Já ouviu falar em robô que investe seu dinheiro? Fuja, é pior do que 'bet'
Depois que você começa a acessar conteúdos sobre investimento por aí, surgem as mais variadas propagandas a respeito do assunto nas redes sociais e sites diversos. Algumas poucas são sérias e apontam oportunidades interessantes que podem ajudar você com os seus objetivos financeiros.
Muitas, no entanto, são exageradas, enganosas ou até mesmo golpistas. Eu classificaria entre esses dois últimos adjetivos uma que tenho visto em grandes sites especializados em investimentos: os robôs que investem seu dinheiro e oferecem a chance de receber enormes retornos.
Como funciona a propaganda enganosa do robô investidor
Os robôs investidores são sistemas automatizados que escolhem, para o cliente, o que comprar e o que vender na Bolsa de Valores, e executam essas operações.
Uma dessas propagandas diz que "robô que opera 'sozinho' na Bolsa de Valores entregou 634% de valorização em um ano". A peça publicitária era um post no Instagram no perfil de um conhecido site especializado em investimentos.
Ao final da legenda, o anúncio admite que o histórico positivo do robô não significa que ele dê lucro todos os dias. Além disso, continua: "Vale lembrar que os ganhos do passado não garantem retornos no futuro e é sempre importante lembrar que os investimentos têm riscos".
Enquanto a promessa de retorno colossal atiça a curiosidade do investidor, o recado final empresta um tom de seriedade e responsabilidade à propaganda.
É aí que o investidor desavisado acaba caindo. Ele acha que o alerta sobre os riscos é um sinal de que existe gente honesta por trás do produto. Na verdade, o aviso de que o robô não dá lucro todos os dias acaba sendo uma forma de manter o usuário na eterna expectativa de recuperar o dinheiro investido.
Como funciona o robô
A promessa é de que um sistema 100% automatizado vai operar na Bolsa "enquanto você vive a sua vida normalmente".
A inteligência artificial do robô seria capaz de "analisar informações cruciais em tempo real e aproveitá-las assim que elas aparecem". Além disso, o robô teria a vantagem de não ter o viés psicológico do ser humano, que acaba levando a erros na avaliação das tendências.
Para usar a ferramenta, é preciso pagar o valor da licença, de cerca de R$ 2.000 por semestre, e colocar um valor, à escolha do cliente, para a máquina investir na Bolsa. Além disso, o cliente precisa injetar dinheiro toda vez em que as operações caminham em direção ao prejuízo.
Quando o robô vira vício
Assim como acontece em qualquer jogo de azar, o que segura o apostador é o fato de que, às vezes, ele ganha. Quando você perde, quer esperar mais um dia para recuperar. Quando ganha, quer ganhar um pouco mais - afinal, você acreditou que o robô gerou um lucro de 634% em 12 meses.
Dessa forma, você entra em uma espiral que só termina quando o seu rombo financeiro chega a um nível muitas vezes maior do que você poderia imaginar.
Eu entendo que o robô investidor é ainda pior do que o vídeo em apostas porque seus clientes - digo, suas vítimas - acreditam que existe alguma ciência por trás da promessa de ganhos. Na verdade, as empresas que oferecem esse tipo de serviço não têm nem como provar que tais máquinas tiveram, no passado, o retorno anunciado - quem dirá prever o futuro.
Como investir de verdade na Bolsa
Se você está pensando em investir na Bolsa e tolera um certo grau de risco, não dê o benefício da dúvida a um robô investidor. A forma mais adequada de investir na Bolsa é estudando as empresas listadas e escolhendo algumas para se tornar sócio delas.
Em vez de tentar prever se o dólar vai subir ou cair de hoje para amanhã, você vai analisar se uma companhia tem trabalhado bem ou não. A empresa tem gerado caixa consistentemente? Tem conseguido crescer sem contrair dívidas significativas? Possui alguma vantagem relevante em comparação com seus concorrentes?
Mesmo assim, existe risco. A empresa pode não crescer como o previsto ou até falir. Mas aqui você não está em um jogo de adivinhação. Você está se associando a uma organização que tem gerado valor para a sociedade por meio dos produtos que vende.
Alguma dúvida?
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