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Brasileiro cria "Uber do carreto", que faz mudanças por R$ 2.700 em média

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Imagem: Getty Images

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/09/2017 04h00Atualizada em 27/09/2017 14h17

O engenheiro da computação Roger Madeira, 40, era funcionário do Google nos EUA quando resolveu empreender, em 2011, lançando um site e um aplicativo que fazem a intermediação entre transportadoras e pessoas que estão de mudança: o iMoving. É uma espécie de "Uber do carreto". Em menos de um ano, a empresa foi vendida, e agora ele lança a ferramenta no Brasil.

Nos 11 meses em que operou nos EUA, a empresa viabilizou 7 milhões de mudanças, segundo o criador. No Brasil, em menos de três meses de atuação, já realizou 2.500 transportes.

Ele diz que não pode revelar detalhes da operação de venda por questão contratual, mas diz que a transação foi para um sindicato do ramo de transportes que tinha interesse em tirar a start-up do mercado, o que de fato aconteceu. Uma das condições era que ele não atuasse no ramo por cinco anos, por isso só agora ele lança a empresa no Brasil.

O investimento inicial para o lançamento no país foi de R$ 3 milhões, com dinheiro proveniente da venda. Ele diz que não pode revelar o valor total do negócio.

Lancei a empresa primeiro nos EUA porque os americanos se mudam mais que os brasileiros, que ficam presos a longos financiamentos de imóveis. Além disso, as pessoas lá são mais acostumadas com aplicativos, a internet funciona em qualquer lugar

Teve mudança roubada nos EUA

A ideia de negócio surgiu de uma necessidade pessoal: quando se mudou de Nova York para a Califórnia, um dos caminhões de mudança sumiu com seus pertences. “Lá isso é conhecido como golpe da mudança. Aqui no Brasil também acontece, apesar de as pessoas não falarem muito. Mas basta entrar em sites de defesa do consumidor para ver os relatos”, declara.

Roger Madeira, criador do aplicativo de mudanças iMoving - Divulgação - Divulgação
Roger Madeira, criador do aplicativo de mudanças iMoving
Imagem: Divulgação

Entre as queixas comuns estão atraso na entrega da mudança, perda de itens e não contratação do seguro pela transportadora, apesar de o cliente ter pago por ele. “Se acontece alguma coisa com o caminhão, o cliente tem prejuízo. Meu objetivo é acabar com os golpes”, diz o empresário.

Madeira voltou para o Brasil porque se casou com uma brasileira que tem cargo público no país e estabilidade no trabalho. A expectativa é atingir 5.000 mudanças em todo o Brasil e 7.000 downloads até o final de 2017, com faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões. É cobrada uma taxa de 10% por mudança.

Como funciona

O interessado em fazer a mudança solicita orçamentos das transportadoras parceiras, indicando o local de partida e de chegada e a quantidade de itens que possui. As propostas são classificadas de acordo com o interesse do usuário: preço baixo, segurança ou qualidade (baseadas nas avaliações de quem já contratou). 

O cliente tem a opção de contratar o serviço do ‘personal mover’, uma pessoa treinada que vai embalar todas as coisas, acompanhar a mudança e desembalar e organizar a casa nova. O preço do serviço é a partir de R$ 400 e varia com o tamanho da mudança. O cliente pode rastrear a mudança pelo aplicativo.

Para as transportadoras, o app oferece as melhores alternativas de rota com indicadores de qualidade das estradas, risco de roubo de carga, distância, pedágios etc. Atualmente são cerca de 70 transportadoras parceiras, mas a meta é chegar a 2.500. Para ser parceira, a transportadora precisa ter autorização para trafegar em rodovias e estar habilitada para vender seguro-mudança.

Inicialmente, o foco da empresa é nas classes AB, por conta dos custos das transportadoras – ele diz que um orçamento médio custa em torno de R$ 2.700. Mas pretende incluir futuramente profissionais autônomos de carreto e frete. Para isso, pediu matrícula na Susep para comercializar seguro-mudança e poder dar garantia nos serviços destes prestadores.

Desafio é ampliar parcerias

Luciano Salamacha, professor do MBA da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e especialista em gestão de negócios, diz que o empreendedor acerta ao mirar as classes A e B. “São pessoas que se preocupam mais com os seus bens e estão mais suscetíveis a roubos”, afirma.

Ela vê potencial no negócio, pois o aplicativo traz conveniência para quem vai mudar e pode ajudar as transportadoras a reduzir custos. “As empresas de transporte terão custos menores de marketing para gerar novos negócios e podem otimizar o uso da frota ao programar mudanças numa mesma localidade, para o caminhão não retornar vazio para o ponto de origem, por exemplo.”

O desafio agora é aumentar o número de transportadoras parceiras, e o risco, segundo ele, é a empresa ser considerada corresponsável se houver algum problema. “Pode gerar um passivo judicial que pode comprometer a rentabilidade do negócio”, declara.

Onde encontrar:

iMoving: www.imoving.com.br

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