É uma boa travar seu dinheiro por alguns anos e ganhar com juros altos?
Para quem pensa em investir no médio e longo prazo, aplicar em títulos prefixados pode ser uma oportunidade.
Selic pode cair. Os especialistas e analistas em investimentos agora recomendam ter os prefixados na carteira, já que a taxa básica de juros pode cair até dezembro.
Vale a pena no médio prazo. Ao investir em prefixados neste cenário, o investidor consegue travar hoje uma taxa alta de remuneração para aumentar os ganhos nos anos seguintes, em comparação com os títulos que seguem a Selic.
Qual a rentabilidade?
O Tesouro prefixado 2026 está com uma taxa de 10,50%. Já o prefixado para 2029 está com taxa de 10,85%, e o prefixado que paga juros semestrais e tem vencimento em 2033 paga 11,02%.
Essa rentabilidade, no entanto, só será paga para quem mantiver o título até o vencimento. Até lá, esses papéis vão sofrer a marcação a mercado e podem aumentar ou diminuir de valor.
Essas taxas são menores do que o Tesouro Selic paga hoje. O Tesouro Selic 2029 paga a Selic mais 0,183%, por exemplo, ou seja, 13,933%.
Porém, a Selic deve cair. O Boletim Focus, do Banco Central, prevê que a Selic chegue a 12,50% até o final de 2023, a 10% em 2024, e a 9% em 2025 e 2026.
Ou seja, o prefixado tem vantagem no médio prazo.
O que dizem os analistas
Troca do IPCA+ pelo prefixado. O Itaú BBA recomendou que os investidores fizessem uma atualização na carteira. A dica é resgatar o Tesouro IPCA+ com vencimento para 2029 e aplicar no prefixado com prazo para o mesmo ano.
A rentabilidade vai continuar positiva daqui em diante, mas será necessário manter o título até o vencimento. É o que diz Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa para pessoa física do Itaú BBA.
No curto e médio há espaço para aproveitar oportunidades do crédito prefixado. A analista de investimentos da Somma, Pamela Costa, indica ter uma carteira dividida entre papéis atrelados à inflação e prefixados.
Estamos entrando em um momento de discutir o corte dos juros. Talvez demore um pouco mais, mas o mercado já começa a fazer essa discussão de quando isso vai acontecer. As precificações de mercado vão apostando em um corte antecipado.
Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa para pessoa física do Itaú BBA
Títulos podem variar até o vencimento
Um dos riscos de investir no Tesouro Direto é ver o valor do seu título variar até o vencimento. Isso se chama marcação a mercado. Se, por um acaso, os juros subirem ainda mais nos próximos anos, o investimento contratado com uma taxa mais baixa no passado passa a perder valor.
Por isso, o ideal é manter o valor travado por alguns anos. Camilla Dolle, head de Renda Fixa da XP, diz que esse eventual prejuízo só acontece se a venda for feita antes do vencimento. Se não fizer o resgate antecipado, o investidor recebe exatamente o valor que pagou pelos papéis e mais a taxa contratada.
Prefixados não são unanimidade. Camilla Dolle, head de Renda Fixa da XP, diz que a indicação para o prefixado se mantém baixa na corretora. Ela diz que, apesar da queda da inflação e perspectiva de corte nos juros, o cenário econômico continua incerto no Brasil e no mundo, o que prejudica mais os prefixados.
Fique atento ao risco se investir na renda fixa. Se a escolha for investir em títulos de renda fixa privados, como CDBs, CRIs e CRAs, é importante verificar a qualidade da instituição financeira emissora, e não apenas para as remunerações elevadas. Quanto maior as taxas, maior o risco.
Prefixados já renderam mais que títulos fixados na inflação
Os prefixados renderam mais nos últimos anos que os títulos do Tesouro IPCA.
Variação é por causa da marcação a mercado. De acordo com o Tesouro Direto, os dois títulos que mais renderam no ano foram o Tesouro Prefixado com vencimento para janeiro de 2029 e o Tesouro IPCA+ com prazo para maio de 2045, com rentabilidade de 13,07% e 12,95%, respectivamente.
Rentabilidade dos prefixados:
Janeiro de 2026: 9,81% no ano e 14,81% em 12 meses.
Janeiro de 2029: 13,07% no ano e 16,01% em 12 meses.
Rentabilidade do IPCA+:
Janeiro de 2026: 4,94% no ano e 7,81% em 12 meses.
Maio de 2035: 11,27% no ano e 10,58% em 12 meses.
Maio de 2045: 12,95% no ano e 5,28% em 12 meses.
No curtíssimo prazo, o ideal é uma exposição adequada em ativos prefixados para ter maior possibilidade de carregar os papéis até o final do contrato sem a necessidade de resgates emergenciais que possam gerar prejuízos com eventual abertura da curva de juros [expectativa de juros maiores no futuro] no momento do resgate.
Pamela Costa, analista de Investimentos da Somma
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