Poupança rende menos, mas ainda supera ganho de alguns fundos; veja opções
O novo corte na taxa básica de juros (Selic), anunciado nesta quarta-feira (25), torna a poupança mais atraente que alguns fundos DI. Por outro lado, de uma forma geral, as aplicações de renda fixa --como poupança, Tesouro Selic e fundos-- passam a render cada vez menos, e isso obriga o investidor a enfrentar mais risco se quiser ter um ganho maior.
"Para ter retornos melhores, o investidor vai ter de fazer o caminho que norte-americanos e europeus já fizeram lá atrás: aprender a tomar mais risco e passar a investir em ações, por exemplo", diz Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Mais importante que saber onde investir, porém, é guardar dinheiro, afirma Paulo Azevedo, professor de estratégia financeira e coordenador dos MBAs do Ibmec. "Quem guarda sempre, mesmo que invista em algo que não seja tão rentável, como uma poupança, no fim sempre terá mais dinheiro do que aquele que conhece todos os ótimos investimentos, mas não tem disciplina de poupar todo mês em nenhum."
Segundo os especialistas, é preciso ter uma reserva de emergência (dinheiro que cubra entre 6 e 12 meses de despesas) em aplicações conservadoras, como Tesouro Selic, poupança, fundo DI ou CDB pós-fixado. Se ainda sobrar dinheiro, então, o investidor pode ir atrás de mais risco para poder ganhar mais. Veja as sugestões dos analistas.
Poupança x Fundos
A queda da taxa de juros e a inflação baixa beneficiam a poupança, que passa a concorrer de perto com as demais aplicações de renda fixa, diz Miguel Ribeiro.
Segundo cálculos dele, a poupança rende mais do que os fundos DI que cobram taxa de administração acima de 1% ao ano.
A poupança antiga é a mais atrativa: rende 6,17% ao ano, independentemente da taxa Selic. Mas isso só vale para quem tinha dinheiro depositado antes de maio de 2012 e não mexeu nele, diz Azevedo. A nova poupança (depósitos feitos a partir de maio de 2012) está rendendo 70% da taxa Selic mais TR.
As vantagens da poupança: ser isenta de Imposto de Renda e de taxas de administração, e ter a segurança do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que paga até R$ 250 mil para o investidor se o banco quebrar.
Os fundos não têm cobertura do FGC e pagam taxa de administração (que corrói a rentabilidade, porque incide sobre o total investido) e Imposto de Renda (incide apenas sobre o rendimento). Quanto mais tempo deixar o dinheiro, menor será o IR:
- Até 180 dias = 22,5%
- De 181 a 360 dias = 20%
- De 361 a 720 dias = 17,5%
- Acima de 720 dias = 15%
Tesouro Direto
Há três tipos de títulos públicos: Tesouro Selic, Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+.
O Tesouro Selic acompanha a trajetória da taxa de juros e renderá cada vez menos conforme a taxa de juros cai, mas continua sendo uma opção atraente para aplicar por pouco tempo.
Para longo prazo (como aposentadoria), os analistas recomendam investir no Tesouro IPCA+. O papel com vencimento para 2035 pagava, nesta quarta-feira (25), remuneração de 5,14% mais a variação do IPCA (inflação oficial). "É um bom rendimento", diz Paulo Azevedo.
Outra boa alternativa, segundo ele, é investir no Tesouro Prefixado --pagava, nesta quarta-feira (25), remuneração de 9,52% ao ano. "É uma opção interessante."
Tanto o Prefixado como o IPCA+ devem ser comprados com a intenção de manter o dinheiro até o fim do contrato. Se sacar o dinheiro antes, o investidor pode ter prejuízo. O investimento paga Imposto de Renda, conforme o período de aplicação:
- Até 180 dias = 22,5%
- De 181 a 360 dias = 20%
- De 361 a 720 dias = 17,5%
- Acima de 720 dias = 15%
CDB
Quem quer ter uma melhor rentabilidade ao investir em CDBs deve procurar papéis de bancos médios com prazo superior a dois anos, indica Paulo Azevedo. Ele não aconselha investir em bancos grandes, que estão pagando pouco.
Se optar pela aplicação por causa da remuneração, ele recomenda limitar o investimento a R$ 200 mil. O CDB tem cobertura de R$ 250 mil do FGC. O CDB não tem taxa de administração, mas paga IR, conforme o período de aplicação:
- Até 180 dias = 22,5%
- De 181 a 360 dias = 20%
- De 361 a 720 dias = 17,5%
- Acima de 720 dias = 15%
LCI e LCA
As letras de crédito imobiliário (LCI) e as letras de crédito do agronegócio (LCA) são opções para investir em renda fixa e são atraentes pela isenção do IR e garantia do Fundo Garantidor de Créditos. "Uma LCI que pague 85% do CDI tem rendimento equivalente ao Tesouro Selic aplicado por dois anos", diz Azevedo.
A desvantagem é que a aplicação tem prazo mínimo para sacar o dinheiro, que é de 90 dias. Paulo Azeredo considera uma boa aplicação, mas não para um dinheiro de curtíssimo prazo, por causa desse prazo mínimo.
Ações
A queda da taxa de juros tende a valorizar a Bolsa de Valores, porque incentiva as empresas a produzirem mais, em vez de deixar o dinheiro aplicado, afirma Azevedo.
Para quem não conhece o mercado, o conselho é não se arriscar demais; prefira investir por meio de fundos e busque ajuda especializada. Uma estratégia é fazer aplicações constantes: comprar todo mês um mesmo valor em ações. O ideal é manter o dinheiro por pelo menos um ano.
Outra dica é escolher cinco setores da economia que estão indo bem, eleger uma boa empresa de cada um desses segmentos e aplicar uma parte do dinheiro em cada uma delas. Os setores que devem ir bem no momento, segundo Azevedo, são bancos, varejo, construção civil, alimentos e bebidas e óleo e gás. "A Petrobras voltou a ficar estável, se quiser comprar agora é um bom momento", diz ele.
Azevedo não recomenda a iniciantes comprar ações de empresa de tecnologia, pois elas oscilam muito, podendo causar nervosismo. "E esse nervosismo vira prejuízo."
Dólar
Não é recomendado pelos especialistas como um investimento. Eles aconselham a comprar a moeda apenas se for viajar. Nesse caso, a compra deve ser feita aos poucos, para diluir as variações do preço. Para quem quer ter algum investimento atrelado ao dólar, há a opção de fundos cambiais e fundos nacionais que aplicam na moeda estrangeira.
"Contanto que a pessoa tenha ciência dos riscos que isso traz, por exemplo, se tivermos uma instabilidade do dólar; você pode ter uma variação de rentabilidade muito brusca de um momento para outro nestes fundos, do mesmo modo que teria se investisse em ações", diz Azevedo.
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