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A previdência privada é uma boa para você? Veja o que avaliar para investir

Quando você pensa em fazer seu plano de aposentadoria, a primeira ideia que vem à cabeça é contratar uma previdência privada? Mas será que este produto só é indicado para quem quer se aposentar?

Saiba que a previdência privada é um produto de investimento, com algumas regras específicas de tributação e outras vantagens. "É preciso conhecer bem as características deste produto para garantir que, realmente, faz sentido ter na sua carteira de longo prazo", afirma a planejadora financeira Lueny Santos, no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL.

Essa matéria é o segundo aulão da série sobre como se planejar para a aposentadoria. Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo de 15 de fevereiro. Serão quatro lives ao vivo, e assinantes podem rever as aulas quantas vezes quiserem. Veja o primeiro aulão aqui.

Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40. Assine aqui e participe!

A última série do Papo com Especialista foi sobre como sobre organizar suas finanças em 2024. Para saber mais, acesse "Do Tesouro Direto à Bolsa de Valores: onde começar a investir seu dinheiro".

O que é uma previdência privada?

É um fundo de investimento, onde um gestor cuida do seu dinheiro. Ou seja, você "terceira" a escolha dos ativos para um profissional. "É o gestor que vai escolher se o fundo terá CDB, LCI, LCA, ações, dólar, fundos imobiliários, etc. É a estratégia do fundo que você vai precisar avaliar", afirma.

Os fundos de investimentos previdenciários contam com algumas regras específicas de tributação e outras vantagens.

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Existem fundos de todos os tipos. Exemplos: fundos de renda fixa, de títulos públicos, de inflação, de multimercado, de ações. O que vai mudar de um fundo para o outro é a estratégia do gestor e, consequentemente, onde ele vai investir o seu dinheiro. "Há uma entrada de dinheiro, o gestor monta a estratégia do fundo e aplica o dinheiro. Esses ativos escolhidos vão gerar uma rentabilidade para esta carteira, que será dividida entre as pessoas, proporcionalmente ao valor de cada uma", diz. Portanto, a rentabilidade vai depender do tipo do fundo da sua previdência.

Os fundos não possuem vencimento. Ou seja, não existe uma data de vencimento, como acontece em outros produtos, como CDBs e títulos públicos. Lueny diz que é possível mexer no dinheiro da previdência privada a qualquer momento, apesar de nem sempre compensar fazer isso, devido às particularidades deste produto.

Não é indicado ter reserva financeira em previdência privada. "Primeiro, porque existe um período de carência entre os resgates. O segundo ponto é pelo tipo de tributação escolhida, que pode fazer você pagar mais imposto", diz. Geralmente, a previdência privada tem carência entre resgates de 60 dias.

A previdência privada não tem proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) nem qualquer outra garantia. Há um órgão, que é a Susep (Superintendência de Seguros Privados), que fiscaliza esse mercado de previdência.

O que você precisa ter muita certeza é na escolha do produto. Não adianta você ter um perfil conservador e investir em fundos previdenciários de ações, por exemplo. É importante que a estratégia do fundo esteja alinhada ao seu perfil.
Lueny Santos, planejadora financeira

Antes, a previdência privada tinha a taxa de carregamento. É um valor pago sobre movimentações realizadas em planos de previdência privada. Ou seja, era uma taxa paga cada vez que você fazia um aporte ou um resgate. "Isso fez com que muitas pessoas achassem que previdência privada é ruim, pela experiência que tiveram", diz Lueny.

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Modalidades e regimes de tributação

São duas modalidades de plano:

  • PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre): No resgate, você vai pagar Imposto de Renda sobre o valor total. É ideal para quem faz a declaração anual completa do IR, podendo deduzir até 12% da renda tributável. "Ela entra hoje para te ajudar no seu cenário tributário. Aqui você consegue unir duas coisas: guardar dinheiro pensando no longo prazo e pagar menos imposto hoje. Então, a sua alíquota de imposto vai ser menor quando você for pagar lá na frente", diz.
  • VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): No resgate, você vai pagar Imposto de Renda somente sobre a rentabilidade. Não há benefício fiscal.

São dois regimes de tributação:

Regime regressivo: Diminui conforme o tempo.

  • Até 2 anos: 35%
  • De 2 a 4 anos: 30%
  • De 4 a 6 anos: 25%
  • De 6 a 8 anos: 20%
  • De 8 a 10 anos: 15%
  • Mais de 10 anos: 10%
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Regime progressivo: A alíquota aumenta conforme a renda tributável.

  • Até R$ 1.903,98: isento
  • De R$ 1.903,98 a R$ 2.826,65: 7,5%
  • De R$ 2.826,65 a R$ 3.751,05: 15%
  • De R$ 3.751,05 a R$ 4.664,68: 22,5%
  • Acima de R$ 4.664,68: 27,5%

A escolha entre PGBL e VGBL e entre regressivo e progressivo é feita no momento da contratação da previdência.

Particularidades da previdência privada

Fases de acumulação e do benefício:

Na acumulação, você pode fazer aportes mensais ou anuais. "Quem faz declaração de IR completo, geralmente entre outubro e novembro, é recomendável você dar uma olhada na sua renda, refazer o cálculo dos 12% tributável e analisar se precisa fazer algum aporte extra. Você precisa fazer um único aporte no ano para conseguir colocar isso na sua declaração, mas precisa ser dentro daquele ano, que é o ano-base da sua declaração", diz.

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Na fase do benefício, geralmente o uso do dinheiro pode acontecer de três formas:

1) Retirada única: Você pode resgatar todo o seu dinheiro de uma única vez, para usá-lo ou até investir em outro produto, por exemplo.

2) Retirada conforme a necessidade: Você pode deixar o dinheiro investido no fundo previdenciário e, a cada 60 dias, retirar o valor suficiente para viver nos próximos dois meses. "Para isso, você precisa ter um planejamento e a clareza do valor que você vai retirar, para evitar que você retire mais do que pode, e esse dinheiro acabe antes. Precisa ter uma gestão financeira mais ativa", diz.

3) Compra de renda: Você troca o valor acumulado pela garantia de receber uma renda por um prazo determinado ou por um tempo vitalício). "Quando a gente fala do valor temporário, você vai usar aquele dinheiro por 15 anos, por exemplo, e precisa saber o que vai fazer depois, caso esse seja seu único produto para a aposentadoria", diz. Caso seja vitalício, se a pessoa morrer no período de usufruto do dinheiro, ele fica com a seguradora; não vai para os seus beneficiários. Para ela, geralmente essa é uma opção ruim. "Você pode, por exemplo, optar por ter uma gestão financeira mais ativa, para conseguir fazer com que o dinheiro dure por mais tempo", afirma.

Sucessão

A previdência privada é um instrumento do planejamento sucessório. Ela não entra no inventário e, por isso, o processo de recebimento do dinheiro por parte dos beneficiários indicados é acelerado, além de diminuir custos. Em alguns estados, essa transferência de capital é isenta de ITCMD (imposto de transmissão causa mortis e doação).

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Se você tem essa preocupação sucessória, a previdência privada pode ser um produto que pode compor a sua carteira de longo prazo.
Lueny Santos

Portabilidade

É permitido fazer a portabilidade da sua previdência privada. Você pode trocar o fundo aplicado sem precisar resgatar o dinheiro e investir novamente. "O que muda é o fundo. Você pode fazer uma portabilidade desse produto para outro lugar, ou dentro do próprio banco ou corretora que você usa ou até para outra instituição. Ou seja, você pode mudar de fundo e de gestora também", diz.

É permitido trocar o regime de progressivo para regressivo. Mas o tempo começa a contar de novo a partir do momento que você fez a mudança. O contrário (de repressivo para progressivo) não é permitido. Também não é possível mudar a modalidade: de PGBL para VGBL (e vice-versa). "Neste caso, você precisaria contratar uma nova previdência privada", diz.

Como funciona a rentabilidade

Depende, pois não tem uma taxa fixa. Lueny diz que a rentabilidade vai depender da movimentação dos ativos que estão na carteira do fundo. Se em algum momento um pedaço da carteira fique negativo, isso vai refletir na rentabilidade do fundo. "Cabe ao gestor continuar fazendo a movimentação dos ativos. A ideia é que o gestor siga a estratégia definida pelo fundo", afirma Lueny.

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Por exemplo: fundos de renda fixa pós-fixados investem, prioritariamente, em títulos públicos e privados pós-fixados, nos quais a rentabilidade varia de acordo com o indicador de referência.

A previdência privada não tem taxa fixa nem garantia de rentabilidade. O que existe é uma expectativa conforme os ativos em que o gestor investiu. A rentabilidade do produto vai estar diretamente ligada ao tipo de produto que existe no fundo.
Lueny Santos

Consequentemente, a volatilidade vai depender da escolha desses ativos. Fundos de renda fixa vão ter uma volatilidade menor; nos fundos de ações, a volatilidade é maior.

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Aulão: Como montar o seu plano para uma aposentadoria tranquila

Saiba como fazer o planejamento da sua aposentadoria, onde investir e como montar uma carteira de longo prazo para atingir este objetivo. O assunto será abordado em uma série de quatro lives do Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL Investimentos.

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Opinião

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