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Cielo disparou, e rival Getnet saiu da Bolsa. O que aconteceu?

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/09/2022 13h34

Considerando as ações que estão fora do Ibovespa, um papel vem chamando atenção por sua escalada de valorização neste ano: o da empresa de maquininhas de pagamento Cielo (CIEL3).

Com valorização acumulada em 2022 de 142%, a ação caminha para ser o ativo mais valorizado do ano.

A rival Getnet tem alta acumulada de 19%. Mas ao contrário da Cielo, sua experiência na Bolsa não está sendo boa: apenas sete meses após listagem, o braço de maquininhas de pagamentos do Santander (SANB11), informou, em maio, a intenção de sair do mercado. A companhia não divulgou o motivo.

O que faz as duas terem performances tão diferentes?

As empresas de maquininha vêm de um período de competição acirradíssima. Há pouco mais de cinco anos, a Cielo reinava sozinha, quando surgiram várias concorrentes de uma vez: Getnet, Stone, PagBank e outras.

A CIEL3 valia R$ 23 em janeiro de 2018. Hoje, está cotada a R$ 5,30. "Ela vem de cinco anos de queda na Bolsa, até o começo de 2022", explica Márcio Lorega, analista-chefe do PagBank.

O que mudou a chavinha da empresa no início de 2022 foi uma mudança de tática de mercado. "A Cielo enfrentou anos de grande desvalorização, até que viu que sua estratégia de aumentar a lucratividade do negócio não estava dando certo", explica Régis Chinchila, da equipe de análise da Terra Investimentos.

Então, a empresa resolveu mudar e voltar a centrar forças na participação de mercado que havia sido perdida nos últimos anos. A empresa se concentrou em atingir o maior volume de negociações possível, às custas de margens num patamar mais baixo que a média histórica, explica Luis Novaes, também da Terra.

E deu certo. No último trimestre divulgado, o lucro da Cielo subiu 112% (em relação a abril, maio e junho de 2021), chegando a R$ 383 milhões. A concorrente Getnet também foi bem, mas com uma larga diferença: o lucro líquido da Getnet foi de R$ 176 milhões no segundo trimestre, 33% acima do registrado nos mesmos meses de 2021.

Por que a Getnet saiu da Bolsa?

A Getnet entrou para a Bolsa de Valores com a expectativa de captar dinheiro para, de uma certa maneira, curar seus ferimentos da guerra das maquininhas.

Para o controlador da Getnet, o banco Santander, a abertura de capital era importante para trazer mais dinheiro para a empresa e ajudá-la a crescer. Porém, apesar do pouco tempo de companhia aberta, a perspectiva do banco se encontrou com a realidade difícil do setor. "Então, o banco tomou a decisão de fechar o capital, sem contar os problemas de liquidez enfrentados pelo papel", dizem os analistas da Terra.

A ação da Getnet não era um papel que atraia muitos investidores, nem para compra, nem para venda.

A ação da Cielo vai continuar subindo?

JP Morgam, Santander, Itaú BBA, BTG e Credit Suisse acreditam que sim. A ação, hoje cotada em R$ 5,33, pode chegar a R$ 7 segundo o JP e o BTG, a R$ 7,50 conforme o Credit, a R$ 6,50 para o BBA e a R$ 6 para o Santander.

"Olhando tecnicamente, a ação ainda tem potencial para crescer e voltar a valer o que valia antes desses anos de baixas. Resta saber se a empresa vai ter fundamentos, ganhos de mercado para isso", diz Loréga do PagBank.

Para Alexandre Milen, da Harami Research, de São José dos Campos (SP), o fim de ano promete ajudar ainda mais a Cielo. "O consumo está aumentando, temos a Black Friday, a Copa e o Natal pela frente", diz ele.

Outra frente que pode impulsionar os negócios da companhia é o acordo com a Meta, dona do Facebook, para captura e processamento de transações feitas por meio do WhatsApp.

Com esse acordo, as pessoas poderão fazer pagamentos a lojas, por exemplo, usando meios como cartões de débito e de crédito, por meio do aplicativo de mensagens, que já é usado para transferência de recursos entre pessoas.

Além disso, nesta semana o Banco Central estabeleceu limites de cobrança de taxas para operações com maquininhas de cartão.

A resolução, que passa a vigorar em 1° de abril de 2023, determina que a tarifa de intercâmbio (TIC), ou seja, a remuneração paga ao emissor do cartão a cada transação, terá o limite máximo de 0,5% a ser aplicado em qualquer transação de cartões de débito e 0,7% para cartões pré-pagos.

"Para a Cielo, que já estava focando na quantidade de clientes, e não mais no aumento das taxas, isso é positivo", diz Loréga.

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