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Dicas e cuidados para investir em fundos que aplicam no exterior

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

21/02/2014 06h00

O investidor que quiser aplicar parte das suas economias em ativos no exterior deve tomar alguns cuidados. A recomendação é de Rogério Bastos, diretor do IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros). O primeiro passo, segundo ele, é entender o que está sendo oferecido.

Em primeiro lugar, isso só faz sentido se o perfil de investidor da pessoa é de moderado a agressivo. Um investidor conservador pode não suportar a oscilação do produto, que além do próprio risco inerente ao ativo, caso de um investimento em ações, ainda terá de lidar com o risco da variação cambial do produto.

O investimento no exterior ganhou atratividade com a desvalorização do real e melhora dos Estados Unidos, cujas Bolsas não param de bater recordes de ganhos.

Uma hora as Bolsas americanas vão recuar, diz especialista

Mas Bastos diz que não é porque aumentou um pouco a instabilidade no Brasil que o investidor já deve sair aplicando em qualquer ativo do exterior.

"Vou comprar ações da Índia? [o país está sofrendo ainda mais do que o Brasil em termos de desvalorização cambial] O simples fato de mandar dinheiro para fora isso não protege de perdas. Mesmo as Bolsas dos Estados Unidos, que estão batendo recordes históricos, uma hora vão recuar. Não quer dizer que a segurança desse capital será maior", diz.

As pessoas costumam querer especular em mercados que não conhecem. O primeiro passo é se informar, e isso não significa apenas ler o jornal e achar que é um expert. Tem que entender que investir lá fora representa um risco triplo: o risco da moeda, do mercado e do ativo.

Quanto maior o potencial de ganho, maior o risco

Pedro Borges, presidente do Saxo Bank, banco dinamarquês que é um dos maiores provedores de tecnologia para que gestores possam investir em ações, títulos e moedas de outros países e que iniciou suas atividades em outubro no Brasil, acha saudável o aumento do interesse por produtos internacionais, mas também concorda que é necessário conhecer bem antes de aplicar.

"Quanto mais complexo o produto, maior seu potencial de ganho, mas maior o risco também. Mercado de opções, derivativos, produtos cruzados costumam ter alto grau de alavancagem, mas tudo que sobe muito, também pode cair da mesma forma."

Fundos com 20% no exterior são bons para começar

Rogério Bastos, do IBCPF, acha que os fundos que investem 80% em ativos do mercado brasileiro e 20% no exterior não são o recurso certo para uma diversificação plena, mas podem ser um bom veículo de início, para que o investidor comece a tomar contato com o risco lá fora.

"Não dá para dizer que um produto que investe até 20% em recursos no exterior seja um investimento no exterior. Apenas o segmento private pode diversificar plenamente. Ou o investidor terá de abrir uma conta lá fora, mas isso requer mais dinheiro e trabalho."

O executivo diz que apesar de existir uma preocupação grande com os rumos da economia no Brasil, o real "aguenta uns bons desaforos" por causa da elevada taxa de juros. "No mercado americano, dá para ganhar 2% em renda fixa. Aqui no Brasil a taxa está em 10,5% ao ano. Tem muito o que ganhar aqui", diz.