Quem investiu em Tesouro e fundos na época de juros altos agora faz o quê?
O Banco Central reduziu a taxa básica de juros (Selic) para 6,5% ao ano na semana passada, no menor já registrado. Há pouco mais de um ano, os juros estavam em 14,25% ao ano. Para quem aplicou em renda fixa na época dos juros mais altos, é hora de resgatar o dinheiro e aplicar em outra coisa?
"Não há uma resposta única. Depende muito dos seus objetivos de curto, médio e longo prazos. E, claro, depende também do tipo de investimento que você já possui", afirma Myrian Lund, professora da FGV e planejadora financeira.
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Veja abaixo que tipo de investimento você tem (fundos, Tesouro, CDBs etc.) e saiba como proceder daqui para frente.
Fundos, CDBs e títulos públicos pós-fixados
Os investimentos pós-fixados têm seu rendimento atrelado a algum índice, como o CDI, a TR e ou o IGP. Ao investir, a pessoa ainda não sabe exatamente qual vai ser o retorno.
O rendimento dos investimentos pós-fixados está diretamente ligado ao comportamento da taxa básica de juros. Portanto, se a Selic está baixa, aplicações como Tesouro Selic, fundos DI e CDBs (que pagam um percentual do CDI) irão render pouco.
"É importante analisar a taxa real de juros, ou seja, o rendimento já descontado da inflação. Com a Selic em 6,5% ao ano e a inflação em torno dos 3% ao ano, as aplicações pós-fixadas irão render cerca de 3% ao ano. É uma taxa muito baixa se você estiver pensando em manter esse dinheiro investido por cinco ou dez anos", diz Myrian Lund.
O que fazer? A especialista recomenda diversificar suas aplicações. "Quem possui uma grande parcela do patrimônio em pós-fixados deve sacar uma parte do dinheiro e colocar em aplicações mais arriscadas, mas que oferecem um retorno maior, como os fundos multimercados."
Fundos e títulos públicos prefixados ou atrelados ao IPCA
Para os investimentos prefixados, a taxa de juros a ser paga é conhecida na hora da aplicação. Então, o investidor pode calcular quanto irá ganhar na data de vencimento do título.
Quem investiu em títulos públicos prefixados (Tesouro prefixado, antiga LTN) ou que pagam a variação da inflação (IPCA) mais uma taxa de juros predeterminada (Tesouro IPCA, antiga NTN-B) provavelmente notou ganhos expressivos nos últimos meses. Esse ganho também foi percebido em fundos de investimento que aplicam nesses papéis.
A valorização ocorreu por causa da chamada marcação a mercado: quando a taxa de juros cai, o preço do título aumenta, e vice-versa. Esse ajuste é feito diariamente. Como os juros caíram muito nos últimos meses, o preço dos títulos subiu, na mesma proporção.
Porém, economistas acreditam que o Banco Central deve fazer apenas mais um corte na taxa de juros, na próxima reunião do Copom, em maio, provavelmente para 6,25% ao ano.
"A Selic está praticamente no piso. Não vai cair muito mais. Portanto, os títulos prefixados já colheram praticamente todo o ganho decorrente da marcação a mercado", afirma Myrian Lund.
O que fazer? Para o investidor que tem esses papéis, ela sugere duas estratégias. A primeira é manter a aplicação até o vencimento e receber a taxa de juros contratada na época da compra dos títulos. A segunda é vender parte dos títulos, embolsar os ganhos acumulados e direcionar esse dinheiro para fundos multimercados, que tendem a ser mais rentáveis no momento atual.
CDBs prefixados
Quem investiu em CDBs prefixados terá que esperar o vencimento do papel para retirar o dinheiro. Em geral, eles não oferecem possibilidade de saque antecipado.
Isso não quer dizer que o investimento feito lá atrás foi um mau negócio. Há cerca de um ano, os CDBs prefixados estavam pagando taxas entre 11% e 14% ao ano, para vencimentos de um a cinco anos, ou seja, bem acima da Selic atual.
Como as taxas caíram muito, refletindo a queda da Selic, provavelmente não valerá a pena renovar esse tipo de aplicação, segundo o planejador financeiro Weaker Batista Neto.
O que fazer? "Os economistas acreditam que tanto a inflação como a Selic vão subir em 2019. Portanto, investir novamente em um título prefixado neste momento é arriscado. Quem precisa renovar a aplicação deve optar por papéis pós-fixados", afirma Batista Neto.
Um caso à parte: a reserva de emergência
O dinheiro para as despesas do dia a dia ou para cobrir eventos inesperados deve ser mantido em aplicações pós-fixadas (atreladas ao CDI ou à Selic ) e que tenham liquidez, ou seja, que permitam saques a qualquer momento.
"Nesse caso, não tem muita saída. É um dinheiro que vai render pouco, mas que precisa ser fácil de sacar para as emergências", afirma Lund.
Quanto guardar: O ideal é ter guardado, pelo menos, o equivalente a seis meses de salário.
Onde investir: Entre as opções de investimento, estão:
- Títulos do tipo Tesouro Selic
- CDBs com liquidez diária
- Fundos de renda fixa
- Poupança
Dicas para não perder dinheiro: Fique atento a alguns detalhes, segundo a especialista.
Se for comprar papéis no Tesouro Direto, procure uma corretora que não cobre taxa de corretagem. Há instituições em que a taxa chega a 0,5% do valor da operação.
Se aplicar em fundos de renda fixa, escolha um cuja taxa de administração seja inferior a 1% ao ano. Quanto menor a taxa, melhor.
Se investir em CDBs, o rendimento prometido precisa ficar acima de 90% do CDI.
"Se a taxa de administração do fundo for muito alta, ou se o CDB pagar menos de 90% do CDI, o rendimento será menor do que a poupança. Daí não vale a pena investir nessas aplicações", diz Lund.
Para encontrar as melhores condições de investimento, ela recomenda pesquisar fundos e CDBs em plataformas de corretoras ou em bancos médios. "Fuja dos produtos oferecidos pelos grandes bancos."
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