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Carrefour compra Grupo BIG e dispara na Bolsa; é hora de investir na ação?

Carrefour compra Grupo BIG e ações disparam - Regis Duvignau/Reuters
Carrefour compra Grupo BIG e ações disparam Imagem: Regis Duvignau/Reuters

Karin Salomão

Do UOL, de São Paulo

24/03/2021 14h42Atualizada em 24/03/2021 18h29

O Carrefour, líder no setor de supermercados no Brasil, comprou hoje, 24, o Grupo BIG (ex-Walmart Brasil), terceiro maior grupo do mercado. Com isso, as ações do Carrefour (CRFB3) lideraram os ganhos na Bolsa hoje, com alta de 12,77%.

A aquisição, com valor de R$ 7,5 bilhões, ainda deve ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o que deve acontecer em 2022 segundo estimativas do Carrefour.

Analistas ouvidos por UOL afirmam que a compra pode trazer vantagens para o Carrefour como expansão para outras regiões geográficas além do Sudeste, e formatos diferentes, como o Sam's Club, clube de compras que tem produtos exclusivos e importados. Veja abaixo as recomendações de analistas para as ações do Carrefour (CRFB3) e de concorrentes, como o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) e Grupo Mateus (GMAT3).

É hora de comprar ações do Carrefour?

A ação irá subir com a aquisição. É sempre difícil recomendar a compra quando o papel está subindo. Mesmo assim, olhando para frente, a aquisição é interessante e deve trazer valor para o Carrefour, deixar a operação ainda mais forte.

Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos

O modelo de atacado (forte no Carrefour com a marca Atacadão e no Grupo BIG) tem o maior valor. Gera mais receita, lucro e retorno que a operação de varejo. O mercado irá absorver essas informações.

As ações do Carrefour já estão subindo forte. Acredito que é hora de ter cautela. Precisamos esperar para ver como será a variação das ações dessas empresas. Quando há uma euforia muito grande de compra em um dia, o mercado vai normalizar a precificação a ação nos próximos dias, então acredito que é necessário ter cautela.

Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos

O que fazer com as ações dos concorrentes?

De acordo com analistas, as ações de concorrentes como Grupo Pão de Açúcar (GPA) e Grupo Mateus devem ter movimentos distintos no médio prazo. As ações do GPA (PCAR3) estão caindo 1,36% às 14h30. Já as ações do Grupo Mateus estão em queda de 1,87%.

Mesmo com o crescimento de seu maior concorrente, o GPA não deve ser tão prejudicado com a aquisição. Vejo um viés até positivo. Essa aquisição jogou o valuation (valor das empresas em comparação com o lucro e receita) lá para cima. Depois da cisão entre GPA e Assaí, as ações do GPA estavam sendo negociadas a patamares muito baixos e uma aquisição desse porte mostra para o mercado que o valor dos seus ativos é maior do que estava precificado.

Esteter, da Guide Investimento

Já o Grupo Mateus deve sofrer mais.

O Grupo Mateus está mais exposto ao Nordeste, região na qual o Grupo BIG também é forte. Interpreto a reação das ações de maneira mais negativa.

Esteter, da Guide Investimento

Ainda há muitas variáveis para avaliar nos próximos dias. Recomendamos esperar a euforia do mercado.

Carvalho, da Toro Investimento

Analistas também recomendam olhar para outras ações do setor.

Hoje há papéis para todos os gostos. Se o investidor quer mais exposição ao Nordeste pode investir no Grupo Mateus, se busca um grupo unificado pode entrar no Carrefour, se prefere o varejo tem o GPA e, para o atacado no Sudeste, o Assaí. Mas hoje vejo que a ação do PCAR3 é a que tem maior potencial de valorização.

Esteter, da Guide Investimento

O que o Carrefour ganha com a compra do Grupo BIG?

Desde que a operação do Walmart no Brasil foi comprada pelo fundo de investimentos Advent International e incorporado ao Grupo BIG em 2018, a rede de supermercados passou por uma forte reestruturação.

Com a aquisição pelo Carrefour, o mercado espera ainda mais eficiência. Os ganhos de sinergia estimados com a operação são de R$ 1,7 bilhão nos lucros antes de juros e impostos nos próximos três anos.

"Temos observado os resultados do Atacadão (braço de atacado do grupo Carrefour), que são muito sólidos e com crescimento e geração de caixa. O mercado acredita que isso pode acontecer com o Grupo BIG porque já tem visto o Carrefour fazendo isso internamente", diz Esteter.

O principal objetivo com a aquisição é aumentar a presença geográfica do Carrefour, até então muito concentrado no Sudeste. O Grupo BIG tem maior presença no Sul e no Sudeste. Outra vantagem é trazer para dentro do grupo um formato novo, o Sam's Club, que tem um público fiel, grande recorrência de compras e rentabilidade.

Eric Huang, analista da Eleven Financial

Do ponto de vista operacional, espera-se um aumento de rentabilidade das lojas do Grupo BIG à medida que elas são convertidas no formato do Carrefour Brasil, que possui uma oferta comercial melhor. Uma estratégia similar às conversões das lojas Makro em lojas do Atacadão, que já se mostraram um sucesso para a companhia.

Vale ressaltar ainda que, com a aquisição, o grupo Carrefour Brasil passa a ter acesso a base de clientes do BIG, aumentando o mercado potencial do e-commerce e do crédito do Banco Carrefour. No geral, vemos a aquisição como positiva para o grupo, e deve impulsionar seu crescimento, que já vem acelerado em meio a pandemia.

Analistas da Genial Investimentos

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