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ANÁLISE

Resultado da dona das Casas Bahia surpreende, mas cenário difícil preocupa

Rafael Bevilacqua

11/05/2022 09h21

Hoje comentaremos os resultados da varejista Via, dona das marcas Casas Bahia e Ponto, referentes ao primeiro trimestre de 2022. O setor de atuação da companhia é um dos mais afetados pelo cenário de inflação e juros em alta.

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

Cenário desafiador preocupa investidores

A varejista Via (VIIA3), dona das marcas Casas Bahia e Ponto, divulgou seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2022 na noite de segunda-feira (9), após o fechamento dos mercados.

Os números reportados pela companhia vieram mistos, tendo os resultados sido impactados pela mudança do cenário macroeconômico, com a disparada da inflação e a elevação dos juros no país. Nesse contexto, varejistas tendem a ser prejudicadas pela redução do poder de compra da população, especialmente aquelas que não atuam em segmentos do varejo considerados essenciais, como o alimentício.

No trimestre, o Volume Bruto de Mercadoria (GMV) total da Via apresentou um aumento de 3% na base anual, com o GMV on-line crescendo 4%. A receita bruta consolidada da companhia recuou 1%, atingindo R$ 8,7 bilhões no trimestre, com destaque positivo vindo de serviços e cartões de crédito.

Já a receita líquida consolidada da Via registrou recuo de 2% frente ao primeiro trimestre de 2021, totalizando R$ 7,4 bilhões, número abaixo das estimativas. O indicador vendas em mesmas lojas (SSS) registrou aumento de 0,3% no período.

As despesas com vendas, gerais e administrativas, operacionais apresentaram recuo de 12,8%, explicada principalmente pelo ganho de produtividade nas lojas, com vendedores realizando vendas tanto de produtos da loja quanto do canal on-line (1P e 3P), além de menores despesas trabalhistas.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado operacional atingiu R$ 758 milhões de reais no trimestre, aumento de 30,0% na comparação anual e acima das estimativas. Já a margem Ebitda ajustada foi de 10,2%, avanço de 2,5 pontos percentuais na comparação anual.

O lucro líquido, por outro lado, recuou 90% com relação ao primeiro trimestre de 2021, somando R$ 18 milhões, principalmente em decorrência do resultado financeiro líquido, que ficou negativo em R$ 428 milhões. O motivo para o resultado financeiro negativo foi o aumento dos custos da dívida, uma vez que os juros subiram significativamente entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo período deste ano.

Apesar da forte queda do lucro, o resultado veio acima das expectativas do mercado.

Em se tratando de uma companhia com forte presença no e-commerce e que comercializa uma série de itens de valor elevado, como eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, o momento atual demanda cautela. Isso porque o setor deve seguir sofrendo os efeitos negativos da alta dos juros e da diminuição do poder de compra dos brasileiros no curto prazo.

Na terça-feira (10), as ações da Via fecharam em queda de 2,23%, cotadas a R$ 2,63.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.