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O presidente Jair Bolsonaro nomeou o advogado e mestre em economia Adolfo Sachsida para o cargo de ministro de Minas e Energia nesta quarta-feira (11), após a demissão do almirante Bento Albuquerque do cargo.
A troca de comando da pasta vem após o presidente ter tecido duras críticas à política de preços da estatal e aos recentes reajustes nos preços dos combustíveis.
Na semana passada, Bolsonaro dirigiu a palavra a Albuquerque, então ministro, e ao presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, dizendo que eles não poderiam elevar os preços dos combustíveis. "Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm", disse o presidente, que defendeu que empresas públicas ou de sociedade mista devem ter "função social".
Contudo, apesar das falas de Bolsonaro, a petrolífera elevou o preço do litro do diesel comercializado nas refinarias em 8,87% na última segunda-feira (9), de R$ 4,51 para R$ 4,91.
Mesmo com o reajuste, o preço do diesel ainda apresenta uma defasagem de cerca de 17% com relação aos preços praticados no mercado internacional, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). No caso da gasolina, a defasagem é ainda maior, de cerca de 19%.
Mas, afinal, por que o Brasil deve seguir os preços praticados no exterior se somos uma nação autossuficiente na produção de petróleo?
Bem, em primeiro lugar, é preciso compreender a diferença entre ser autossuficiente na produção de petróleo e ser capaz de suprir a demanda interna pelos derivados da commodity.
Mesmo sendo um grande produtor de petróleo, o Brasil não tem a infraestrutura necessária para refinar todo o combustível que é consumido em território nacional, dependendo, portanto, da importação de uma fatia expressiva do diesel e da gasolina consumidos por aqui.
Quando existe uma defasagem muito grande entre os preços do mercado doméstico e os preços praticados no exterior, a importação de petróleo se torna um negócio economicamente inviável. Nesse cenário, há um grave risco de desabastecimento.
Além disso, o investimento em infraestrutura com o intuito de tornar o Brasil autossuficiente na produção dos derivados do petróleo demandaria muitos recursos, uma vez que o petróleo extraído na região do pré-sal é do tipo leve, enquanto as refinarias brasileiras foram majoritariamente projetadas para o refino do petróleo pesado.
Por fim, diante da tendência de transição para matrizes energéticas limpas e renováveis, é questionável se o investimento maciço em uma infraestrutura de refino de petróleo é a decisão estratégica mais inteligente, pensando no longo prazo.
De qualquer maneira, os preços dos combustíveis são alvo de intensas discussões políticas no Brasil desde a descoberta dos primeiros poços de petróleo em território nacional.
Portanto, é inegável que os combustíveis são uma importante ferramenta política, e enquanto a Petrobras for controlada pelo governo federal, sua política de preços estará no centro dos debates eleitorais e eleitoreiros.
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Um abraço,
Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante
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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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