Ação das Americanas despenca na Bolsa e já vale menos de R$ 1
As ações das Americanas (AMER3) estão em queda, depois que a varejista anunciou ter fechado um acordo com quatro bancos credores. A companhia receberá uma capitalização de R$ 24 bilhões. Desse total, R$ 12 bilhões virão dos acionistas de referência, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. O restante vem da conversão de dívida pelos bancos credores.
As ações estão em queda de 8,65% hoje, cotadas a R$ 0,95. Os papéis fecharam esta segunda-feira 27 em queda de 5,45%, cotados a R$ 1,04.
A rede de lojas prevê que, após a implementação, sua dívida bruta cairá para R$ 1,875 bilhão. No final de 2022, a empresa devia R$ 37,33 bilhões, segundo o dado mais recente. Mas o plano ainda precisa ser aprovado em assembleia com acionistas no dia 19 de dezembro.
Por que as ações caíram?
As ações irão valer menos. Como parte da dívida da empresa com bancos será trocada por novas ações, quem hoje tem papéis da empresa vai ver o valor desses ativos diluído proporcionalmente ao aporte. A empresa valia cerca de R$ 1 bilhão em valor de mercado. Com a capitalização de R$ 24 bilhões, as ações da empresa vão valer muito menos. "Ou seja, o valor da ação não refletirá mais o quanto a companhia vale", explica José Eduardo Daronco, analista da Suno Research. Assim, quem hoje tem ações da empresa está tentando se desfazer do papel.
Mas isso não significa que o mercado não aprovou o acordo. Especialistas do mercado financeiro acreditam que, sem esse aporte, a empresa não sobreviveria, diz Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos. "O aporte favorece o caixa da empresa", afirma.
O banco Safra, um dos principais credores da Americanas, discorda do acordo. O banco avalia que houve fraude na rede de varejo e que o acordo anunciado na véspera em que outros bancos aceitaram apoiar o plano de recuperação judicial da companhia prevê interrupção de investigações.
Americanas será menor daqui para a frente.
Com o consumidor endividado, os juros altos, a Americanas só pode sobreviver se diminuir. A empresa também venderia as redes de lojas Uni.co (Puket e Imaginarium) e Natural da Terra. Desde que entrou em recuperação judicial, a empresa demitiu mais de 10 mil funcionários. De janeiro a setembro, a companhia fechou 101 pontos de venda físicos em todo o Brasil. Atualmente, são 1.759 unidades próprias, entre Americanas e Hortifruti Natural da Terra.
Enxugar a estrutura é a única saída. É o que diz o analista da Suno. A empresa só tem condições de sair da recuperação judicial se esse número for drasticamente diminuído.
O plano de recuperação judicial precisa ser votado em 19 de dezembro. É o último dia antes do recesso da Justiça.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.