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Como a cultura do compartilhamento muda os negócios e a economia

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Imagem: Getty Images

Alberto Ajzental

02/02/2018 04h00

Maria e José casaram há 30 anos e ambos estão aposentados. José era motorista de ônibus na cidade de São Paulo, Maria era do lar. José, além de não conseguir ficar parado, tem uma aposentadoria que não cobre todas as suas despesas, assim trabalha no Uber para ajudar a sustentar sua renda familiar.

Eles sempre se preocuparam em ter uma casa comprada, e não alugada, e em ter um veículo, que era utilizado principalmente aos finais de semana.

Não tiveram filhos assim que casaram, aguardaram quase uns cinco anos, pois queriam ter acumulado um pouco mais de capital e ter maior segurança de crescimento no emprego.

Seus filhos, Marco Antônio e Anabela, hoje ainda solteiros e na faixa dos 25 anos, se formaram em Direito e Nutrição, respectivamente.

Neste momento, eles não estão preocupados em adquirir imóveis nem veículos. Estão mais interessados em estudar, se aprimorar com cursos diversos e aproveitar a vida, realizando viagens e indo a diversas festas. Namorar firme e casar está fora dos planos de curto prazo para os dois.

O que há em comum entre essas duas gerações é que José complementa sua renda sendo motorista do Uber, assim como seus filhos utilizam deste meio de transporte.

Atualmente, há um maior entendimento da diferença, principalmente nas novas gerações, entre possuir um bem e ter o benefício que um bem pode proporcionar.

Os sistemas de comunicação, de processamento de informações e de meios de pagamento evoluíram tanto, além da enorme disseminação de equipamentos que permitem a utilização destes sistemas, os smartphones, que hoje há muito mais oportunidade para que bens possam ser compartilhados.

Assim, juntas, revolução cultural associada à revolução tecnológica, permitem que a sociedade como um todo possa usufruir de benefícios tendo-se muito menos capital empregado. Há uma evolução para maior eficiência do capital empregado.

Como exemplos podemos citar o compartilhamento de cômodos de sua casa (antigo mercado hoteleiro), compartilhamento de veículos (antigo mercado de locação de veículos), compartilhamento de vestidos e acessórios (antigo mercado de venda de vestuário e acessórios), compartilhamento de equipamentos industriais.

Lembrando que a economia é cíclica de forma geral, mas, principalmente no Brasil, os investimentos realizados para produção sempre sofrerão flutuação de retorno. Dependendo da amplitude desta flutuação ou da duração de períodos de baixa, muitos negócios não conseguem sobreviver.

Desta forma, compartilhar recursos, como equipamentos, instalações etc, pode contribuir para que menores investimentos sejam necessários assim como proporcionar aos negócios a possibilidade de mitigação de parte dos seus riscos inerentes.

Tendo isto em vista, que negócio você pode montar que proporcione compartilhamento a diversas indústrias? E por outro lado, como seu atual ou futuro negócio pode se beneficiar caso compartilhe parte de seus recursos? Pense nisso.

* Alberto Ajzental é engenheiro civil pela Poli-USP e mestre e doutor pela Eaesp-FGV. Foi e é professor de estratégia de negócios, marketing e de economia nas escolas ESPM-SP e Eesp-FGV. Autor dos livros “A Construção de Plano de Negócios” (Ed. Saraiva), “História do Pensamento em Marketing” (Ed. Saraiva) e “Complexidade Aplicada à Economia” (Ed. FGV).