Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Cartão de crédito consignado para aposentado tem juros menores, mas cuidado

iStock
Imagem: iStock

Vinicius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/05/2018 04h00

A aposentada Maria do Carmo Pierangelo, 68, mudou a forma como paga suas compras. Há dois meses, anda com pouco dinheiro na carteira e passou a utilizar o cartão de crédito que o banco ofereceu. “Agora eu pago algumas coisas no crédito, mas sempre com responsabilidade. Só gasto pouquinho”, diz.

Ela utiliza um produto ainda pouco conhecido. Quem é aposentado ou pensionista do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pode obter um cartão de crédito com taxas e juros mais baixos.

Leia também:

O produto, chamado cartão de crédito consignado, é basicamente uma junção do cartão de crédito tradicional com o empréstimo consignado e oferecido a aposentados.

Fatura é descontada diretamente do pagamento

Nele, o valor da fatura é descontado diretamente do pagamento, antes mesmo de o salário chegar às mãos do beneficiário. Dessa forma, o banco consegue oferecer taxas mais baixas (já que o risco de calote é muito menor), aliando a comodidade do cartão de crédito com os juros mais baixos do crédito consignado.

“Foi um produto criado para dar uma margem maior para esse público [de aposentados e pensionistas do INSS]. O cartão segue a mesma lógica do crédito do consignado, sofre o débito na própria conta, mas também se enquadra nas regras do cartão de crédito”, diz o especialista Marcelo Prata.

Enquanto o rotativo do cartão de crédito chega, em média, a 333,9% ao ano, o cartão consignado possui taxa de 36% ao ano -pouco maior que os 29,9% do crédito consignado habitual.

Cartão sem cobrança de anuidade

A diferença entre o crédito consignado e o cartão está no percentual que cada pessoa pode tomar emprestado. Enquanto no empréstimo tradicional em folha é permitido ao aposentado comprometer até 30% da renda, no cartão, é possível chegar a 35%.

Além disso, a maioria dos bancos não cobra anuidade nesse produto. Dessa forma, ele tem um custo total abaixo dos cartões tradicionais e mantém algumas comodidades, como a conveniência de poder circular sem dinheiro físico, comprar algo sem possuir capital para tal ou sacar dinheiro em qualquer agência.

Como conseguir o cartão consignado

O cartão de crédito consignado pode ser obtido diretamente com o banco no qual a pessoa tem conta. Pode haver pequenas variações entre os bancos, mas, em geral, é necessário levar RG, CPF, comprovante de endereço e comprovante de recebimento do benefício (obtido no site do INSS).

Problemas e uso consciente

Apesar dos juros menores, o cartão de crédito consignado também tem risco de causar endividamento. O aposentado ou pensionista que queira utilizar esse produto precisa levar em consideração que os juros são altos e, caso fique devendo, pode ser o início de problemas financeiros maiores.

“[O cartão consignado] só vale a pena para quem tem as finanças controladas e usa o cartão de maneira consciente. Aí faz sentido”, declara Marcelo Prata.

Além disso, o cartão de crédito consignado não deve ser visto como uma extensão do salário, mas como uma linha (cara) de crédito. Por isso não é recomendado juntar um empréstimo no cartão com outras dívidas.

“Há muita gente que já tomou empréstimo consignado, e aí o banco aparece oferecendo o cartão. Quem já está no consignado não deve fazer o cartão de crédito”, afirma.

Além disso, o beneficiário do INSS não pode esquecer que o montante que ele comprometer na fatura não será debitado em conta. Dessa forma, ele precisa fazer os cálculos para saber exatamente o quanto do salário líquido irá receber.

Cartão consignado para assalariados em geral

Existe um outro tipo de cartão de crédito consignado para assalariados de empresas privadas em geral, mas é um produto diferente, com juros maiores, e é bem mais difícil de achar.

Os bancos dificilmente oferecerem o cartão consignado para alguém que já tenha um empréstimo e que trabalhe na iniciativa privada, por causa do maior risco de demissão. 

Recebemos um salário de fome, diz aposentado

UOL Notícias