competitivo entre as instituições financeiras, diz Pimentel.
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