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OPINIÃO

Com novo pacote de bondades, governo abandona a responsabilidade fiscal

22.out.2021 - O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes - Evaristo Sá/AFP
22.out.2021 - O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes Imagem: Evaristo Sá/AFP

Rafael Bevilacqua

24/06/2022 09h38

Esta é a versão online da edição de hoje da newsletter Por Dentro da Bolsa, que afirma que o governo Jair Bolsonaro (PL) vem abandonando pouco a pouco a responsabilidade fiscal. O mais recente episódio é o pacote de bondades que inclui aumento no valor do Auxílio Brasil e a criação de um vale para caminhoneiros. Para assinar este e outros boletins e recebê-los diretamente no seu email, cadastre-se aqui. Os assinantes UOL ainda têm direito a mais duas newsletters exclusivas sobre investimentos.

Nos últimos anos, desde quando a ex-presidente Dilma sofreu impeachment, em 2016, e entregou o país em frangalhos para seu vice, Michel Temer, o Brasil tem passado por um vagaroso, mas imprescindível, ajuste das contas públicas.

O objetivo desse ajuste é tornar o país superavitário novamente, ou seja, fazer com que as receitas superem os gastos, uma vez que o Brasil acumula uma sequência ininterrupta de déficits primários desde 2014.

Contudo, após o déficit histórico de R$ 743 bilhões registrado em 2020, em decorrência da pandemia do coronavírus, o governo parece ter pouco a pouco abandonado a agenda de responsabilidade fiscal que vinha sendo liderada pela ala econômica, enquanto a gastança defendida pela ala política foi ganhando cada vez mais força.

Agora, a poucos meses da eleição, o governo preparou um generoso "pacote de bondades", que contempla desde a população em situação de vulnerabilidade até os caminhoneiros.

As primeiras medidas propostas são o aumento do programa social Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e uma elevação do valor do vale-gás, atualmente em R$ 53, cerca de metade do preço de referência do botijão de gás.

Essas medidas devem ser incluídas na PEC 16, que prevê uma compensação para os estados que zerarem o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) até o final deste ano.

Além disso, o governo avalia incluir na PEC dos combustíveis um voucher de R$ 1.000 para que os caminhoneiros comprem diesel. A ideia do voucher surgiu em resposta às recentes manifestações de descontentamento com a alta dos preços dos combustíveis e visa acalmar os ânimos da categoria.

Com o voucher nesse valor, a PEC dos combustíveis pode chegar a custar R$ 58 bilhões aos cofres públicos.

Por mais que seja importante fornecer auxílio à população neste momento difícil de retomada econômica, após uma das piores crises sanitárias da história, o Brasil não se encontra em uma posição confortável no que diz respeito à saúde das contas públicas.

Enquanto priorizarmos o curto prazo em detrimento de medidas de longo prazo capazes de sanar os problemas que assolam a economia brasileira há décadas, seremos eternamente o país dos "voos de galinha".

Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes UOL, que possuem acesso integral ao conteúdo de UOL Investimentos): informações sobre a compra da Gaspetro pela Compass.

Um abraço,

Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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