Americanas S.A. faz mudança societária e ações dispararam; vale investir?
O anúncio da reestruturação societária da Americanas S.A, que deverá consolidar os acionistas das Lojas Americanas (LAME4/LAME3) e Americanas (AMER3) em uma única companhia listada na Bolsa, fez com que os papéis das companhias acumulassem altas seguidas nos últimos dias. Desde o início do mês, as ações LAME3 subiram 18,75% e as ações AMER3 se valorizaram 12,63% até as 12h de hoje. Como comparação, o Ibovespa caiu 0,11% no mesmo período.
Segundo analistas ouvidos pelo UOL, a reestruturação abre oportunidades ao investidor que já possui o papel ou quem estuda a empresa para investir com o pensamento no longo prazo.
Mesmo com a valorização das ações, "não recomendamos a venda, e vemos um momento oportuno para o investimento de longo prazo nos papéis de AMER3, com preço-alvo de R$ 65", disse Rodrigo Crespi, analista da Guide. Atualmente, o papel está cotado em cerca de R$ 32, o que dá uma valorização de cerca de 103%.
Americanas é o novo nome da B2W, antes controladora do Submarino.com, Americanas.com e Shoptime. A empresa era responsável apenas pelos ativos digitais do grupo, enquanto a Lojas Americanas controlava as operações físicas. Em julho, as empresas anunciaram a fusão das duas operações.
Agora, Americanas e Lojas Americanas avançaram no processo de fusão. Os controladores das duas empresas serão diluídos na fusão e deterão uma participação de 29,2% participação na empresa combinada. Uma vez concluída a operação, as ações da Americanas detidas por Lojas Americanas serão canceladas e cada acionista da Lojas Americanas receberá 0,186 ação ordinária da Americanas.
Os bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, fundadores da 3G Capital e atuais controladores da Lojas Americanas, se tornarão "acionistas de referência" e não deterão mais do que 50% do capital votante, abrindo mão do controle da nova empresa.
De acordo com Crespi, o potencial de valorização dos papéis vem de uma mudança positiva na governança da companhia, que deverá mudar de mãos e, assim, ter mais foco para disputar o mercado com as concorrentes. Além disso, como os antigos donos irão vender a participação que detinham, o que deixará mais ações disponíveis no mercado, favorecendo a cotação no longo prazo.
"Isso dá maior transparência à empresa, além de maior liquidez para os papéis de AMER3, combinando as bases acionárias de sua holding", disse Crespi. "[Por isso] gostamos dos papéis da empresa, que possui um potencial de dobrar o valor das ações", afirmou.
"Vemos a união das bases acionárias das companhias como positiva, deixando sua estrutura mais simples e com melhor governança, além de poder aumentar a liquidez de suas ações", disse, em relatório. "Por ser uma holding, as ações da Lojas Americanas (LAME4/LAME3) negociam com um desconto, o famoso desconto de manutenção ou desconto de holding. Dessa forma, com a combinação, o desconto deixa de existir", completou.
A administração de Lojas Americanas também acrescentou que permanece a possibilidade de uma reorganização para migrar sua base acionária para uma nova sociedade, com sede no exterior, cujas ações seriam listadas nos EUA.
Para Pedro Galdi, analista da Mirae, a nova companhia poderá seguir os passos de XP e banco Inter, que conseguiram listar suas ações nos EUA e conseguir uma valorização importante naquele mercado. "Agora a próxima etapa é unificar as duas e, provavelmente, levar a base acionária para os EUA, como XP fez e inter está fazendo, o que é positivo", afirmou.
Para a casa de análises Levante, pela ação atual ser uma holding, ou seja, deter participação das duas empresas, ela carrega um desconto no preço das ações, algo natural que o mercado dá a esse tipo de empresa. Mas, como a holding atual deverá deixar de existir, esse desconto também não permanecerá levando as ações para uma valorização no longo prazo.
Desafios da empresa ainda são grandes e concorrência aperta
Segundo Rodrigo Crespi, analista da Guide, apesar da possibilidade de alta valorização no longo prazo, o mercado ainda se preocupa com temas atuais, como a maior concorrência no varejo, com empresas como Amazon e Magazine Luiza, e o menor crescimento do país.
"O atual ambiente macroeconômico continuará a ser bastante desafiador, tendo em vista a inflação acima do esperado, juros em patamares elevados e ainda uma maior concorrência no setor, com a participação de players internacionais de peso, além dos players nacionais, que vêm reportando rentabilidade superior a Americanas", disse.
Para Rodrigo Glatt, sócio da gestora GTI, o setor de e-commerce ficou bem caro na Bolsa em meio à pandemia, e também deverá passar por um processo de consolidação que deverá deixar a Americanas em uma situação complicada no futuro - ou seja, as grandes empresas têm força para comprar outras menores e aumentarem seu tamanho. "Ainda acho que não tem espaço para todo mundo e, talvez, Mercado Livre, Magazine Luiza e Amazon vão consolidar esse setor", disse.
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