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Você já fez teste de perfil financeiro? Saiba se ajuda a investir melhor

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

05/02/2014 06h00

Será que é possível identificar a personalidade financeira por meio de testes e assim investir melhor o seu dinheiro? Atualmente, quem vai investir em um banco ou corretora é convidado a preencher um teste conhecido como API (Análise de Perfil do Investidor).

O preenchimento da API  detecta se o investidor é conservador, moderado ou arrojado, e dessa forma permitiria ao investidor colocar seu dinheiro nas aplicações mais apropriadas ao seu apetite pelo risco.

A editora de um site americano de finanças pessoais elaborou um teste para identificar a personalidade financeira baseada em estudos psicológicos.

Os bancos fazem avaliações do tipo de investidor, como Bradesco, Itaú e Santander. Todos são abertos correntistas e não correntistas. O UOL também tem um avaliador de perfil.

O teste ajuda, mas resultado muda com o tempo, diz especialista

Para Aquiles Mosca, superintendente executivo comercial da Santander Asset Management e estrategista de investimentos pessoais, com livros publicados sobre o assunto, os testes são úteis para detectar preferências e levar conhecimento ao investidor, mas há que se ter em mente que o teste é como uma fotografia: detecta aquele momento da pessoa.

"O teste identifica a preferência, e a preferência é maleável, ela muda. Eu posso preferir algo hoje e amanhã não gostar  mais", diz. "Mas, sem dúvida, um questionário de avaliação de perfil, um teste, é algo que ajuda no autoconhecimento."

O estrategista dá um exemplo de como essa preferência pode mudar rapidamente. Se alguém acaba de ganhar na loteria, essa pessoa tende a se sentir muito segura para fazer investimentos arrojados.

Diferente de quem acaba de perder um parente que é o arrimo da família. Essa pessoa tenderá a se tornar, ainda que não o fosse, imediatamente conservadora nas aplicações.

As pessoas não entendem o que é risco e respondem errado, diz consultor

Jurandir Macedo, consultor de finanças pessoais do Banco Itaú e também autor de livros sobre o tema, concorda com Aquiles Mosca no sentido de que os testes são bons, mas têm um alcance limitado, por uma razão bem simples. "Ninguém é assim ou assado, a gente está em um determinado tipo."

Além disso, Macedo observa que os testes podem dar resultados equivocados quando as pessoas não entendem exatamente os termos da pergunta. Um erro comum é saber se o investidor aceita riscos.

"As pessoas não entendem o que é o risco, elas acham que é apenas a possibilidade de perder tudo. Dessa maneira, acham que o Tesouro Direto é muito seguro porque são títulos públicos que só não serão pagos se o governo der calote, o que é um risco muito pequeno."

Mas para uma pessoa que entende de mercado financeiro, risco é volatilidade, ou seja, a capacidade que uma aplicação tem de ganhar ou perder muito em pouco tempo. E o Tesouro Direto é arriscado no sentido de estar muito sujeito à variação das suas cotas. "Há quem não aguente", diz Macedo.

Como fazer o teste valer a pena

Para Aquiles Mosca e Jurandir Macedo, os testes são bons para fazer com que as pessoas parem e reflitam sobre a situação em que se encontram. 

Assim, se o teste der extremamente conservador, o investidor deve verificar se há necessidade de poupar tanto dinheiro. Ou se essa poupança é para suprir uma necessidade que não existe mais.

"É recomendável refazer o teste a cada 12 meses e adequar os investimentos", diz Mosca.