IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Quer abrir negócio para não ter chefe? Veja 11 mitos que quebram a empresa

Andréia Martins

Do UOL, em São Paulo

02/07/2014 06h00

Vou abrir um negócio para não ter chefe. Antes só do que mal acompanhado. Meu salário é igual ao lucro da empresa. Levar a sério frases repetidas pelo senso comum podem levar o empresário à falência. O UOL conversou com especialistas para saber quais são os mitos mais arriscados para empreendedores.

Entre as coisas ouvidas à exaustão, há "verdades" que atrapalham o negócio desde seu princípio e outras que podem fazer a empresa ficar pequena para sempre. No entanto, "tudo é reversível a partir do momento em que o empresário aprende rápido”, comenta Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper.

Confira abaixo 11 mitos que podem atrapalhar seu negócio. 

1. Seja apaixonado pelo negócio

“O erro fatal número 1 é estar apaixonado pelo negócio. Quando isso acontece você fica meio cego, não fica atento às questões importantes. Todo o empreendedor precisa ser frio, pensar em investimento”, diz Paulo Vicente Alves, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral.

2. Amigos e parentes são os melhores funcionários

“Essas pessoas não são demissíveis. Você não consegue demiti-las sem que isso vire um problema de família. Além disso, compromete a gestão da equipe, pois você nem sempre consegue exercer autoridade sobre essas pessoas”, diz o professor da Dom Cabral.

3. Vou abrir um negócio para não ter chefe

No negócio próprio, você pode não ter chefe, mas as cobranças que vai acumular como dono da empresa levarão a cobranças maiores do que o velho patrão.

“[O empresário] tem gente pedindo benefícios, tem que saber dividir o tempo profissional e o pessoal, precisa lidar com demandas externas, como os clientes, que não deixam de ser chefes, afinal, seu negócio depende deles”, diz Maria Alice Alves Moreira, gerente-geral do Sebrae-SP.

4. Eu compraria meu produto, outros vão comprar

“O produto que você mais quer pode ser ótimo, mas ter valor de mercado baixo. A lógica de mercado precisa pensar no que o cliente quer; se for possível, fazer testes para as pessoas reclamarem, sugerirem melhorias”, sugere o professor de estratégia, Paulo Vicente Alves.

5. Crie algo que os clientes queiram, e investidores virão

Se seu negócio precisa de investidores, não adianta achar que basta uma boa ideia para atraí-los. O empreendedor precisa saber apresentar seu produto para clientes e seu negócio para investidores, mostrando planejamento, capacidade executiva e projeção de lucros.  

“É um mito porque ninguém vai atrás de você, ou do que você fez, simplesmente pelo fato de que você fez algo. Não adianta tratar o mercado como idiota e lançar qualquer coisa”, diz Diego Remus, co-autor do livro "Empreendedorismo Criativo" (Ed.Évora).

6. Antes só do que mal acompanhado

“Faz parte da cultura do brasileiro não querer ter sócios. Acham que sócio é sinônimo de problemas”, diz Marcelo Nakagawa, professor do Insper. Não é porque um negócio é pequeno que ele não precisa de líderes com diferente papeis no negócio. “Sócios devem ser vistos como ‘parceiros’, que é o termo partner em inglês”, diz Nakagawa.

É importante para o sucesso do negócio procurar pessoas que possam fazer aquilo que o empresário não sabe fazer com qualidade sozinho. Essa pessoa poderá ser um sócio ou um funcionário em posição estratégica.

7. Primeiro abro meu negócio, depois penso nos objetivos da empresa

Planejamento é uma palavra-chave no empreendedorismo para uma pequena, média ou grande empresa. Ao mesmo tempo, é uma das etapas mais difíceis para empresas e start-ups. “Muitos negócios começam a se perder quando não sabem o que são e para onde querem ir”, diz Nakagawa.

Seja para crescer ou manter a estabilidade, todo negócio precisa de planejamento. “É como um maratonista: se não houver planejamento, ele vai apenas dar voltas no quarteirão todos os dias. Nenhuma empresa quer ficar estagnada”, completa o especialista.

8. Meu salário é igual ao lucro da minha empresa

O empresário deve diferenciar remuneração de distribuição de lucros, afirma Marcelo Nakagawa, do Insper. "O valor da remuneração pode ser composto por retiradas e uma parte dos lucros, até dar a remuneração total de mercado."

O restante deve ser distribuído como remuneração do acionista, na proporção de cada sócio, ou mantido na empresa para futuros investimentos.

9. Investir em produtos que estão na moda é garantia de sucesso

Por ter pouco capital, o pequeno empreendedor corre mais riscos ao fazer investimento em produtos e serviços que não foram bem pensados para o mercado. Por isso, atenção ao entrar em uma área só porque está na moda.

“Se você não entender os fundamentos do que está fazendo, não adianta nada maquiar a superfície, pois nem os clientes nem os funcionários ou investidores vão ficar realmente satisfeitos”, diz Diego Remus, co-autor do livro "Empreendedorismo Criativo" (Editora Évora).

10. Empresário não tira férias

No pequeno empreendimento, é comum o dono se achar insubstituível, mas é importante preparar alguém para ocupar seu lugar quando for preciso.

“As férias são uma necessidade pessoal. Então o pequeno empresário tem que planejar e preparar alguém para assumir o posto de liderança. Revezar com os sócios, se tiver, ou capacitar alguém da equipe”, diz a consultora do Sebrae-SP.

11. Inovar custa caro

Muitos entendem inovar como a necessidade de investir em tecnologias caras, mas isso não é verdade. “Um rótulo novo, por exemplo, para um produto, já é inovar. Mudar um procedimento na forma de atender, alterar processos. Inovar diz respeito a mudanças que trazem ganhos de produtividade e reduzem custos”, afirma a consultora do Sebrae-SP.