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ANÁLISE

Juros disparam de 2% para 10,75% em menos de 1 ano, para reparar erro do BC

7.abr.2020 - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - Adriano Machado/Reuters
7.abr.2020 - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto Imagem: Adriano Machado/Reuters

Felipe Bevilacqua

03/02/2022 09h31

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Após dois dias de reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou as expectativas do mercado e elevou, na quarta-feira (2), a Selic - a taxa básica de juros - em 1,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Entretanto, o comitê sinalizou que deve começar a desacelerar a alta dos juros a partir do próximo encontro.

Para se ter noção de quão rápida foi a escalada da Selic, vale lembrar que, em fevereiro de 2021, a taxa ainda estava em 2% ao ano, o que significa que em um intervalo de menos de um ano, os juros subiram 8,75 pontos percentuais, muito acima do que os analistas esperavam.

O motivo para essa alta vertiginosa da Selic é simples: o Banco Central (BC) —bem como outros órgãos de política monetária ao redor do mundo— subestimou o risco de disparada da inflação, e agora precisa adotar uma postura mais agressiva para tentar fazer com que a inflação convirja para a meta em 2022.

Isso tudo porque, durante o momento mais crítico da pandemia, houve uma abrupta interrupção das cadeias produtivas globais, acompanhada de mudanças significativas nos hábitos de consumo da população. Sendo assim, ocorreu um descasamento entre a demanda e a oferta global de produtos e serviços, o que fez com que os preços de uma série de itens disparassem.

Talvez o caso mais emblemático desse descasamento entre oferta e demanda seja o dos microchips, componentes utilizados em todo tipo de aparelho eletrônico, desde celulares até automóveis. A demanda por esses componentes aumentou significativamente em todo o planeta em meio à adesão ao modelo de trabalho remoto, que fez com que as pessoas comprassem mais computadores, fazendo os preços dispararem.

Além disso, a redução dos juros nas principais economias do planeta contribuiu para aumentar a quantidade de dinheiro em circulação, o que aumentou as pressões inflacionárias ao redor do mundo.

No Brasil, outros fatores agravaram ainda mais essa situação, dentre os quais merecem destaque a valorização do dólar e a crise hídrica, que prejudicou tanto o setor elétrico quanto o setor agrícola, resultando em uma inflação acumulada de 10,06% em 2021.

Agora, o Banco Central trabalha para trazer a inflação para perto do teto da meta, de 5% ao ano, e conta com a alta da Selic para reduzir o volume de crédito concedido e desacelerar o consumo, com o intuito de provocar um arrefecimento da alta dos preços. Com os juros em 10,75%, o BC avalia que a taxa já está próxima do ápice deste ciclo de alta, e deve anunciar um aumento mais tímido dos juros —entre 0,5 e 1 ponto percentual— na reunião de março.

No 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes do UOL Economia Investimentos): informações sobre os resultados trimestrais do Santander e da Meta, controladora do Facebook.

Um abraço,

Felipe Bevilacqua

Analista de Investimentos de Levante
CNPI - Analista certificado pela Apimec
Gestor CGA - Gestor de Fundos certificado pela Anbima
Administrador de Recursos e Gestor autorizado pela CVM

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