Com a virada do ano, o mercado iniciou 2023 atento às primeiras medidas que viriam ser adotadas pelo presidente eleito, Lula, e seus ministros, principalmente Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo que atualmente ocupa a função de ministro da Fazenda.
Logo nos primeiros dias, as falas do governo tiveram repercussão no mercado financeiro com Haddad declarando que o governo não aceitará o déficit previsto de mais de R$ 200 bilhões em 2023 devido à incorporação da PEC da transição aprovada pelo congresso em 2023.
Além das falas iniciais do governo, ainda presenciamos no mês de janeiro discussões sobre a independência do Banco Central, a criação de uma moeda única comum entre Brasil e Argentina, aumento da isenção na tabela do imposto de renda e possíveis financiamentos do BNDES a obras dentro da América Latina.
O mês foi também marcado pelo escândalo das Lojas Americanas, revelado pelo recém-assumido CEO da varejista, Sérgio Rial, com apenas nove dias no comando da empresa.
O rombo inicial divulgado foi na faixa dos R$ 20 bilhões devido a divergências contábeis, tendo impactado diretamente investidores pessoa física e grandes gestoras de investimentos que detinham papéis da Loja na data.
Após os papéis da empresa despencarem de R$ 12,00 para menos de R$ 1,00, fecharam o mês em R$ 1,75, os impactos ocorreram não somente nas ações, mas também no mercado de crédito privado que costuma ser de menor risco aos investidores e não ter grande volatilidade.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, mesmo com o caso Americanas, fechou o mês de janeiro com uma alta de 3,37%, superando o CDI que fechou o mês com retorno de 1,12%, e ficando atrás do índice de ações americanas, S&P500, que fechou o mês com rentabilidade de 3,77%.
Já o dólar teve queda de 2,27% frente ao real, significando a valorização da moeda local. Outra classe de ativos que foram bem em janeiro foram as criptos moedas, com as duas maiores moedas negociadas mundialmente, o Bitcoin e a Ethereum, fechando em 33,23% e 29,29% respectivamente em reais.
No exterior, os especialistas estão de olho nos desdobramentos do ataque de drone a uma fábrica de munições no Irã. O país atingido por ser um grande produtor de petróleo pode acabar gerando grandes impactos caso venha a contra-atacar de alguma forma, o que geraria algum desequilíbrio ao redor do mundo devido ao preço desta commodity. O Irã já se encontrava em fortes tensões com o Ocidente por supostamente estar desenvolvendo armas nucleares e munindo a Rússia de armas na guerra contra a Ucrânia.
Neste cenário, se destacaram fundos com alocações maiores nos ati vos de risco locais e internacionais.
Melhores fundos multimercado
Confira a seguir os dez fundos multimercados com as maiores altas em janeiro.
A Meraki Capital, gestora do fundo Meraki Long Biased, que obteve uma rentabilidade de 3,90% no mês de janeiro, comenta:
"Nosso fundo Meraki Long Biased subiu quase 4% em janeiro. A boa performance vem da combinação de ações globais e locais. Na parte internacional, os destaques ficam para nossas posições em Tesla e Disney (subiram em janeiro 42% e 24% respectivamente); já no Brasil, as melhores contribuições vieram de Cyrela e Vale (que subiram 16% e 6% respectivamente). No final do ano passado, aproveitando a queda de boas empresas americanas, aumentamos nossas alocações nos Estados Unidos. Assim.
Além de aproveitar os atraentes preços de boas empresas globais, também reduzimos a concentração de risco no Brasil, dado a transição de um novo governo federal, e as incertezas fiscais e econômicas que têm sido debatidas recentemente.
Nosso fundo não tinha posições em Lojas Americanas (nem posições compradas, nem vendidas), mas vemos o episódio com bastante preocupação e com consequências no crédito para várias empresas listadas na bolsa. A falta de credibilidade nos balanços brasileiros, nos leva a redobrar nossa atenção nas empresas de nossa cobertura.
Dito isto, entendemos que mesmo com as incertezas fiscais apresentadas pelo novo Governo, a bolsa Brasileira parece bastante depreciada e vem chamando atenção de investidores internacionais, dado a melhora macro global de vários países emergentes.
Continuamos analisando oportunidades no Brasil e no exterior, tentando ampliar nosso escopo de investimentos, e buscando retornos consistentes para nossos clientes independente de nosso viés local."
Segue comentário da Helius Capital sobre seu fundo multimercado Helius Lux Long Biased:
"O fundo Helius Lux Long Biased registrou uma alta de +3,17% no mês de janeiro, com destaque para empresas do setor de varejo, que estiveram entre as principais contribuições positivas no mês.
Com foco em renda variável Brasil, o fundo Helius Lux procura identificar assimetrias de valor através de uma análise fundamentalista feita por um robusto time de gestão com mais de 10 anos de experiência no mercado.
A tomada de decisão também leva em conta o cenário macroeconômico, e a estratégia, proporciona flexibilidade e agilidade para aumentar ou diminuir exposição direcional para capturar momentos de mercado. O fundo também tem como característica carregar estruturas de hedge, para proteger a carteira em momentos de alta volatilidade.
O Magazine Luiza, que valorizou 61% no mês, foi a maior contribuição para o fundo em janeiro. Acreditamos que os resultados da companhia irão reportar melhoras significativas no quatro trimestre de 2022, com geração de caixa e crescimento de GMV.
Além disso, o papel se beneficiou com o evento envolvendo uma grande varejista do setor, uma vez que a MGLU está bem posicionada para capturar ganhos de participação no mercado diante da fragilidade da concorrente.
Também do setor de varejo, a Natura, novata no portfólio do Helius Lux, contribuiu positivamente. Após dois anos desafiadores, a empresa começou a dar sinais de melhora a partir do segundo semestre do ano passado, diminuindo a queima de caixa e cortando custos, principalmente da estrutura da holding.
Não obstante, notícias sobre um potencial destravamento de valor vindo da unidade de negócios Aesop, que está em estudos para uma possível venda de uma participação ou até mesmo um IPO, chamam a atenção e podem ser um gatilho importante para o papel.
Por fim, para encerrar as principais contribuições positivas para a performance do mês, está a petroleira PetroRio. Após a conclusão da compra de Albacora Leste, aproveitamos para reduzir a nossa exposição no papel, apesar de ainda acreditar na sustentação do preço de petróleo estruturalmente mais alto no médio e longo prazo."
Melhores fundos de ações
Confira abaixo os melhores fundos de ações no mês de janeiro.
Para o fundo SulAmérica Selection, o gestor compartilha o seguinte comentário sobre o bom desempenho em janeiro:
"Em janeiro o fundo SulAmérica Selection se destacou e subiu 8,33% no mês. A estratégia se baseia em investimentos em empresas, preferencialmente fora das 10 maiores negociadas no índice Ibovespa e que tenham grande potencial de valorização de seu valor.
"São empresas que são protagonistas em seus negócios e atividades. Temos um processo interno de alocação bem robusto e definido. A equipe passa horas em análises, discussões internas, visitas presenciais, busca de informações e também, debruçados nos números e nos calls com o corpo diretivo das empresas", diz João Saldanha, que é o Gestor responsável pela estratégia e que está na SulAmérica Investimentos há quase 10 anos.
Saldanha também menciona a "contribuição da equipe de análise quantitativa, que por meio de uma série de modelos, subsidia a equipe de Gestão com informações que podem ser importantes na tomada de decisão".
"A renda variável tem fases mais desafiadoras, mas em geral, a bolsa está atrativa no momento, tem ações que estão descontadas, baratas e alguns setores que são muito promissores. Os juros altos podem inibir os investidores que preferem menos volatilidade. No entanto, no médio e longo prazo, a bolsa traz muitas oportunidades e possibilidade de ganhos diferenciados, fora a importância da diversificação", diz Saldanha.
Pensando em 2023, Saldanha confia que "há boas oportunidades, mas o investidor precisará ter paciência pois em outros momentos a bolsa conseguiu ter um ótimo desempenho mesmo com esse ambiente de juros mais elevados".
O cenário está difícil em todo mundo, com a inflação elevada, recuperação da pandemia, juros altos e alguns eventos inesperados. No Brasil, com a Selic a 13,75% a.a., a renda fixa parece ser uma boa oportunidade, mas uma virada da bolsa pode acontecer de forma inesperada e muito rápida e os ganhos serem realmente significativos.
Os resultados do Selection mostram isso: "tivemos momentos adversos, mas ao longo dos anos, a estratégia teve desempenho superior ao seu índice de referência (IVBX-2)".
De acordo com a SulAmérica Investimentos, o desempenho do Selection em janeiro deste ano foi devido ao nosso otimismo em relação às ações ligadas ao setor de energia, logística, farmacêutica e alguns bons cases do setor de varejo e consumo. A SulAmérica Investimentos possui cerca de R$ 55 bi sob gestão e administração e a família Selection existe desde 2015 e atualmente seu patrimônio está ao redor de R$ 1 bi*. (*fundos que seguem a mesma estratégia do Selection.)"
Segue comentário da Reach Capital sobre seu fundo de renda variável Reach FIA:
"Mês de janeiro seguiu com a reabertura da China que levou à alta no preço das commodities no geral. O arrefecimento da inflação nos EUA faz com que o mercado espere um FED mais dovish para reduzir o risco de recessão, mesmo com dados de PIB forte e mercado de trabalho ainda robusto.
Este cenário favoreceu as bolsas no mundo e principalmente mercados emergentes como o Brasil, que recebeu grande fluxo de investimento externo para bolsa (próximo de R$ 11 bilhões). Isso corroborou para que a Bolsa e o real se valorizarem ignorando os ruídos políticos.
No cenário doméstico, o calcanhar de Aquiles continua sendo o fiscal, onde o novo governo segue no ritmo das eleições e flertando com mudança na meta de inflação e descontrole fiscal que impactam na ancoragem das expectativas. Isto somado retarda o início do corte de juros pelo Banco Central mesmo que nada tenha mudado de fato.
Com esse cenário os ativos que mais performaram na Reach Capital em específico no fundo Reach FIA, foram a 3R Petroleum que teve seu relatório de produção de dezembro divulgados no mês mostraram crescimento no volume e boa perspectiva, além disso uma mudança no time executivo que deverá focar no operacional e tornar uma empresa enxuta e eficiente.
Ainda em commodities, tivemos ganhos com a Aura Minerals que tem se beneficiado do aumento do preço do ouro, atrelado principalmente ao aumento de reservas dos Bancos Centrais. A companhia tem neste ano importantes avenidas de crescimento como projeto Almas, que deve entrar em operação a partir de abril e o mercado já parece precificar parte disso.
Outra contribuição importante foi o Mercado Livre, empresa em que temos posição há anos, que se beneficiou da alta das techs americanas e a expectativa de melhor mercado competitivo após o evento da Lojas Americanas.
Por fim a SUSESP reportou dados que confirmam forte melhora nos resultados e queda da sinistralidade, muito positivo para nossa posição na seguradora Porto Seguro."
Conheça aqui os fundos disponíveis do PagBank
Os fundos foram classificados utilizando metodologia interna do PagBank usando dados de mercado fornecidos pela Quantum Finance e foram considerados fundos para investidores em geral de gestão ativa, abertos para captação, com mais de R$ 50 milhões de patrimônio líquido, investimento mínimo até R$ 5.000, mais de 100 cotistas e existentes há mais de um ano.
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